Ale Oliveira

O Festival de Cannes promoveu intensas mudanças em sua estrutura para 2018. Realizado em apenas cinco dias, o evento teve júri menores, menos delegados e as inscrições caíram 21%, para 32.372 peças. Adotou, também, a estrutura com nove tracks, que organizam as categorias, seminários e demais eventos sob a mesma temática.

“As novas regras e suas consequências ajudaram a rejuvenescer o Festival de Cannes, trouxeram mais clareza aos julgamentos”, analisa Mark Tutssel, chairman criativo da Leo Burnett. Mas mais importante que isso, afirma o publicitário, elas apontaram novamente para a volta do real valor dos Leões.  “Temos que valorizar o que esse festival representa, e tomar cuidado para não ir em outras direções, para tudo o que está em volta do Palais. Este prédio, o Palais, é o coração do festival de Cannes. E se você não passar 24 horas do seu dia aqui, estará fazendo um desserviço a você mesmo”, resume o publicitário.

Ele acredita que, para os próximos anos,  a organização do festival deve ir atualizando o evento, de acordo com as novas demandas da indústria. “Cannes deve mudar constantemente para refletir o que fazemos e ser um resumo da forma como trabalhamos na publicidade. E valorizar a criatividade, que é um dos assets mais valiosos do ambiente de negócios. Porque Cannes, no final das contas, é o coração de nossa indústria”, afirma Tutsell. Ele presidiu o júri de Sustainable Development Goals Lions.  

Líder do júri de Titanium Lions,  Colleen DeCourcy, sócia e diretora global de criação da Wieden+Kennedy, elogiou a estrutura menor dos júris. “Estive em uma sala com outras nove pessoas. Antes, era um júri muito grande e, agora, pode-se perceber um nível melhor de conversa. Também gostei das apresentações ao vivo  das ideias, o que acaba com discussões sobre se o trabalho é real ou não”, analisa. “Isso é ótimo, porque evita “blind entries” (algo como “fantasmas”). Vivemos um momento na indústria em que temos que ter muito cuidado com o que fazemos pelo mercado”, reflete.