Empresas do Rio Grande do Sul se adaptam para manter operações
Segundo dados da Defesa Civil, mais de dois milhões de pessoas foram afetadas e 538.245 pessoas desalojadas
As enchentes que assolam o Rio Grande do Sul já afetaram mais de 2 milhões pessoas em 446 municípios, e fizeram 149 vítimas. De acordo com a Defesa Civil, o estado ainda tem 112 desaparecidos, 806 feridos, 538.245 pessoas desalojadas e 79.494 em abrigos. Desde o início das operações de enfrentamento à tragédia, 76.483 pessoas e 11.002 animais foram resgatados.
Diante disso, empresas precisaram pausar operações ou adaptar a rotina. As agências gaúchas também foram afetadas e, segundo o Sistema das Agências de Propaganda no Rio Grande do Sul (Sinapro-RS), o setor sofrerá um grande impacto.
"O impacto vai ser alto, porque estamos com um problema de infraestrutura. A principal rota aérea do Rio Grande do Sul é o aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, que não vai operar por um longo período e a dificuldade nas rodovias também é grande. Algumas rodovias não têm mais pontes, porque a água destruiu a passagem. É um momento muito crítico para todos os diretores e gestores de agências. Muitos tiveram colaboradores e clientes afetados", afirma Juliano Hennemann, presidente do Sinapro-RS.
O Sinapro-RS pretende realizar uma pesquisa para entender com mais precisão o momento atual das agências do estado. "Ainda falta nitidez sobre o cenário das agências, por isso estamos fazendo um levantamento específico com a visão do ambiente de negócios para a tragédia, levando em conta diferentes questões", complementa Hennemann.
A Gerdau retomou parcialmente as operações com a asseguração dos níveis de segurança necessários para a volta de algumas atividades, de acordo com nota divulgada pela empresa. A companhia está oferecendo apoio aos colaboradores e familiares, segue realizando doações para as comunidades locais, além de mobilizarem o envio de água potável e helicópteros em apoio à logística e entrega dos mantimentos.
Ainda segundo a nota, a Gerdau viabilizou espaço e energia elétrica para a instalação de uma estação de tratamento de água na unidade em Sapucaia do Sul, além de manter diálogo com autoridades e órgãos locais para contribuir na superação dos impactos.
As Lojas Renner precisaram fechar temporariamente algumas lojas que foram diretamente afetadas, enquanto outras passaram a operar com equipe e horários reduzidos, segundo comunicado da empresa, menos de 2% do total de unidades da companhia estavam fechadas. Os centros de distribuição não ficam localizados no estado, portanto o impacto do fornecimento de produtos vindos da rede de parceiros é imaterial. Os escritórios das Lojas Renner em Porto Alegre adotaram a prática do home office como prioridade.
A companhia adotou medidas de acolhimento, liberação e flexibilização de trabalho voltadas ao time, apoio aos colaboradores que residem em locais atingidos, com suporte psicológico gratuito e suporte financeiro com antecipação de férias e do 13º salário, assim como auxílio emergencial às pessoas com perdas relevantes. Além disso, as Lojas Renner estão apoiando diretamente nos resgates, realizando doações e transformando diversas lojas em pontos de coletas de doações.
A Tramontina ainda está analisando a situação e tentando prever como poderá atuar no momento de reconstrução. A empresa afirma que nenhuma fábrica localizada no Rio Grande do Sul foi afetada em termos de infraestrutura, porém a operação precisou ser adaptada diante da tragédia. "Estamos enfrentando dificuldades no recebimento de matérias-primas e insumos necessários para a produção. Na Serra gaúcha, um dos maiores impactos é exatamente no sistema logístico devido ao comprometimento de estradas e vias urbanas", afirma José Paulo Medeiros, diretor da Tramontina.
A companhia informou que as fábricas Tramontina Cutelaria e Teec, ambas em Carlos Barbosa, estão paralisadas com 4 mil funcionários em férias coletivas. As fábricas Tramontina Multi e Eletrik, também em Carlos Barbosa, e Tramontina Farroupilha e Garibaldi, nos municípios homônimos, seguem operando.
A Multi liberou 10% do efetivo para férias ou regime de home office. As fábricas Multi e Farroupilha também começaram a enfrentar dificuldades no abastecimento de gases, como hidrogênio e nitrogênio. Já a unidade Madeiras, em Encruzilhada do Sul, não sofreu impactos na rotina de produção. As demais unidades da região Sul seguem operando, já que não dependem de transporte dos locais afetados. O escritório central, localizado em Carlos Barbosa, segue com a operação presencial permitindo home office para os colaboradores que precisarem.
A unidade de pesquisa e desenvolvimento da Vulcabras, localizada na cidade de Parobé, não foi afetada diretamente. Porém, a companhia afirmou em nota que está realizando o monitoramento constante de funcionários e familiares, visando garantir o amparo necessário. A empresa está realizando doações e em contato com clientes para entender como podem apoiá-los nesse momento.