Freemantle defende formatos exportáveis

Paula Cavalcanti, diretora da Freemantle no Brasil, e o inglês Rob Clark

Há pelo menos 15 anos o Reino Unido mantém sua hegemonia na produção e exportação de programas de TV pelo mundo. Pelo menos 122 shows criados na Inglaterra já foram exportados . Na sequência vêm Estados Unidos, Holanda e Israel, este último um país emergente que encontrou a fórmula de sucesso e ultrapassou diversos países como Espanha, Suécia e Dinamarca. 

Rob Clark, diretor global de entretenimento da Freemantle Media, diz que para fazer sucesso internacional não basta uma boa história, um bom programa. É preciso, em primeiro lugar,  pensar em um formato adaptável a diferentes budgets – maiores ou menores. É preciso ter potencial para ser promovido em diversas plataformas – seja via uma celebridade envolvida, alguma característica inusitada, um formato inovador. É preciso também ser “transferível” para qualquer cultura, jamais algo regional, local, que outros países não possam aproveitar.  Outra dica importante: ter um elemento competitivo como o primeiro programa criado para viajar pelo mundo, Who wants do be a millionaire. Clark é grande fã de shows de talento e jogos, formatos populares no mercado para exportação, a grande especialidade da Freemantle.  

“O bom formato transcende países, regiões. Seu tema precisa ser global. Tudo bem que o Brasil tenha um mercado interno repleto de formatos locais, com abordagens bem brasileiras. Mas para sair daqui, é preciso que o programa pareça local em qualquer país do mundo”, disse o executivo em um encontro com associados da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV). 

A Freemantle nunca exportou um projeto brasileiro. Paula Cavalcanti, diretora da empresa por aqui, diz que no Brasil o mercado se acostumou a pensar em programas e não em formatos. 

“É preciso dar um passo atrás e criar projetos que possam ser vendidos em qualquer lugar. Estrutura é fundamental”, disse a executiva.
Ela conta que a Freemantle criou um formato por aqui, O menino de Ouro, já veiculado pelo SBT e que agora está sendo negociado para o Oriente Médio.  Menino de Ouro foi exibido pelo SBT entre março de 2013 e junho de 2014, em duas temporadas. Apresentado por Karina Bacchi, Paulo Sérgio, Armelino Donizetti e José Edmílson, narra a emocionante trajetória de pequenos boleiros brasileiros. O programa tem uma vertente social, se propondo a dar uma real oportunidade para minicraques mostrarem seu talento e terem a chance de assinar um contrato profissional. O programa, além de apresentar os desafios técnicos do futebol, retrata as expectativas, alegrias e frustrações dos garotos e suas famílias. 

Por sinal, Clark acredita que o futebol pode render diversos formatos interessantes de programas no Brasil para serem exportados, e exibiu para a plateia o piloto de outro programa da empresa, na Itália, intitulado Footbal Nightmares. Trata-se de um reality em que pequenos clubes de futebol de bairro são treinados por um time de craques ex-jogadores italianos. 

“Poderia ser um programa brasileiro, facilmente”, sugeriu Clark.