Facebook revê ano da Covid-19 e traça planos para 2021
O canal brasileiro de esportes Desimpedidos é um dos destaques da América Latina na retrospectiva de 2020 feita pelo Facebook. Não apenas por conseguir mais de 11 milhões de visualizações em apenas um episódio da série “Até eu faria”, onde a audiência é desafiada a reproduzir um lance emblemático do futebol, mas por indicar o potencial de negócios do Facebook Watch.
A plataforma de vídeos totaliza cerca de dez bilhões de transmissões desde 2016. Hoje, recebe a visita de mais de um bilhão de pessoas ao mês e, com o Instagram, soma 800 milhões de espectadores de eventos ao vivo. São mais de 400 milhões de fãs de futebol, o esporte mais seguido no Facebook globalmente.
“A experiência de esportes ao vivo deve alcançar recordes”, prevê Leonardo Lenz Cesar, diretor de parcerias esportivas do Facebook na América Latina. Outro case de sucesso é o do Corinthians, que criou uma série de cinco episódios no Facebook para comemorar os 20 anos de seu título nacional. Além de engajar os fãs, o clube conseguiu vender mercadorias e gerar receita com anúncios in-stream. A ação aumentou 42% as vendas de produtos em relação ao mesmo período do ano anterior.
Não é para menos. A pandemia da Covid-19 obrigou as pessoas a passarem mais tempo em casa, fazendo explodir o interesse pelos canais digitais para resolver praticamente todas as demandas do dia a dia – da compra do pão para o café da manhã até a busca por entretenimento.
O ano dos pequenos
Assim como o avanço do Facebook Watch, outras lições vistas neste ano servirão como norte para o mercado em 2021. “A pandemia acelerou uma transformação digital sem precedentes”, destaca Maren Lau, vice-presidente do Facebook na América Latina. A executiva coloca luz no papel da plataforma para alavancar as vendas, principalmente de pequenos negócios, que do dia para a noite passaram a contar apenas com o Facebook, Messenger, WhatsApp e Instagram para garantir a sua fonte de renda em meio à pandemia.
“Esse foi o ano dos pequenos negócios”, confirma Maren, que ainda sublinha a importância dos vídeos como ferramenta capaz de humanizar a comunicação das marcas com as pessoas, além da oferta de cursos de capacitação para estratégias de vendas, e a importância das comunidades para suportar negócios locais. “Revisamos o propósito do Facebook no sentido de reforçar o impacto cultural da plataforma”, pontua Maren.
No ano em que muitas pessoas fizeram a sua primeira compra pela internet, o e-commerce ganha atenção especial, e a integração dos aplicativos do Facebook pode garantir uma experiência completa na jornada de compra do consumidor.
Um estudo do Facebook IQ, unidade de insights digitais do Facebook, mostra que 75% dos brasileiros experimentaram pelo menos uma nova plataforma de compras digital pela primeira vez desde o início da pandemia.
Na Colômbia, 60% das pessoas estão gastando mais tempo pesquisando e 52% estão comprando mais on-line do que antes da pandemia. Na Argentina, 40% disseram que agora passam mais tempo comprando pela internet, número que sobe para 50% no Chile.
Enquanto o Instagram assegura a descoberta de produtos, o Facebook traz curadoria e customização. Pelo Messenger e WhatsApp é possível esclarecer dúvidas, oferecer suporte e monitoramento de entregas. “Segurança e experiências são as nossas prioridades”, frisa Adriana Peon, líder de indústria do Facebook no México.
A executiva cinta que o Facebook está acelerando seu trabalho para possibilitar que todas as empresas vendam on-line, além de incorporar a função de compra à estrutura de cada um dos seus aplicativos para ajudar as pessoas na hora de buscar os produtos desejados.
Futuro do trabalho
O jeito de trabalhar não será mais o mesmo depois da pandemia da Covid-19. O impacto social da doença ganhou as mais diversas análises desde março, quando as empresas foram obrigadas a adotar o home office para manter as suas operações em funcionamento. No Facebook não é diferente. A plataforma avalia que o formato híbrido de trabalho deve ganhar força em 2021. Pesquisa da Gartner prevê que 47% das empresas permitirão que os funcionários trabalhem em casa em tempo integral após a pandemia.
“Muitas empresas não imaginavam que poderiam continuar funcionando com os seus colaboradores trabalhando em casa”, observa Adriano Marcandali, head do Workplace do Facebook na América Latina. Segundo ele, metade da força de trabalho da plataforma seguirá trabalhando remotamente nos próximos cinco a dez anos, e outras empresas na América Latina também estão começando a ter planos semelhantes.
Mais propensas a modelos flexíveis, as empresas devem desenvolver novas estratégias para motivar as suas equipes, além de encarar os espaços físicos como ambientes mais colaborativos. A tecnologia de colaboração pode alavancar esse potencial nas empresas – em alguns casos pela primeira vez.
Segundo o Facebook, 80% dos funcionários na América Latina geralmente são pessoas da linha de frente que não têm uma mesa e não trabalham em escritórios. Esses colaboradores costumam atuar em lojas, centros de distribuição, fábricas, hospitais e restaurantes. Mas também eles precisam ter uma identidade digital no trabalho.
“As ferramentas digitais devem ser utilizadas para engajar as pessoas”, comenta Marcandali. É fundamental também que as empresas capacitem o seu quadro de funcionários e facilitem o acesso aos devices capazes de estabelecer essa conexão.
Os vídeos são um dos recursos mais valiosos para assegurar a proximidade das lideranças com os colaboradores. “Já temos CEOs sendo chamados de TEOs”, relata Marcandali, referindo-se à utilização dessa ferramenta para fortalecer a cultura digital da empresa e manter os funcionários engajados na sua estratégia de atuação e nos valores por ela defendidos. O executivo cita, neste caso, o exemplo da operadora aérea brasileira Gol.
A centenária Pernambucanas também é mencionada pelo uso da tecnologia para automatizar processos que tornam o trabalho dos seus colaboradores mais produtivo. A expectativa é que a mesma tendência de bots automatizados que cumprem tarefas para os clientes ou processos de vendas e pós-vendas de uma empresa, também começará a ocorrer internamente para os funcionários.
Como fica a criatividade?
A busca por experiências positivas abre “possibilidades ilimitadas também para a criatividade”, lembra Theo Rocha, diretor do Creative Shop do Facebook na América Latina. Para o futuro, o executivo vislumbra a importância crescente dos influenciadores, não só para gerar alcance e relevância, mas também para criar uma conexão genuína das marcas com os clientes.
Aqui, Rocha cita o case da brasileira Havaianas com o desdobramento da campanha “For more colorful days” no Facebook. Um grupo diversificado de micro influenciadores geraram conversão a partir de uma linguagem divertida do Reels, onde precisavam pular de calçados em calçados para exibir o catálogo de moda da marca.
Outra brasileira citada pelo executivo foi a Closeup com a ação #AmorLivre, que disponibilizava um filtro capaz de unir casais, celebrando a liberdade de escolha. Cerca de 30 milhões de pessoas foram impactadas pela ação da marca pertencente à Unilever.
Já a tendência de “novas formas de stotytelling” tem um exemplo do México. A marca de preservativos Sico convidou a audiência para construir histórias que ajudaram a falar sobre edução sexual. Do Peru, vem o case da empresa de vendas diretas Bel Corp em uma ação centrada em comunidades com potencial para serem alcançadas.
Rocha ainda destaca a ação de gamification da marca Pringles, que usou recursos de realidade aumentada, uma das soluções que mais cresce no Facebook e que tem sido tema de estudos sobre o seu propósito e potencial criativo. A perspectiva de um futuro cercado de wearables reafirma a missão da plataforma de repensar o papel que as marcas podem desempenhar neste novo mundo.
Contexto
A revisão de estratégias da América Latina em 2020 e perspectivas para 2021 aconteceu nesta quarta-feira (09) em um evento para a imprensa transmitido em formato on-line pouco antes da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos acusar o Facebook de prática de monopólio ilegal por conta da aquisição do Instagram e WhatsApp.