FCB abre mão da conta de Nivea globalmente
A FCB anunciou o fim de seu centenário relacionamento com o cliente Nivea. Através de um comunicado aos funcionários, o CEO global da FCB, Carter Murray, anunciou que renunciaria à conta até o fim deste ano. O motivo teria sido o comentário homofóbico de um executivo da Nivea durante uma teleconferência de apresentação de campanha, em que o time da FCB teria proposto colocar um casal de homens em uma campanha de Nivea Men.
A reação de um executivo senior da marca à proposta dos criativos teria sido afirmar que a Nivea não trabalha com gays – a expressão correta teria sido “we don’t do gay”. O mal-estar causado pela frase, especialmente porque havia um criativo gay no time da FCB que apresentava a campanha, acabou levando a agência a tomar a decisão de anunciar o rompimento.
No Brasil, a agência declinou qualquer comentário, mas sabe-se que o relacionamento entre agência e marca por aqui não tem qualquer problema. A marca, inclusive, rendeu à FCB Brasil algumas premiações importantes, como o Grand Prix na categoria Mobile do Cannes Lions em 2014 com a ação Protection Ad.
Caso o rompimento se concretize, esta terá sido a primeira vez na história que uma agência abre mão de uma conta desta envergadura por questões homofóbicas – embora o mercado especule que há outras razões por trás da decisão, como outros embates de entendimento nos últimos dois anos, pelo menos, e a redução significativa do budget de Nivea dentro da FCB.
A Nivea é uma marca proprietária da alemã Beiersdorf, cujas marcas Eucerin e Hansaplast também são atendidas por agências do grupo FCB. Segundo o comunicado do CEO global da FCB (publicado na íntegra pelo jornal Ad Age), estas continuariam sendo atendidas normalmente pela marca.
“Há um ponto em todos os relacionamentos de longo prazo, em que se reflete sobre o que foi realizado e se define para que direção as velas devem continuar levando. Às vezes, essa jornada demanda escolhas difíceis, que levam a caminhos diferentes.”, disse Murray no memorando. Ele afirmou que a decisão foi tomada após “muita reflexão e discussão sobre nossas ambições criativas.”
Segundo o e-mail de Murray, a Nivea representa 1% da receita global da agência, e que a empresa está confiante de que poderá recuperar este faturamento em 2020.