Exposição propõe uma viagem ao tempo através da mídia
Paulo Sant’Anna, presidente do Grupo de Mídia São Paulo
Você já imaginou uma viagem ao tempo através da história da mídia brasileira, que evidentemente se mistura com a própria trajetória do país? É exatamente isso que propõe a mais nova exposição “50 anos de mídia no Brasil – 1968-2018”, promovida pelo Grupo de Mídia de São Paulo. O objetivo é prover conhecimento e mexer com a memória afetiva de quem visitar a Unibes Cultural, em São Paulo, de terça-feira a domingo, até 3 de fevereiro de 2019.
Separada por década, a mostra começa em 1968, sob um cenário de restrição à liberdade, marcado também pela chegada do homem à Lua. Depois, a jornada continua com a Copa de 70, a implementação da TV colorida, a anistia, a multiplicação das rádios FM e a efervescência da era Disco. Por fim, a exposição retrata os tempos mais recentes, desde o movimento Diretas Já, a chegada da TV a Cabo, a morte de Ayrton Senna, até o fenômeno da web e das redes sociais.
O trabalho contou com a curadoria de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni) e Thomaz Souto Corrêa, que junto com uma equipe de apoio, foram responsáveis por selecionar e indicar as referências para cada período da exposição. Quem explica melhor a iniciativa, na entrevista abaixo, é Paulo Sant’Anna, presidente do Grupo de Mídia São Paulo.
Quais são as atrações mais interessantes da exposição?
Esta exposição cobre 50 anos de história da mídia no Brasil. Pessoalmente eu tenho as minhas preferências, porque são fatos ligados à minha trajetória de vida, a minha infância e programas que eu assisti. Mas prefiro não elencar porque eu acho que cada visitante terá o seu momento especial e vai ter esta ligação emotiva com os programas e as peças que vieram para exposição. É melhor que cada pessoa tenha sua visão pessoal em função do que toca mais o seu coração.
Pode nos contar alguma curiosidade da mostra?
As curiosidades estão ligadas ao conteúdo. Quando a gente começa a listar os fatos que foram importantes e, sobretudo, a evolução dos meios de comunicação nestes 50 anos, você se depara com muita coisa curiosa. Principalmente a primeira década da exposição que é 1968 a 1977, que é a que mais me chama atenção. Nela, o Brasil vivia num regime de pouca liberdade individual e isso, obviamente, é tratado nos meios, nos conteúdos. A gente tem a edição do jornal Estado de S.Paulo censurado pelo AI5, alguns fatos que foram muito relevantes e hoje, vendo com esta distância, isso é o que mais me chama atenção.
Qual é a importância de preservar desta forma a história da mídia brasileira?
O Grupo de Mídia São Paulo decidiu não fazer uma exposição para o mercado publicitário ou para os associados do Grupo na comemoração dos seus 50 anos. Preferimos abrir para todos. Quando você abre este leque e começa a falar sobre a evolução dos meios neste período, e como o Brasil evoluiu neste sentido, tudo se torna mais rico. Então fizemos a exposição para toda a população e ela é um presente para a cidade. O principal objetivo é resgatar a memória, o que para muitos será uma volta ao tempo. Para os mais novos, serve como curiosidade sobre o que havia de disponível na época dos seus pais e avós.
O que você pode falar de interessante sobre a curadoria da exposição e os apoiadores?
A exposição não poderia ter sido produzida sem os curadores, que generosamente abraçaram a causa. Certamente, ela não seria tão rica como produto final. A entrada do José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni) e do Thomaz Souto Corrêa é um divisor de águas. Com eles, a mostra deixa de ser a memória de pessoas que lembram de um fato ou outro para ser, na minha opinião, a visão dos papas da comunicação no Brasil. A gente agradece todos os dias por eles terem abraçado generosamente este projeto e terem contribuído da maneira como contribuíram.
Qual é o recado que essa exposição passa para todo o mercado?
A importância do resgate, de olhar para o passado e ver esta evolução no Brasil. E, sobretudo, olhar para frente e para o que vem por aí. A exposição termina neste ano de 2018, muito atual, com os aplicativos que facilitam a nossa vida. Mas ela não para por aí. O grande recado é sobre como a gente pode deixar a nossa mente aberta para imaginar como serão os próximos 50 anos. A mostra também é uma provocação do que virá daqui para frente com inteligência artificial, internet das coisas e tudo mais que o futuro nos aguarda.
Confira algumas imagens da exposição:
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