ESPM debate a crise econômica e política brasileira
José Francisco Queiroz (de pé) defendendo sua posição
Na última quarta-feira (14), a ESPM realizou, em São Paulo, o debate “Brasil: da euforia à depressão, onde fica a razão?”. José Francisco Queiroz, vice-presidente de marketing e comunicação da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello, doutora em economista e professora da ESPM, e Leonardo Trevisan, doutor em Ciência Política e professor da ESPM, foram os participantes do evento, que contou com a mediação de Mario Rene, coordenador do recém-lançado curso de graduação em Ciências Sociais e do Consumo.
“O Brasil não merece estar na situação que se encontra. Já passamos por diversas crises, algumas até piores do que esta, e queremos levantar uma discussão acerca do que pode ser feito”. Foi com esta fala que Rene, vestindo uma camiseta amarela em homenagem ao País e, coincidentemente também é a cor do curso que lidera, abriu o debate.
Pra Cristina, a situação é preocupante, mas não se trata de um fenômeno brasileiro. “Washington discute, todos os dias, o problema da desindustrialização que afetou o país. Passamos por situação semelhante aqui, mas não se debate isso”. Cristina destacou ainda a queda da China e o desemprego da Espanha, além de trazer um panorama completo sobre a situação econômica brasileira, que levaria o país à situação que se encontra hoje.
Segundo ela, o que era necessário fazer para a economia do país recuperar foi feito. “Todas as medidas econômicas que eram necessárias foram tomadas. Trata-se de uma situação delicada, pois não muito mais o que fazer neste sentido”.
Abordando mais a situação política, Trevisan diz que as turbulências sempre existiram, a diferença são os árbitros chamados para gerir estes conflitos. “Antigamente, os árbitros eram os militares. A partir do fim do governo Sarney, isso mudou, transferindo esse poder para a Constituinte de 1988, e as instituições do Brasil – Executiva, Legislativa e Judiciária – tomavam as decisões pelo país. Trevisan ainda destaca o papel da imprensa, que a partir de certo momento, ganhou muito poder, assumiu o papel de cobrar os políticos, tornando-se, desta forma, o mais novo árbitro do Brasil. “A imprensa é hoje o vigia de tudo que acontece”, destaca.
Com mais de 50 anos de experiência em comunicação, Queiroz destacou o importante papel do marketing na crise atual. “Quem estiver apenas preocupado com a crise e esquecer do consumidor, o perderá para o concorrente, pois ele mudará para quem se preocupa com ele. Portanto, este o momento do marketing das companhias investirem e se aproximarem dos seus clientes e consumidores”.
Após toda a discussão, o diretor geral da graduação da ESPM em São Paulo, Luiz Fernando Garcia, que estava presente ao evento, fez uma pergunta importante e direta aos participantes: “Diante de tudo que apresentaram e disseram, vocês acham que o Brasil tem jeito?” Neste momento, iniciou-se o ponto alto do debate, uma vez que cada um trouxe uma opinião diferente sobre a continuidade, ou não, da presidente Dilma Rousseff.
Trevisan defende que a troca do comando na presidência da República não traria qualquer benefício ao País, “seria muito prejudicial ao Brasil e não traria qualquer benefício uma substituição neste momento”. Com pensamento diferente, a economista Cristina entende ser importante uma troca, “sou a favor da saída. Uma mudança seria a tentativa de reerguimento, da busca de novos caminhos”. Queiroz finalizou dizendo que a mudança é necessária, para que se resgate o mais rápido possível a crença de que, através da inovação, da criatividade, o brasileiro volte a acreditar de que há que se buscar maneiras de passar o momento difícil.