O discurso de que “o Brasil é a bola da vez” já está batido, mas a tal bola não para de rolar de pé em pé entre as altas cúpulas dos principais grupos de comunicação do Brasil. Desde o início de 2011, tornou-se praxe encontrar o ceo de algum dos maiores grupos ou redes de comunicação do planeta desembarcando no Aeroporto de Guarulhos, seja para uma visita corriqueira, seja para o fechamento de um novo negócio.
Na semana passada, Tom Bernardin, ceo e chairman da Leo Burnett mundial, foi um dos que aportaram em terras brasileiras para oficializar a chegada de Paulo Giovanni à presidência da operação brasileira de sua rede, que passa a se chamar Leo Burnett Tailor Made (leia matéria na página 9). Outro que fez questão de vir pessoalmente ao País para acompanhar o que há de mais recente em oportunidades de negócios foi Tom Carroll, ceo da TBWA – representada no Brasil pela Lew’LaraTBWA.
Carroll passou a semana toda na capital paulista, visitando clientes, acompanhando o cotidiano da agência e até celebrando a conquista de uma nova conta – a de Gatorade, antes na carteira da AlmapBBDO (veja texto nesta página). O executivo elogiou muito o trabalho da unidade brasileira e reforçou a importância de estar fisicamente próximo ao mercado brasileiro, no qual aposta de olhos fechados. “A Lew’Lara vem fazendo um trabalho excepcional desde que passou a integrar nossa rede. Posso dizer que ela foi, entre as mais recentes aquisições, a que mais rapidamente se tornou ‘TBWA’, isso sem perder sua essência. Vínhamos fazendo muitas videoconferências, me encontro muito com o Luiz Lara e com o Jaques Lewkowicz (sócios da agência) em Nova York, mas já fazia dois anos que não vinha a São Paulo. Ter esse contato pessoal com os clientes, entender e se conectar com tudo que acontece em um mercado como esse é indispensável no nosso negócio. O relacionamento deles com seus clientes é algo que ainda não vejo na rede como um todo e que particularmente adoro”, elogiou Carroll.
O discurso é praticamente um exemplo do movimento que a TBWA realizou nos últimos anos, procurando se tornar mais criativa e colaborativa. “A Lew’Lara não apenas faz parte, mas contribui efetivamente no trabalho da rede. Isso se tornou uma premissa para nós, que investimos muito nos últimos anos em nossa comunicação interna, ampliando imensamente a divisão de experiências”, destacou o ceo. “Quanto ao lado criativo, nos baseamos no conceito que denominamos ‘Disruption’. Ele consiste em encontrar a ‘big idea’ para cada uma das marcas e, de acordo com sua crença e comportamento, aplicá-la à melhor forma de gerar engajamento. O Facebook, o digital, o shopper mar-keting são apenas ferramentas que nos dão mais oportunidades de sermos criativos. A dinâmica entre as marcas e o consumidor mudou e temos que nos preocupar com a realização de um trabalho completo e efetivo. Não nos importa mais se nossas agências são grandes ou pequenas, digitais, ou tradicionais, mas sim encontrar o ritmo e o passo certo, e acho que conseguimos. Estamos extremamente satisfeitos com o caminho que estamos trilhando”, completou.
Atualmente, a TBWA tem uma divisão de praticamente 50-50 entre clientes globais e regionais – entre eles McDonald’s, Nissan, Visa, Apple e Kraft –, o que, na visão de Carroll, é ótimo para desenvolver bons negócios. O executivo alertou que, mesmo a mais globalizada das marcas, precisa se preocupar com uma abordagem local. “Todas as marcas querem ter uma única voz, ser uma Apple. Mas elas devem saber pensar regionalmente. Nós acreditamos que uma grande ideia global consegue ser facilmente adaptada localmente, e é isso que tentamos fazer”, apontou.
Oportunidades
A Copa e as Olimpíadas no Brasil parecem ter mais importância global do que a percepção interna até o momento, mesmo que esta já seja imensa. Carroll fez questão de ressaltar que as oportunidades trazidas pelos eventos, tanto para clientes quanto para as agências – e especialmente para o País em si – são incontáveis. Apesar de o executivo ressaltar que tamanha responsabilidade gera cuidados, ele se mostra otimista com os resultados a serem conquistados em todas as vertentes. “O Brasil está crescendo alucinadamente e é um mercado muito importante para a TBWA, assim como para grande parte de nossos clientes globais. Ninguém tem dúvidas sobre o quão interessante é investir no País. As Olimpíadas, e principalmente a Copa do Mundo, terão proporções ainda maiores do que as que presenciamos na China e na África do Sul. O futebol é uma religião aqui, o que multiplica tudo. Se as coisas correrem bem, os resultados serão incríveis, especialmente porque vocês sabem como tocar as pessoas. É preciso estar focado, fazer a lição de casa e não deixar a oportunidade escapar, mas aposto que vocês terão sucesso nessa missão. Se eu fosse apostar em uma nação que estará na mente de todo o mundo nos próximos anos, colocaria minhas fichas no Brasil”, finalizou.
por Karan Novas