Empenho da cadeia produtiva eleva desempenho do agronegócio
Poucos segmentos da economia tiveram desempenho positivo durante a pandemia, causada pela Covid-19. A grande maioria, na verdade, amarga alguns pontos para baixo da linha aceitável de sobrevivência. Não é o caso do agronegócio, que surpreendeu com performance acima do mercado geral. E de onde veio esse desempenho?
Para Eduardo Daher, diretor-executivo da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), veio da força de trabalho e do enfrentamento de uma situação que empurrou ainda mais o setor, que experimenta há vários anos boa performance. É o que mostra este Especial Agronegócio nas próximas páginas.
O leitor vai ver que o agro experimenta vários trimestres operando no azul. “Mérito do produtor rural. O dólar e o governo também favoreceram o impulso interno”. No entanto, as queimadas e o desmatamento prejudicam e muito o setor.
O agro é bem recebido pela sociedade, porém o fogo na mata atinge em cheio a imagem do setor, dentro e fora do país. Ele afirma que o meio ambiente e o agro são siameses. “Levamos muito tempo para construir uma imagem positiva”. Ele acredita que será bem trabalhoso reconstruí-la. Segundo o executivo, a causa indígena, os incêndios e a derrubada das matas são assuntos de polícia, porém atrapalham o agronegócio.
Jorge Espanha, presidente da ABMRA (Associação Brasileira do Marketing Rural e Agronegócio), também acredita que os produtores se empenharam ao máximo, durante a pandemia, bem como os “19 milhões de trabalhadores no agronegócio e as milhares de empresas que, juntas, compõem uma cadeia produtiva fantástica, responsável por 23% do Produto Interno Bruto, e fornece alimentos para a população brasileira e para mais de 200 países”.
“Enquanto indústria e serviços encolheram, a agropecuária está crescendo 2,5% em 2020, segundo o IBGE. Quanto às exportações, certamente ultrapassaremos a barreira dos US$ 100 bilhões comercializados no exterior. O agronegócio, dentro e fora da porteira, pode chegar a cerca de 30%, quando avaliamos serviços, indústria e negócios periféricos à agricultura e à pecuária como parte deste PIB”, revela.
Ele também lamenta os problemas que enfrenta o homem do campo, com as queimadas e os desmatamentos. Espanha pede que os responsáveis sejam identificados e punidos com rigor. O executivo garante que o produtor rural brasileiro não compactua com as queimadas criminosas.
Os responsáveis por elas, segundo o executivo, são pessoas que querem ganhar no curto prazo e não se preocupam com os impactos no médio e longo prazos. Sobre o desmatamento, segue a mesma linha de raciocínio. “Há no país cerca de 5,1 milhões de produtores rurais (dados do IBGE).
Roberto Betancourt, diretor do departamento de agronegócio da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo), é o personagem da Entrevista desta edição e destaca que a essencialidade e o papel estratégico do setor foram os principais responsáveis pelo desempenho acima dos demais setores da economia durante o isolamento social provocado pela pandemia.
“Trabalhou-se muito, de forma organizada, sistêmica, com todos os controles sanitários e cumprindo os protocolos de saúde para atender à demanda crescente por alimentos, fibras e energia no Brasil e no mundo. Segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Valor Bruto da Produção Agropecuária deve ser da ordem de R$ 806,6 bilhões em 2020, resultado 11,5% maior que o de 2019”, relata Betancourt.
O Especial Agronegócio traz ainda matéria sobre a TIM, que investe em campanha para destacar a sua cobertura 4G no campo. Também encontra reportagem sobre programas dedicados à produção rural.