Fernando Guntovitch: "Interatividade é a chave para gerar empatia”

A TG, de Fernando Guntovitch, volta ao presencial ainda em 2021 (Marçal Neto/Divulgação)

narrativa fluida e mutante é o que importa nesses tempos de recall do público. Essa é a visão do empresário Fernando Guntovitch, fundador e CEO da The Group, que completa 27 anos de atividades em 2022. O isolamento social não desconectou a agência dos interesses dos seus clientes, entre os quais Volkswagen, BIG, Banco Santander, Latam, Carrefour e EDP. “Mergulhamos no novo conhecimento do shopper para buscar a fluidez necessária à adaptação para esse novo tempo marcado pela interatividade. Que requer agilidade e criatividade”, explica Guntovitch, que adotou a identidade TG com base no slogan Experience Lovers e planeja retorno ao ambiente presencial em 2021. Confira sua entrevista:

RETOMADA
O live marketing assimilou de forma sintomática os efeitos da crise sanitária. O protocolo legal traz novo alento para as agências e fornecedores em estados como São Paulo. Mas ainda há muito o que se fazer para transpor barreiras. Os grandes eventos vão retornar, mas temos de continuar fazendo a nossa parte nas convenções, feiras e ativações. O ponto é: há uma nova cultura que foi acelerada nesses 18 meses que mudaram a narrativa das marcas. A imunização é o que dá parâmetro. Vários países avançaram nas ações ao vivo devido à vacinação. O Brasil não será exceção. As pessoas estão ansiosas para sair de casa. E as marcas sabem disso e não vão ignorar o novo cenário.

RESIDUAL
2020 e parte de 2021 não foram perdidos. Tiramos lições importantes. A proximidade que o home office garantiu às equipes e às decisões é indelével. Isso propiciou uma produtividade 100%.

CULTURA
Muitos acreditam que o trabalho a distância pode comprometer os valores de uma empresa. Na The Group, demos atenção a isso logo de cara. Ficou claro que trabalhar fora do escritório era uma necessidade. Caso contrário, a inércia seria inevitável. Dediquei-me pessoalmente aos contatos com os profissionais para incentivar e conhecer seus desafios.

PRESENCIAL
O conceito híbrido veio para ficar. Trabalhamos com ideia, talento, criatividade. Ninguém se furta a dar continuidade a esse tripé por realizar jobs de casa. Insights são gerados sem controle de geolocalização. Ninguém para por um momento para ter um insight. Eles acontecem. Tudo vai depender do que as autoridades sanitárias recomendarem. No nosso caso, o modelo híbrido vai continuar, mas em um primeiro momento iremos retomar a atividade 100% in loco para aproximar e integrar novamente as equipes.

APRENDIZADO
O mercado se adaptou rapidamente ao digital. As soluções para ponderar as necessidades dos clientes tiveram de ser agile. Aliás, agilidade ganhou peso estratégico. As áreas de varejo, fármacos, alimentos, bebidas, serviços, tecnologia e imóveis, por exemplo, demandaram muito das suas agências. A experiência digital requer muita atenção às mudanças. Como diz o slogan de uma rádio, tudo pode mudar em 20 minutos. Arrisco a dizer que em 20 segundos as reações das redes sociais já exigem mobilização.

DADOS
O conhecimento do shopper mudou com o digital. Começamos com o CRM clássico e hoje tudo acontece nos canais da internet, especialmente as mídias sociais. A programática também é aliada do live marketing. Temos de estar de prontidão às reações. Seja no novo normal, ou no velho, no online, no offline ou no híbrido, em todas as mídias e ferramentas de marketing disponíveis, interatividade é a chave para gerar empatia.

RECOMENDAÇÃO
As promessas têm de ser factíveis. Credibilidade não tem preço. O maior investimento de uma marca está na retenção do tempo do cliente ou prospect. O custo por click é caríssimo. Lembra-se do ditado: tempo é dinheiro? Qualquer desperdício é fatal para comprometer uma relação. Clientes, porém, exigem personalização. O tailor made é irreversível.

FLUiDA
Dados estão disponíveis. Como usá-los? O principal é entender que o cliente não é algoritmo. A agência precisa saber como canalizar comunicação para clusters. O ambiente nichado já fazia parte. Com o digital, ganhou a dimensão do essencial. Quem é capaz de abrir mão do QR Code? Que pode abrir várias janelas? E integradas a um discurso de marca relevante?

TRADE
Os PDVs de artigos essenciais, apesar do grande fluxo presencial, investiram na inovação do e-commerce, delivery, programas de fidelidade, ações de incentivo, recompensas. Tudo digital. Aliás, ouso dizer que o trade absorveu parte consistente das verbas de grandes anunciantes.

THE GROUP
Nosso território é a reflexão para gerar negócios. As marcas exigem brand e performance. Muitas ideias que nascem na agência contribuem para outras atividades dos clientes. E também somos impactados por outros agentes. Repito: o trabalho é e vai continuar integrado. É o que oferecemos para os nossos clientes Basf, Santander, Volkswagen, EDP, LATAM, BIG e Carrefour, entre outros.

FUTURO
O futuro será não perder a cultura do formato online e cada vez mais focar nas relações entre pessoas no presencial. HX (human experience) na veia.