Enquanto o presidente da República prossegue desdenhando da pandemia, fazendo de si próprio um péssimo exemplo para toda a população brasileira diante dessa tragédia que se espalhou por praticamente todo o planeta, alguns governadores estaduais, embora dentro das suas limitações legais, procuram cuidar de combater o inimigo oculto.

Assim, vemos em São Paulo, por exemplo, um dos estados neste momento mais atingidos pela pandemia, um esforço do governador João Doria em prol da vacinação em massa dos paulistas, embora ainda incipiente para imunizar toda a população do nosso estado. E não lhe restou outra alternativa, senão oficializar que todas as regiões do estado de São Paulo devem entrar na fase vermelha do plano paulista, a partir da zero hora de sábado (6) e até 19 deste mês (este editorial foi redigido na sexta-feira, dia 5).

Há várias conclusões a serem tiradas disso, a primeira sem dúvida é a necessidade premente de segurar o avanço da Covid, dando tempo para que novas grandes quantidades da vacina salvadora sejam produzidas no Butantan e na Fiocruz ou adquiridas fora do país.

Temos de reconhecer, quem tem boa memória, que desde o início da pandemia, quando ainda não a chamávamos assim, já havia um perrengue entre o governo federal e o nosso governo estadual, que atrasou em muito a operação vacina. Agora, estamos aí correndo para compensar esse atraso, enquanto cada dia o número de vítimas mortais da pandemia cresce em todo o país.

Chegamos a imaginar, diante desse atraso nas providências que agora se fazem tomadas, como seria a nossa realidade se o país tivesse sido invadido por algum exército de outro país. É bem possível que já estaríamos neste momento totalmente entregues ao inimigo, sem qualquer reação diante da demora com que se tomam as decisões mais sérias em nosso país.

Agora, só nos resta torcer para que essa paralisação de muitas atividades empresariais/profissionais em nosso estado seja compensada pela diminuição de vítimas do estranho inimigo. E que, nesse meio tempo (duas semanas), muito mais pessoas (os mais passíveis de serem contaminados) estejam devidamente vacinadas, inclusive com a segunda dose, que é neste momento – acreditamos nós – a grande arma de que dispomos para inibir a ação do terrível vírus.

A partir daí e com a meta de vacinar todos os brasileiros, poderemos proclamar senão uma grande vitória, mas ao menos um enfrentamento de nossa parte com o inimigo desconhecido e muito provavelmente já derrotado (lá adiante) pelos esforços da ciência humana.

Que assim seja, que Deus nos ajude nessa difícil tarefa, onde, além do confronto do vírus com os humanos, há algo que ainda não sabemos mensurar se é pior do que isso: o confronto bestial entre os próprios humanos, que lutam entre si para tentar lá adiante obter vantagens eleitorais sem imaginar que até lá poderemos estar todos derrotados.


Sendo o PROPMARK um semanário concentrado em divulgar e comentar as atividades do marketing e da publicidade em nosso país, com algumas incursões inclusive no exterior, quando realizamos por exemplo a mais completa cobertura do famoso Cannes Lions, é extremamente dolorido para nós observarmos a redução dessas atividades em nosso país, nós que íamos tão bem nas mesmas, produzindo anunciantes campeões de vendas e servindo de modelo para outros países, inclusive economicamente mais avançados que o Brasil.

Pela nossa característica de amantes das artes e principalmente do que se produz de novo no setor, avançamos muito nos últimos tempos diante de países que até então ocupavam a dianteira, não apenas em festivais, mas também e principalmente nos resultados de vendas dos clientes das agências brasileiras ou aqui instaladas, com matriz fora do Brasil, mas que já haviam descoberto a riqueza da nossa capacidade de criar publicidade.

Aproveitamos esse comentário para sugerir a alguns grandes anunciantes brasileiros ou estrangeiros instalados também no Brasil que distribuam máscaras de boa qualidade aos compradores dos seus produtos, gratuitamente para todos ou através de concursos onde os vencedores receberiam como prêmio também máscaras contra o contágio.

Seria algo bem aceito pela população e sem dúvida um provável sucesso no marketing dos patrocinadores.


A matéria de capa desta edição não poderia deixar de ser uma homenagem especial ao 8 de março (data desta edição), Dia Internacional da Mulher. Nas atividades do marketing e mais especificamente na propaganda, há cada vez mais mulheres trabalhando, o que é ótimo para os resultados finais almejados pelos anunciantes. Principalmente no setor publicitário, que muito necessita da sutileza e delicadeza femininas, além da sua capacidade em se colocar no lugar do consumidor com sabedoria.

As leitoras – e também os leitores – gostarão deste especial que retrata a situação feminina no mercado de trabalho e nos cargos de lideranças das empresas. Citamos como exemplo Marcia Esteves, presidente da Lew’Lara/TBWA, que completa neste momento pouco mais de um ano de gestão, mas já deu outra cara à agência.

As fundadoras da More Grls, plataforma voltada à inclusão feminina no mercado de trabalho, Laura Florence e Camila Moletta, lembram que o plano de inclusão deve fazer parte do negócio das empresas e não ser tratado com projetos eventuais.


A Redação do PROPMARK teve a coragem necessária à profissão de produzir o balanço de um ano de pandemia. Parece que foi ontem que a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou a pandemia do coronavírus. Na próxima quinta-feira, dia 11, fará um ano que a notícia, embora esperada, abalou o planeta. A maioria achava que ia passar rápido, mas a realidade está sendo outra: o contágio pela Covid-19 ainda é alto, morrem muitos e como diz nossa editora, Neusa Spaulucci, a vacina anda a passos de tartaruga.

Com tudo isso, as mudanças foram e ainda são radicais e muitas delas para sempre, o que leva alguns segmentos a repensar desde a ocupação de espaços físicos e o uso aloprado da tecnologia, até o consumo de produtos.

Quem diria que tudo isso aconteceria em um curto espaço de tempo? Os desafios foram grandes, como o de encarar o home office para tirar as pessoas de circulação. No frigir dos ovos, porém, o mercado brasileiro se virou, conseguiu se adaptar e agora faz um balanço positivo, ainda que amargando a tristeza de milhares de vidas perdidas por conta da pandemia.


Fechamos o Editorial chamando a atenção do leitor para a fusão da BETC Havas com a Havas Plus. A agência, que manterá o nome BETC Havas, terá Erh Ray como CEO.