Emissora regional mantém sotaque, mas vai além da fronteira

Com os mais diferentes sotaques, as rádios regionais preparam uma programação especial para atender aos mais diversos anseios da população das cidades em que estão inseridas. Com informações e músicas locais, as emissoras reforçam a eficácia de uma comunicação regionalizada.

Cyro Silveira Martins Filho: “Devemos pensar grande”

Segundo Cyro Silveira Martins Filho, gerente-executivo de jornalismo da Rádio Gaúcha, o localismo é um dos diferenciais de uma programação regional. “Devemos pensar grande para o público de nossa aldeia. Investimos pesadamente em recursos humanos e tecnologia para fazer todas as coberturas que sejam importantes para os nossos ouvintes, que vão desde o buraco de rua que incomoda um único bairro de Porto Alegre até a morte de um papa ou um desastre internacional, para que todas as informações cheguem aos ouvintes com o sotaque de quem é sua companhia diária”, afirma.

Criar uma relação de confiança e credibilidade entre os locutores e os seus ouvintes também é um dos desafios das emissoras, que buscam realizar uma comunicação mais segmentada para agradar a um maior número de pessoas.

“A rádio regional não é só mais eficaz com seus ouvintes, mas também nas músicas que oferece, na grade de sua programação e com a própria mensagem publicitária que entrega. O rádio é um meio com uma alta capilaridade e os regionais conseguem ser ainda mais capilares, pois trabalham uma comunicação mais segmentada e efetiva”, revela Luís Moreira, gerente-executivo do segmento de rádios da Rede Bahia.

Segundo os executivos, além de uma maior sintonia com o público, a rádio local tende a ser mais acessível ao anunciante. “A Gaúcha é atraente e eficaz tanto para o anunciante local quanto para as grandes marcas nacionais e multinacionais que tem entre seus parceiros comerciais”, afirma Martins Filho.

Luís Moreira: há opções que vão além da mídia tradicional

Já para Moreira, a rádio popular pode oferecer aos anunciantes opções que vão além da mídia tradicional. “Aqui conseguimos fazer ações promocionais customizadas, trabalhando em bairros segmentados para incrementar as vendas e complementar a campanha do cliente. Hoje, cerca de 70% dos nossos anunciantes são locais e 30% nacionais”, explica.

Atualmente, com a era digital, o rádio vem se reinventado e passando por várias mudanças tecnológicas. A interação, antes realizada com os ouvintes por meio de cartas e telefonemas, hoje é feita por e-mails e redes sociais. “Essa coisa do interativo, imediato e inovador, que se relaciona muito com a web nos dias de hoje, sempre foi uma das premissas do rádio. Essa comunicação ‘one to one’, que se valoriza na internet, já era feita há muito tempo, quando o locutor conversa ou manda um beijo para o ouvinte. E isso não tem preço, é uma relação muito próxima de cumplicidade”, comenta Moreira.

Mas não foi só na interação que a comunicação ficou mais tecnológica, as plataformas de streaming também chegaram para revolucionar a forma de ouvir música. Segundo Moreira, assim como a chegada da televisão não acabou com o rádio, o digital também não o fará.

“O streaming veio, no caso das rádios, como um catalisador de audiência. Hoje, nosso público não se restringe a 20 e poucos municípios, ele é do mundo. Temos ouvintes na Índia, Estados Unidos e Cazaquistão. Temos playlist tematizadas em nosso aplicativo, estamos com especiais no Spotify, enfim, o streaming veio para ampliar a nossa capacidade de audiência e cruzar fronteiras. Porém, o rádio ainda possui uma vantagem perante as plataformas de músicas, além de informar, ele te surpreende. O ouvinte nunca sabe qual vai ser a próxima música. Isso ninguém vai tirar do meio”, finaliza.