Exposição recupera rascunhos da Kombi

 

A marca Kombi, uma das mais antigas da Volkswagen, se despediu recentemente do mercado com uma emocionante campanha criada pela AlmapBBDO (relembre aqui). Mas curioso mesmo é ver os primeiros rascunhos de anúncios da marca, do final dos anos 50, assinados pelo publicitário Otto Scherb (1923-1981) e encontrados recentemente por sua filha, Suzy Scherb. Os traços são da época em que o publicitário foi sócio e diretor de planejamento da Alcântara Machado (que deu origem à atual Almap).

O material foi reunido e agora fica em exposição, este mês, na sede paulistana da ESPM, da qual Scherb foi um dos primeiros professores e diretores. Sua importância junto à conta da Volkswagen foi grande: segundo sua filha, ele era, na realidade, um “planejador criativo”, e tinha o hábito de rascunhar as campanhas na frente do cliente durante as reuniões, criando desde o conceito até a estratégia de mídia.

Os rascunhos da Kombi são apenas alguns dos muitos encontrados por ela – inclusive para outros clientes, como Alpargatas, também expostos na instituição. “Ele desenhava muito bem. Tenho vários outros traços dele, inclusive um quadro. É um lado que poucas pessoas conhecem. Ele fazia caricaturas das pessoas com um toque de humor”, diz Suzy, que planeja promover um debate entre os criativos da campanha de “deslançamento” da Kombi, da AlmapBBDO, e os alunos da escola.

Segundo ela, a exposição tem como objetivo mostrar o lado de Otto Scherb – criativo, inventivo – que teve menos divulgação. “É um case que o Instituo Cultural ESPM resolveu resgatar e trazer à nossa comunidade acadêmica. Uma história de sucesso que, mesmo ao se encerrar, renova as qualidades de seu fabricante”, completa Geraldo Alonso Filho, diretor da instituição.

Os anúncios da Kombi estão entre os mais memoráveis da empresa, junto com as peças para o Fusca, e ajudaram a fortalecer a imagem da marca de proximidade com o cliente e de confiabilidade de seus produtos. Nos primeiros anúncios da Volkswagen, o valor de revenda, a adequação às estradas brasileiras e as características da mecânica do carro também ganhavam destaque. Os slogans “O Bom senso em automóvel” e “Bom senso sobre rodas” foram os primeiros a serem utilizados pela montadora no país. Eles surgiram no início dos anos 60, em um momento em que a empresa havia se estabelecido no país e estava se consolidando no mercado brasileiro com ajuda importante da Kombi.

O veículo também teve uma importância mundial para a Volkswagen na estratégia de transformar a companhia em Wolfsburg, na Alemanha, em uma potência industrial, depois da derrota do país na Segunda Grande Guerra. Foi o segundo carro produzido depois do Fusca. As primeiras peças chegaram ao Brasil para serem montadas em 1953. O nome brasileiro é a simplificação de Kombinationfahrzeug (veículo combinado ou de multiuso), adotado na Alemanha.

Em 1957, a Volkswagen começou a produzir a Kombi com peças nacionais. A produção era em um galpão improvisado, enquanto a montadora alemã construía uma fábrica na região do ABC, inaugurada dois anos depois. O modelo já era vendido no Brasil em versão importada pelo grupo Brasmotor.

Sem condições de se adequar à lei que exige a instalação de airbags e freios ABS em todos os carros produzidos a partir de 1º de janeiro deste ano, a montadora decidiu descontinuar o modelo, não sem antes produzir uma “Last Edition” com acabamento interno de luxo, maior do que a primeira versão e com capacidade de chegar a 130 quilômetros por hora.