Fim do boleto sem registro e do e-Sedex: saiba como essas mudanças impactam o e-commerce
O ano de 2017 mal começou e trouxe duas pendências a serem resolvidas pelo setor de e-commerce: como lidar com a mudança no sistema de boleto bancário sem registro e o fim do e-Sedex? O boleto sem registro sempre foi amplamente utilizado pelos varejistas virtuais, como opção de cobrança em mais de 40% das vendas. Já o e-Sedex é um produto exclusivo para o setor, criado para otimizar custos, que utiliza a mesma estrutura de envio expresso do Sedex original, com tarifas mais baratas.
A partir de março, com o objetivo de diminuir o número de fraudes, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) obriga a utilização de boletos com registro. A preferência dos comerciantes pelo boleto sem registro é justificada pela facilidade de alteração dos dados no documento, como data de vencimento e valor, sem gastos extras. Além disso, o lojista arca somente com o custo na hora em que o boleto é pago pelo cliente.
Passando pela pior crise de sua história, os Correios anunciaram o fim do e-Sedex, pois estão sofrendo com cortes severos, assim como outras empresas mantidas pelo governo. A medida pretende amenizar o rombo nas contas da estatal, que estima um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões em 2016.
O que muda?
A manipulação de dados nos boletos, até então gratuita, será cobrada, assim como cancelamentos e solicitações de segunda via. Agora o custo aparecerá no momento em que os boletos forem emitidos, o que pode ser um problema, uma vez que as pesquisas apontam que apenas 50% deles são de fato liquidados pelos consumidores. A alteração, no entanto, será positiva em médio prazo, já que a necessidade de registro dos boletos fará com que os clientes só efetuem a compra se realmente pretenderem finalizá-la, aumentando assim a conversão dessa forma de pagamento.
Com o fim do e-Sedex o frete deve ficar até 30% mais caro. A modalidade de envio sempre foi de grande valia para os pequenos e-commerces, que devido ao baixo volume de pedidos, não conseguem negociar contratos vantajosos com as transportadoras privadas. Agora, caso as lojas virtuais ainda optem pelos serviços da estatal, terão que utilizar o Sedex tradicional sem desconto.
E agora, o que fazer?
Existem maneiras de driblar as dificuldades iniciais do boleto com registro, como por exemplo, oferecer incentivos para outros métodos de pagamento (cartão de crédito ou transferência online) e promover a integração com empresas intermediadoras de pagamento, que arcam com todos os custos dos boletos mediante uma taxa fixa sobre os valores da venda.
Em relação ao Sedex, as lojas que contam com um volume maior de envios podem negociar um contrato de serviço com a estatal, ajustando a tabela de valores do frete de acordo. Já as empresas de comércio eletrônico com um fluxo de pedidos menor, podem contar com facilitadores de frete. Felizmente já existem ferramentas que intermediam o contrato com os Correios e oferecem soluções que chegam a ser até 50% menores do que as opções da estatal.
Thiago Mazeto é gerente de marketing da Tray, unidade de e-commerce da Locaweb