"Erramos", diz Nubank sobre fala envolvendo contratação de negros
A declaração de Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, sobre a contratação de negros segue rendendo.
Feita no último Roda Viva, na segunda-feira (19), a fala provocou a publicação de uma carta dos cofundadores no blog oficial da empresa admitindo o erro.
“A diversidade foi sempre, sim, parte da nossa cultura. O equívoco foi achar que ter o valor por si só bastava”, argumentam David Vélez, fundador e CEO do Nubank, Edward Wible, cofundador, além da própria Cristina Junqueira.
“O erro foi achar que as coisas vão se resolvendo sozinhas, pela própria comunidade de Nubankers, organicamente, sem esforços contínuos e investimentos da liderança”, explicam os executivos.
“Erramos. A diversidade étnico-racial é um desafio muito maior e mais complexo do que imaginávamos. Passamos os últimos dias em conversas com a comunidade negra de Nubankers, com ativistas negros de fora do Nubank e também com nossos clientes”, assumem.
Como ações efetivas, a empresa anuncia uma parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) “como primeiro passo nessa jornada de aprendizado e transformação. O objetivo é ampliar nosso entendimento sobre o tema, firmar nosso engajamento público e contínuo e acelerar a promoção da igualdade racial no Nubank.”
“Decidimos também dobrar o tamanho do time interno dedicado a recrutar profissionais de grupos sub-representados em todas as posições e níveis da empresa e reforçar a busca por lideranças negras para nos ajudar nesse processo”, revelam.
Entenda
O debate começou quando a executiva foi perguntada sobre ações afirmativas para colocar negros na liderança da empresa. Cristina explicou que há grupos focados na contratação de minorias sub representadas para todos os níveis da companhia, mas que o Nubank é exigente.
“A gente ainda tem a exigência do inglês. Algo que, muitas vezes, pode inclusive ser uma barreira. Então, o que a gente tem feito é investido em formação”, explicou.
O problema veio depois. Ao ser questionada se o alto grau de exigência não seria uma barreira de entrada, Cristina disse que não dava para “nivelar por baixo”.
“Por isso que a gente quer fazer esse investimento em formação. A gente criou um programa gratuito, que chama ‘Diversidados’, em que a gente vai ensinar a ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso e a gente vai capacitar essas pessoas. Não adianta a gente colocar alguém para dentro que depois não vai ter condição de trabalhar com as equipes que a gente tem”, afirmou a cofundadora do Nubank.