ESPM amplia parceria com escola de jornalismo da Columbia

Na semana passada, o presidente da ESPM, J. Roberto Whitaker Penteado, e o vice-presidente do Conselho Deliberativo da escola, o publicitário Roberto Duailibi, visitaram uma das mais prestigiosas escolas de jornalismo do mundo, a Graduate School of Journalism da Columbia University. “Em outubro de 2011 firmamos um acordo de exclusividade com a Columbia para a publicação da versão brasileira da Columbia Journalism Review (CJR), que deu origem à Revista de Jornalismo ESPM”, comenta Whitaker Penteado.

Desde o seu lançamento, em abril de 2012, a Revista de Jornalismo ESPM produziu reportagens memoráveis, a partir do material fornecido pela CJR e de uma boa dose de conteúdo nacional, como a reportagem especial “Para que serve o jornalismo?” (edição nº 8) ou ainda a série “O futuro da mídia” (nº 4) e “O jornalismo pós-industrial” (nº 5).

No ano passado, a publicação brasileira ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria Melhor Contribuição à Imprensa. “Agora, nosso objetivo é estreitar ainda mais os laços dessa parceria internacional, ampliando o intercâmbio de profissionais e alunos das duas instituições de ensino e a troca de conteúdo entre o Brasil e os Estados Unidos”, revela o presidente da ESPM.

Durante o encontro na Columbia University, Steve Coll, reitor da Graduate School of Journalism, destacou a importância dessa união estratégica. “Estamos investindo cada vez mais em projetos de internacionalização. Isso significa que nosso acordo com a ESPM deverá render muitos frutos nos próximos anos.”

Entre as novidades previstas para 2015 está a aula inaugural que Coll irá ministrar no curso de Mestrado em Jornalismo da ESPM, previsto para ser lançado no segundo semestre do próximo ano. Autor de sete livros de não-ficção e vencedor de dois prêmios Pulitzer, o reitor da Graduate School of Journalism tem muita história para contar no campo do jornalismo investigativo. Uma delas é a saga da milionária família muçulmana de Osama bin Laden e sua relação com os círculos de poder político, econômico e cultural dos Estados Unidos.

O resultado dessa minuciosa investigação, baseada em mais de 150 entrevistas feitas por Coll, está descrito no livro “Os Bin Laden – Uma família árabe no século norte-americano” (Globo Editora, 2008). Antes de assumir o comando da faculdade de jornalismo da Columbia, ele foi correspondente internacional e editor do Washington Post, de 1998 a 2005.

Hoje, ele escreve sobre política internacional e segurança nacional na revista The New Yorker, além de ser professor da cátedra Henry Luce –  empresário que fez história no universo da comunicação ao criar grandes revistas americanas, como a Time e a Fortune.

Tal fato fez o publicitário Roberto Duailibi lembrar uma das máximas de Luce: “Se você fizer um jornal pensando somente no anunciante, não terá nem o leitor, nem o anunciante. Agora, se fizer um jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes”.

David Klatell, responsável pela área de estudos internacionais da Graduate School of Journalism, garante que essa máxima é verdadeira para a escola como um todo. “A orientação da nossa escola é pensar sempre no leitor e no jornalismo como prestação de serviço, principalmente no caso do jornalismo investigativo, uma das especialidades da Columbia.”

Klatell lembra ainda que o momento é propício para o surgimento de cursos superiores de jornalismo em universidades ao redor do mundo. Mas que a baixa valorização da profissão e a lacuna entre academia e mercado emperram o processo em algumas localidades. “Este não é o caso do Brasil, que vive um bom momento democrático, o que facilita a execução de projetos relacionados ao jornalismo.”

Em artigo publicado na edição 4 da Revista de Jornalismo ESPM, ele relembra uma passagem curiosa que marcou a prática da atividade. “No passado, muitas universidades tentaram rejeitar, modificar ou atrasar o estabelecimento de uma escola de jornalismo”, explica o profissional. “Harvard e Yale, por exemplo, recusaram a oferta de Joseph Pulitzer para fundar uma escola e um prêmio de jornalismo, antes de ele procurar a Columbia – que o fez esperar quase seis anos antes de aceitar, sem muita motivação, a sua proposta.”

Cem anos depois, a Graduate School of Journalism e o prêmio Pulitzer são duas das maiores referências do setor. “As escolas de jornalismo do futuro – e aqueles que regulam, gerenciam e participam delas – devem se dedicar a uma filosofia de educação que reconheça como finalidade última da escola aprimorar a democracia por meio do livre fluxo de informações e notícias interessantes, precisas e importantes”, afirma Klatell, que acredita nessa parceria entre a Columbia e a ESPM, tanto que mantém em sua sala, no escritório americano, a coleção completa da Revista de Jornalismo ESPM. O acervo está perto de um quadro do primeiro alfabeto fenício, que ele trouxe da Jordânia. “Sempre olho para essa placa e penso: foi aqui que tudo começou!”