Os podcasts da era dos iPods não tinham o tom disruptivo dos atuais. Estudo realizado pela Kantar mostra que 50 milhões de brasileiros já foram expostos à mídia que se diferencia das demais, como explica Pedro Waengertner, CEO da consultoria ACE, devido à sua hipersegmentação. Pedro é o âncora do podcast Growthaholics, disponível nas plataformas de streaming Spotify, Apple Podcast, Pocket Casts e Stitcher. “Do mesmo jeito que as rádios passaram a transmitir nas redes sociais, usar os podcasts como caminhos adicionais pode ser uma opção. Exemplos desse movimento são Jovem Pan, que tem canal no YouTube, e CBN, que tem uma série de podcasts”, ressalta Waengertner.

Luciano Potter é um dos podcasters dos canais do RBS (Divulgação)

Por ser on demand, o podcast pode ser acionado em micromomentos, como na hora da ginástica. “Esconder o podcast é ir contra a maré de consumo”, diz o comunicador Luciano Potter, da RBS.

Por que o formato ganhou tanta projeção? Potter responde: “Porque a internet brasileira está melhorando e as pessoas começaram a sacar os podcasts. O meu sogro, dia desses, descobriu o Presidente da Semana, da Folha de S.Paulo, do Rodrigo Vizeu. Pronto. Escutou todos. A tendência é muita gente achar o seu nicho de programas e nunca mais largar.”

Pedro Waengertner, da ACE, comanda o Growthaholics (Divulgação)

Potter comanda outros podcasts. Tem o Atlflix que é sobre séries. Era Uma Vez no Oeste, ele apresenta com Magro Lima e Daniel Scola. O Podcast Friends é feito junto com Barbara Saccomor, Juju Massena e Magro. “E os programas de rádio que viraram produtos podcast e estão sempre entre os mais escutados do Spotify: Pretinho Básico e Bola nas Costas”, explicou o apresentador do Potter Entrevista, que tem o patrocínio da Warren.

Repórter internacional da RBS e apresentador do programa E Eu com o Mundo, Rodrigo Lopes entende que o podcast é uma extensão do rádio, mas com outra lógica de produção, distribuição e consumo. “Por um lado é extensão porque guarda similaridades: formato de áudio, uso de voz e trilha como elementos jornalísticos, permitindo muitas vezes ampliar conteúdos transmitidos inicialmente pela mídia rádio. Sendo assim, é possível explorar, sem limitação de tempo e formato, bastidores de reportagens, entrevistas com maior profundidade ou utilizar-se de recursos que nem sempre são aproveitados no formato original. Por outro lado, podcast é mais do que apenas uma extensão do rádio. É uma nova forma de produzir conteúdo por meio do áudio, que exige uma arquitetura informativa diferenciada: o formato não precisa necessariamente ser de breaking news”, argumentou Lopes.

Rodrigo Lopes apresenta o podcast E Eu com o Mundo (Divulgação)

Aderente a todas plataformas de mídia, o podcast é uma experiência para o ouvinte, nas palavras de Roberto Araújo, da Jovem Pan. “É um formato versátil que, para nós que fazemos rádio há 75 anos, não foi difícil de aprimorar e desenvolver narrativas capazes de estabelecer conexões com os nossos diferentes perfis de ouvintes. É no podcast que conseguimos estabelecer a personalização da experiência massiva do rádio. É uma experiência individual para o ouvinte, que escolhe o assunto, a hora de consumir conteúdo e, principalmente, a plataforma que ele melhor se adapta.”

O Spotify tem alguns dos podcasts mais famosos, entre os quais o Papo Torto, com PC Siqueira, Gus Lanzetta e Julio Pacheco. E virou benchmark. O Assunto, com Renata Lo Prete, da Rede Globo, é opção no G1 ou aplicativo.