Fusão da Omnicom e IPG é 'ponto de inflexão na indústria global', diz especialista

Negócio avaliado em cerca de US$ 13 bilhões envolve AlmapBBDO, Africa Creative, DM9, Lew’Lara\TBWA, WMcCann e FCB, entre outras agências

A holding Omnicom confirmou a compra do The Interpublic Group of Companies (IPG) em 9 de dezembro, um dia após a reportagem do Wall Street Journal noticiar a iminente fusão, uma das mais importantes do mercado publicitário global nos últimos anos. Juntas, as gigantes norte-americanas criam o maior conglomerado de comunicação do mundo, com receitas combinadas de US$ 25,6 bilhões em 2023 e mais de cem mil funcionários, desbancando a liderança do britânico WPP, seguido do francês Publicis Groupe.

A receita orgânica do WPP atingiu a cifra de US$ 18,67 bilhões em 2023 e o Publicis somou US$ 16 bilhões no mesmo período. O Omnicom registrou um volume de US$ 14,7 bilhões, enquanto o IPG alcançou US$ 10,9 bilhões. O negócio ainda depende da aprovação dos órgãos regulatórios dos Estados Unidos.

Ao término do acordo de troca de ações - um negócio avaliado em cerca de US$ 13 bilhões - o Omnicom ficará com 60,6% da nova empresa e o Interpublic, com a fatia restante de 39,4%. A expectativa é de que a transação gere sinergias de custos anuais da ordem de US$ 750 milhões.

“A fusão marca um ponto de inflexão na indústria publicitária global. Faz parte daqueles movimentos de mercado que podem indicar o caminho futuro, deixando desnudas as dificuldades do setor nos tempos atuais. A união de dois grupos corporativos, que fazem parte dos gigantes do setor, turbina ainda mais a disputa entre os grandes grupos da publicidade”, analisa Roberta Iahn, coordenadora adjunta do curso de publicidade e comunicação da ESPM. A empresa resultante da transação permanecerá com o nome Omnicom e a sigla OMC na bolsa de valores de Nova York.

Roberta Iahn, da ESPM: poder sem precedentes (Divulgação)

Os esforços empenhados em dados, commerce, tecnologia e inteligência artificial explicam a decisão. “Essa combinação vai acelerar a inovação e direcionar oportunidades criadas por novas tecnologias nessa era de mudanças exponenciais. Esse é o momento perfeito para unir tecnologias, capacidades, talentos e presença geográfica e trazer resultados superiores em dados aos clientes”, declara em nota o chairman e CEO John Wren, que seguirá no comando do Omnicom. O vice-presidente executivo e chief financial officer Phil Angelastro também permanecerá no cargo.

Em outubro de 2023, por exemplo, o Omnicom investiu US$ 835 milhões para adquirir a Flywheel Digital, empresa de comércio eletrônico antes pertencente à Ascential, dona do Cannes Lions. A capacidade de automatizar, otimizar e medir resultados e investimentos foi uma das vantagens destacadas. O negócio expande a atuação da holding em um mercado que deve atingir US$ 7 trilhões em vendas até 2025 mundialmente. “Integraremos as ofertas em mídia de varejo e de marca, comércio digital, loja e CRM”, afirmou Wren à época.

A corrida tenta acompanhar as transformações do mercado, com a expansão do e-commerce, a ascensão das plataformas, a relevância crescente dos dados, os impasses em torno da privacidade e regulamentação, e a ampla produção e distribuição de conteúdo. “A fusão permite que as empresas combinem as suas capacidades em áreas como dados e tecnologia, tornando-se mais competitivas nesse novo cenário”, reconhece Roberta.

Leia a matéria completa na edição do propmark de 16 de dezembro de 2024