FCB cria protesto virtual contra bloqueio por autoridades no Twitter

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e o site Congresso em Foco se uniram e lançam a campanha Bolos AntiBlock, protesto virtual contra o bloqueio por autoridades públicas no Twitter. Assinada pela FCB Brasil, a ação se inspirou nas receitas de bolo publicadas nas páginas de jornais censurados pela ditadura militar.

Peça da campanha Bolos AntiBlock (Divulgação)

“De setembro de 2020 até agora, o monitoramento de jornalistas bloqueados por autoridades no Twitter feito pela Abraji registrou 174 casos envolvendo 88 profissionais. Quando isso acontece, limita-se o acesso do jornalista a informações de interesse público, sobretudo quando os perfis são usados para comunicar ações oficiais”, diz Cristina Zahar, secretária executiva da Abraji. “Com a campanha queremos chamar atenção para o problema e provocar um debate em torno do tema.”

Ao entrar no site e aceitar os termos de uso, a pessoa é convidada a se conectar a seu perfil no Twitter para que a ferramenta rastreie se ele foi bloqueado e por quem.

Em seguida, é gerada uma cryptoarte única para cada usuário bloqueado por alguém em exercício do mandato, a partir de uma lista de autoridades inserida no sistema. São 600 nomes que incluem presidente, vice-presidente, secretários de governo, ministros de Estado e do STF, senadores, deputados federais e governadores.

Os bolos criptografados são registrados com a tecnologia NFT (token não fungível, em português), que garante a originalidade da obra. A opção pelo NFT se deu como forma de gerar uma espécie de boletim de ocorrência digital, certificado por blockchain, com o motivo do bloqueio, o bloqueado e o bloqueador.

Qualquer pessoa bloqueada pode gerar a sua cryptoarte na ferramenta Bolos AntiBlock e compartilhar o bolo virtual em seu perfil do Twitter. A galeria de bolos já reúne alguns jornalistas que tiveram o acesso à informação restringido por autoridades do poder público nas redes sociais, como Amanda Audi, diretora-executiva do Congresso em Foco.

“A ferramenta detectou que eu fui bloqueada pelo presidente, por dois ministros de Estado, um senador e dois deputados federais, portanto tenho quatro bolos únicos. Esse tipo de postura das autoridades é danosa para a democracia. Esperamos que a ação ajude a denunciar a arbitrariedade de impedir o acesso a redes sociais de pessoas públicas”, diz Audi.

A plataforma foi desenvolvida pelo FCB Studio, núcleo de produção criativa da FCB Brasil, em parceria com a FCB Six, agência de Creative Data do grupo FCB.

https://bolosantiblock.com.br/