Empresas dispõem de dados que precisam ser interpretados
“Às vezes, o que poderia ser um remédio com efeito benéfico pode envenenar.” A frase é de Maurício Andrade de Paula, senior industry consultant da Teradata para as indústrias de Varejo, Manufatura, E-Commerce e Telecom, comentando sobre o excesso de informações e dados que as empresas dispõem hoje com auxílio das novas tecnologias.
Segundo Maurício, se o grande volume de informações não for bem administrado e interpretado pode levar a uma conclusão errada e nortear estratégias equivocadas. “Se não for bem usado, o gestor pode tomar uma decisão errada em cima do volume de dados. E na prática não tem nada a ver com a realidade”, comenta.
Um estudo global patrocinado pela Teradata, empresa de Big Data, análise de dados e aplicações de marketing, revelou um desalinhamento entre como os CEOs e os executivos subordinados veem os benefícios das atuais iniciativas de uso dos dados por enxergar os dados de forma diferente. Essa falta de alinhamento na estratégia de dados compromete a competitividade da empresa.
“Em tese, quanto mais dados melhor. O que a gente acaba notando é que, dada a complexidade e o desencontro das informações, a visão que o board da empresa tem é diferente do que a equipe tática e operacional tem. O que deveria ser bom acaba virando contra porque tem acesso e jeito de olhar diferentes. Muitas vezes isso até leva a falhas no direcionamento. Muitas empresas não têm tido sucesso no quesito de realização”, comenta Paula.
Segundo Chris Twogood, vice-presidente de produtos e serviços de marketing da Teradata, as organizações são bem-sucedidas quando as visões sobre as estratégias de dados e sobre a liderança são compartilhadas, e os benefícios dessas iniciativas são constantemente monitorados e, fundamentalmente, ligados a metas e resultados de negócios da empresa.
O novo momento faz com que as empresas orientadas a dados promovam mudanças culturais e mudem inclusive o perfil dos profissionais que contratam. Por exemplo, as oportunidades para o cargo de analytics estão se expandindo.
“Hoje se tem mais informação. É preciso desenvolver a capacidade de analisar essa informação toda. As empresas precisam ter um estilo de profissional que tenha condições e capacidade analítica de lidar com isso. O perfil do profissional, principalmente de análise, precisa sofrer modificação”, avalia Mauricio.
“Muitas empresas estão querendo entender esse novo papel, incorporar esse tipo de competência. Ter um ou mais profissionais competentes e orientados para este tipo análise e conclusões que possam ajudar a tomar as melhores decisões. Esse profissional é o cientista de dados. Para nós, no Brasil, ainda é muito novo. Mas lá fora já é um cargo bem difundido”, comenta.
A nova geração que está se formando vai assumir funções deste tipo, adianta o executivo. “Ainda não existe formação de fato nesta área. Os executivos assumem essa função por experiência em análise de dados. É um misto da turma de estatísticas, da matemática, da ciência aplicada ao negócio”, diz de Paula.
O grande problema hoje, na visão do senior industry consultant, é que quando as empresas crescem é natural que a complexidade da empresa aumente, pois a companhia passa a atuar em mais mercados e o volume de dados aumenta muito.
“Existe hoje a capacidade tecnológica que permite que mais dados sejam gerados e analisados. Se as duas coisas não se encontrarem e fizerem um trabalho adequado, isso acaba atrapalhando. Em vez de dar um resultado mais claro, vai criar uma neblina e não vai gerar uma visão clara”, comenta.
A pesquisa realizada pelo The Economist Intelligence Unit mostrou que 47% dos CEOs acreditam que todos os funcionários têm acesso aos dados que precisam, e apenas 27% dos entrevistados confirmam essa crença. Da mesma forma, 43% dos CEOs acreditam que os dados relevantes são disponibilizados e capturados em tempo real; a mesma resposta ocorreu com apenas 29% dos outros entrevistados. Os CEOs também estão mais propensos a acreditar que os colaboradores extraem insights relevantes a partir dos dados (38%), mas essa afirmação só ocorreu na resposta de 24% dos entrevistados, e em 19% das respostas de alguns presidentes e vice-presidentes.