Florianópolis “aluga” praias para Brasil Kirin por R$ 400 mil
As estratégias das grandes cervejarias brasileiras são agressivas durante todo o ano, mas no verão essa agressividade aumenta na mesma proporção do calor. Com o objetivo de marcar território e recuperar participação de mercado, a Brasil Kirin, antiga Schincariol que recentemente perdeu o posto de terceira maior cervejaria do país para a Heineken Brasil, fechou um acordo com a prefeitura de Florianópolis que está incomodando os frequentadores das praias locais e o Procon.
O acordo entre a companhia e a prefeitura da capital catarinense oferece à Brasil Kirin a exclusividade de vender somente suas marcas de cerveja nas areias das praias da cidade. Assim, os veranistas que quiserem comprar cervejas de ambulantes e barracas sem precisar sair da praia poderão consumir somente Schin, Devassa ou Eisenbahn, por exemplo.
Para obter essa exclusividade, a Brasil Kirin pagou à prefeitura R$ 400 mil, que também dá o direito de as marcas da cervejaria fazerem propagandas nas tendas e nas caixas de isopor dos vendedores ambulantes. Os bares e restaurantes da orla estão fora desse contrato.
Cena de comercial da Schin
Segundo o Procon de Florianópolis, o acordo é irregular, pois tira o direito de escolha dos consumidores. O órgão promete acionar o Ministério Público para investigar o caso.
Já a prefeitura alega que os R$ 400 mil oferecidos pela Brasil Kirin, que foi recebido legalmente após o acordo ser firmado por licitação, ajuda a custear as despesas do município com a temporada. Sobre o direito de escolha do consumidor, o governo local argumenta que o direito está preservado porque a Brasil Kirin venderá todas as suas marcas e não somente a Schin.
Apesar da polêmica em Florianópolis não é de hoje que algumas prefeituras de cidades brasileiras têm vendido exclusividade para determinadas marcas de cerveja nas praias. Isso já vem acontecendo em cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Recife, onde os municípios começaram oferecendo principalmente a exclusividade das empresas estamparem suas marcas em cadeiras, guarda-sóis e tendas dos vendedores.