Estudo conclui que crianças entendem propaganda

As crianças sabem que o papel da propaganda é apresentar o produto de maneira mais atraente do que ele realmente é, a fim de vender mais, apontou a pesquisa Kids Experts 2010. “Eles são observadores e curiosos. Buscam saber o que está por trás da propaganda. Não acreditam em tudo o que veem e sabem argumentar”, disse Pablo Verdin, vp de pesquisa para América Latina da Turner. O estudo realizado anualmente pela Turner International do Brasil, programadora de TV por assinatura dos canais Cartoon Network e Boomerang, teve como tema em 2010 a publicidade infantil.

A pesquisa foi feita com grupos de crianças de 6 a 8 anos, de 9 a 11 anos e de 12 a 15 anos e com mães de crianças de 9 a 11 anos, das classes AB, em residências com TV paga. Foram usados grupos de discussão e as tecnologias  eye-tracking e trace, além de oficinas criativas, nas quais as crianças criaram suas próprias campanhas para incentivar a preservação da água. “O estudo trouxe informações muito importantes. Primeiro, para nosso próprio conhecimento, depois para dividir com nossos colaboradores”, explicou Rafael Davini, vp de publicidade e marketing da Turner.

A pesquisa realizada com as mães de meninos e meninas de 9 a 11 anos mostrou que elas acreditam que a mídia não tenha um papel principal para influenciar as crianças a quererem determinados produtos. As mães se disseram contra a proibição da publicidade infantil. “Elas veem a publicidade como algo que pode ajudar porque estimula a dar limites e a mostrar o valor do dinheiro. A TV é uma janela para o mundo lá fora”, contou Verdin.  Segundo o estudo, as mães acreditam que as crianças sofrem mais influência de compra pelos amigos e que a mídia tem um papel secundário nesse caso. “As crianças entendem que a propaganda tem o objetivo de vender produto”, falou o vp de pesquisa para América Latina da Turner.

A pesquisa também mostrou os elementos que mais chamam a atenção das crianças nos comerciais. A presença de crianças, personagens, celebridades – desde que haja uma relação verossímil com o produto –, animação, humor e presença do produto são boas opções para chamar a atenção dos pequenos. “Nos vídeos que a gente viu, a taxa de conversão era mais alta com a presença de personagens”, disse. Entre os meninos ação e efeitos especiais são bem relevantes. “Recall entre os meninos é cinco vezes mais alto se tiver ações e efeitos especiais”, falou. Já para as meninas, as cores são mais importantes. O executivo destacou as principais observações feitas a partir do estudo. A primeira é que os pequenos não gostam de ser tratados como crianças. “Eles ficam ofendidos se identificados como muito infantis”, disse Verdin.

Outro aspecto importante é que menos é mais. Se há menos elementos na tela, o foco é maior. A marca recebe mais atenção se ela aparece em cenas exclusivas. Na visualização de elementos, algumas dicas são usar mais movimento, mais contraste e tamanho maior. O tempo de exposição também deve ser levado em conta. Para crianças menores, os textos devem ser evitados. “Se ele for maior e for complementado com o áudio é melhor para a compreensão”, explicou Verdi. Para aumentar a empatia e a lembrança, o humor é um bom recurso.

A pesquisa mostrou também que as crianças conhecem claramente o limite entre a realidade e a fantasia. Os entrevistados foram questionados se eles achavam que os produtos pareciam maiores ou melhores nas propagandas do que na realidade, e a resposta mostrou que eles tinham essa consciência, mas não entendiam como algo negativo. “Eles estão muito conscientes do que vêm dentro da caixa”, contou Verdin. Segundo o executivo, se o comercial não  tem esses elementos que melhoram o aspecto do produto, as crianças entendem como descuido.  A mesma pesquisa está sendo realizada pela Turner na Argentina e no México.

por Cristiane Marsola