Estrutura de “tracks” facilita julgamentos em Cannes
Com mudanças, critérios ficaram mais claros para os jurados
Nos útimos anos, a organização do Festival de Cannes multiplicou o número de categorias, o que levou a diversos questionamentos sobre a sobreposição de umas sobre as outras, o que prejudicaria os critérios de julgamentos. Era muito comum que determinada peça vencedora em, digamos, Promo&Activation, não fosse diretamente identificada como uma campanha “puro sangue” daquela categoria.
Mas a reorganização das categorias e sua divisão em “tracks” está tendo um impacto muito positivo nos julgamentos deste ano, segundo jurados consultados pela reportagem. “Vejo essa mudança como algo que vai ajudar mehores trabalhos a serem mehor analisados. O acréscimo de categorias nos últimos anos, que ajudou o festival a atingir mais pessoas e era visto como uma forma de ganhar mais dinheiro, ocorreu, na verdade, porque o mundo mudou. Só que não era possível encaixar algumas coisas em caixas tão grandes, por causa da especifidade de cada categoria. Agora, está mais claro e plural para julgar”, afirma Fábio Simões (FCB Brasil), jurado brasileiro em Mobile Lions.
Fabio Simões, da FCB: julgamento mais claro e plural
“É muito importante ter essas subsivisões, porque o olhar de categorias como a minha, Design, é muito específico, e isso ocorre em várias outras áreas. Ter a especialização valida e qualifica o processo de julgamento”, analisa Giovanni Vanucchi (Oz Strategy Design), representante do país em Design Lions.
Ao contrário do que se poderia imaginar, a “tracks” mais importante de Cannes não é Communications, que reúne categorias mais tradicionais como Film, Titanium, Radio Outdoor e Print&Publishing, e tem foco na “bid idea”. Pelo menos no número de inscrições, Reach é a grande atração, com sua proposta de “fazer os trabalhos ressoarem”. As inscrições em Media, PR, Direct, Creative Data e Social & Influencer, que compõem a track, atraíram 9.737 inscrições do total de 32.372. Communications ficou logo atrás, com 9.650.
Outra track relevante é Craft, que tem foco na “execução que dá vida às ideias”, com 4.967 inscrições.
Vannuchi, da Oz Design: divisões facilitaram julgamento em Design
Apostas para o futuro
Há duas tracks que estão em crescimento e são apostas para o futuro. Uma delas é Experience, que reúne Brand Experience e Creative E-Commerce, com 2.603 peças, e está centrada em “experiências que transformam a marca, experiências imersivas e comunicação durante toda a joranada do cliente”. A segunda é Entertainment, que avalia “a criatividade que cria conteúdo, cultura e convergência”, com 1.736 peças. Uma terceira, Innovation, é a aposta de Cannes para se aproximar de inovação vista em lugares como o Vale Silício, com seu foco em dados, tecnologia e comunicação que transforma negócios. No entanto, apenas 536 peças concorreram na área.
As outras tracks são focadas em indústrias ou categorias muito específicas. Health teve 1.858 peças concorrendo, unificando o potencial da comunicação no setor de healthcare; Good ficou com 1.116 inscrições de trabalhos com foco em propósito, mudança e responsabilidade de mudar culturas; e Impact, que representa os trabalhos com resultados de negócios (apenas a categoria Creative Effectiveness a compõe), com 169 inscrições.