Ex-CEO da Grey cria empresa com modelo de trabalho colaborativo

Depois de 30 anos de atuação no mercado publicitário, Sergio Prandini se reinventa ao lançar a Huddle, empresa de soluções de marketing que atua em rede com outros profissionais e empresas, cuja atuação ele compara à de um time de futebol americano (O termo huddle é frequentemente usado no futebol americano e indica a formação de todos os jogadores reunidos em círculo para discutir a estratégia de como vencer o adversário). O executivo iniciou sua carreira aos 17 anos na Lage, Stabel & Magy/BBDO e, agora, afirma que teve de abandonar uma série de velhos hábitos e crenças para criar a nova empresa, elaborada nos últimos anos, que ganhou contornos mais concretos depois que ele deixou o cargo de CEO da Grey, no início deste ano.

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Sergio Prandini e o time de futebol americano com o qual ele diz identificar o seu novo momento profissional

O primeiro trabalho nas ruas foi para a Prevent Senior, seguradora focada no mercado maduro. A Huddle participou da concorrência e acabou sendo escolhida para desenvolver a primeira campanha de comunicação da marca, lançada no fim de junho. A criação do conceito de Adulto +, ressignificando o conceito de terceira idade, teve como base um estudo realizado por Paulo Al Assal, da Saffron Consultings – um dos cerca de 25 parceiros da rede Huddle. “Diversas vezes ouvi clientes dizer que queriam saber de profissionais de fora sobre o nosso negócio para contribuir na estratégia. Era um sinal claro de que nem todas as respostas para os clientes estão necessariamente entre os colaboradores de uma só empresa. O mundo virou uma plataforma aberta e posso trabalhar com gente de qualquer lugar do planeta. Por mais competente que sejamos, quando você se abre para a cultura colaborativa, abre a porta para o novo e se expande o campo de atuação”, conclui. Para Prandini, o setor de comunicação sofreu o fenômeno da “perda de propósito”.

“O propósito que sempre foi, há décadas, melhor servir o cliente, acabou se perdendo numa questão infelizmente ligada ao sistema de remuneração. Tenho respeito enorme pelos grupos em que trabalhei, e é óbvio que quando se pilota uma grande nave é mais difícil desplugar de um modelo, porque há uma série de riscos envolvidos. O que percebo é que o mercado mais informal e alguns empreendedores mais ousados começam a mergulhar num novo mundo em que se tem de entrar de peito aberto, em que não há respostas 100% objetivas para tudo, mas que tem o que me move hoje: trabalhar essencialmente com a verdade do que é melhor para o cliente”, argumenta.