Jamais imaginamos que, nos 55 anos de vida ininterrupta deste jornal especializado, fossemos abrir o Editorial com a frase acima. Mas, os leitores hão de concordar que é a mais pura verdade, nunca antes imaginada por qualquer um de nós.

Nesta última edição impressa do ano, o editor recorda os ensinamentos da sua mãe, que gostava de lembrar palavras e mesmo frases que ouvira na casa dos seus pais, repletas de sabedoria. Uma delas cabe neste momento que ainda não superamos entre nós: “Enquanto o médico pensa, o doente morre”.

Desde o início da pandemia do coronavírus, travou-se no Brasil uma batalha sobre como combater o inimigo invisível e cruel, com várias correntes de opiniões abalizadas (médicos e cientistas em geral) chocando-se entre si.

Aqui no Brasil, onde a política costuma estar presente em todos os momentos de cidadania, a batalha foi cruel e até hoje, já em tempo de vacina (com alguns países dando início à vacinação em massa da sua população), as autoridades se desentendem sobre o modus operandi do fabrico e da aplicação do remédio imunizador.

É de chorar a pasmaceira que nos impigem, com inclusive o Supremo tendo de decidir se a Terra é mesmo redonda.

Enquanto isso, vamos perdendo vidas preciosas, sem sabermos ao certo quando se dará início à vacinação da população, com grande parte dela já não mais precisando, infelizmente, da vacina imunizadora, pois não resistiu aos ataques invisíveis do coronavírus e nos deixou, legando-nos uma perplexidade bem própria da nossa história.

Além das milhares de vidas perdidas diariamente que a nossa televisão coloca no ar toda noite, em um balanço macabro e assustador, resta-nos a nós, ainda sobreviventes, o apressamento da vacinação imunizadora, onde autoridades estranhas às ciências médicas resolveram também se intrometer, aumentando a batalha política que passamos a viver e fazendo-me mais que nunca lembrar das palavras da minha mãe, nas primeiras linhas deste editorial.

Além das milhares de mortes ocorridas pela ação da Covid-19, temos um país que retrocedeu em muito a sua economia nos últimos meses e não sabemos quanto tempo levaremos para voltar ao ponto do início da ação do coronavírus entre nós.

Somos uma publicação do meio publicitário e estamos torcendo para que o mercado volte ao normal já no início de 2021, com as agências criando belas e funcionais campanhas e até mesmo anúncios e comerciais isolados, ajudando dessa forma a recuperação mais rápida da nossa economia.

Que os clientes-anunciantes compreendam isso e deem toda força possível a elas, que saberão fazer a sua parte, torcendo para que enquanto isso todos sejamos devidamente vacinados, esquecendo com o passar do tempo que um dia, que está quase se transformando em um ano, fomos vítimas (como outros países, que agiram mais rapidamente que o nosso nas providências de contenção da doença) de uma pandemia, com a qual mal soubemos lidar nos seus primeiros meses instalada em nosso país, servindo antes de tudo ao acirramento de confrontos políticos de estarrecer.


Fazemos questão de reproduzir neste Editorial sábias palavras de um sábio senhor publicitário, Humberto Mendes, em uma espécie de chamada para o seu livro lançado pela web: “Durante esses mais de 200 dias de confinamento ‘covidiano’, refleti sobre muita coisa relacionada com a nossa atividade, a propaganda, e seus problemas de perda de relevância e de valores éticos, morais e profissionais. Sobre os nossos desgovernos, que nada fazem para minimizar nossos problemas de saúde, educação, meio ambiente e muitas outras questões, como um grave e quase incontrolável problema, que as mulheres estão vivendo no mundo, inclusive no Brasil. Trata-se de um crime chamado feminicídio e como o poder público, em todos os níveis, pouco ou nada faz para resolver a situação, penso que cabe a cada um de nós não calar sobre esse assunto. É isso que estamos fazendo neste nosso livro Gente como você, lançando-o pela internet”.


O PROPMARK presta uma homenagem especial a Oscar Colucci, que não resistiu aos ataques da Covid-19, como tantos outros profissionais de comunicação espalhados por todo o país.

A morte de Colucci consternou-nos a todos, pela figura exemplar e amiga que sempre foi.

Nossos pêsames à família.


Esta é a última edição impressa do PROPMARK este ano. Voltaremos a circular dia 11 de janeiro de 2021, torcendo para que até lá já tenha se iniciado a vacinação contra o coronavírus em nosso país, mantendo as chamadas altas autoridades um pouco mais a distância de uma situação que deve ser mais científica do que política.


Registramos para o leitor que semanalmente nos honra com a sua leitura os destaques desta edição:

  • Retrospectiva 2020, trazendo os principais fatos e acontecimentos do ano no mercado de comunicação.
  • Entrevista com Eduardo Schaeffer, diretor de Negócios Integrados em Publicidade da Globo.
  • Matéria com a divulgação dos vencedores do Prêmio Veículos de Comunicação 2020.
  • Matéria sobre os ganhadores de O Melhor Comercial do Brasil 2019, premiação de iniciativa do SBT.
  • Matéria com Marcia Esteves, fazendo um balanço do seu primeiro ano como CEO da Lew’Lara/TBWA.

A equipe PROPMARK deseja a todos um 2021 melhor do que este 2020, com tantas lágrimas derramadas sobre vidas perdidas.