Gazeta Esportiva entrevista Armando Ferrentini que destaca a aplicação do marketing no futebol
Ferrentini, apaixonado por futebol, fala da evolução do marketing no esporte ao jornalista Marcelo Baseggio
O jornalista e advogado Armando Ferrentini, Publisher do jornal semanal Propmark, das revistas Marketing e Propaganda e do site www.propmark.com.br, iniciou suas atividades nor jornalismo mercadológico em 1965 com a coluna Asteriscos no Diário Popular que logo se transformou em caderno. Alguns anos depois, foi convidado pelo publicitário Mauro Salles, então diretor da Fundação Casper Líbero, para publicar o caderno nas páginas da Gazeta Esportiva. Ali nascia o Propaganda & Marketing, nome sugerido por Salles a Ferrentini. Hoje apenas no ambiente digital, a Gazeta Esportiva fez uma entrevista com Ferrentini. O texto que segue abaixo é assinado pelo jornalista Marcelo Baseggio sob o título: “Ex-diretor alviverde vê Corinthians e Santos como exemplos de marketing”.
Corinthians e Santos se destacaram nos últimos anos pelos seus planos de marketing para contar com dois jogadores que possuem carreiras brilhantes: Ronaldo e Neymar. O alto salário dessas duas estrelas, considerado impagável à época, obrigou os clubes a encontrarem uma nova perspectiva de gastos. Corintianos e santistas trataram de erguer as mangas e trabalhar para viabilizar vencimentos sem precedentes no futebol do país e, hoje, se tornaram exemplos de sucesso de como romper com os limites da administração do esporte no Brasil.
Criador do jornal focado em publicidade e marketing Propmark, Armando Ferrentini, que também foi diretor de propaganda do Palmeiras e vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, avaliou que os investimentos de Corinthians e Santos valeram muito a pena por conta dos resultados esportivos que os clubes tiveram no período.
“Se não houvesse esses investimentos do Corinthians e Santos, muito provavelmente não teriam conseguido ganhar os títulos que ganharam. É muito importante o vencedor não apenas satisfazer seus aficionados e patrocinadores, mas também se mostrar como exemplo. Ninguém quer seguir o perdedor”, afirmou Ferrentini à Gazeta Esportiva, valorizando a estratégia de marketing das agremiações paulistas.
O Corinthians retornou à Primeira Divisão do futebol brasileiro em 2009 anunciando a contratação de nada mais, nada menos que Ronaldo. Para arcar com os salários do atacante, o clube do Parque São Jorge chegou a ter cinco patrocinadores na camisa, além do fornecedor de material esportivo. Uma das marcas, que fabricava desodorantes, chegou até a marcar presença em um lugar inusitado do uniforme, na região da axila. Defendendo o Timão, o Fenômeno venceu o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil de 2009.
Já o Santos apostou no potencial comercial de Neymar para adiar a ida do craque revelado nas categorias de base ao futebol europeu. No período em que vestiu a camisa do Peixe, o atacante participou de uma série de campanhas publicitárias que rentabilizaram a sua permanência na Vila Belmiro. Hoje consagrado, ele segue fazendo sucesso e contando com uma série de patrocinadores pessoais. O Peixe, por sua vez, não se arrependeu do esforço, já que com o atual atleta do PSG conquistou três Campeonatos Paulistas (2010, 2011 e 2012), uma Copa do Brasil (2010), uma Libertadores (2011) e uma Recopa Sul-Americana (2012).
Apesar dos exemplos de sucesso, poucos clubes do Brasil ainda conseguem lidar com o assédio do futebol europeu aos seus jovens talentos ou então repatriar um jogador de renome. A concorrência desleal dos clubes estrangeiros é um grande obstáculo, porém, mesmo com a diferença abissal de investimento, não há um empoderamento maior das agremiações brasileiras, na opinião de Ferrentini, por falta de uma gestão mais qualificada.
“Por que não dá certo em outros clubes? Porque o gestor não sabe como essa máquina do marketing funciona. Os patrocinadores têm que acreditar na gestão para investir milhões em patrocínio. Não vou citar o termo desonestidade, prefiro incapacidade. Há muitos dirigentes que são ainda primários, que não têm noção do que seja marketing. Para eles, é novidade. Como você vai investir em um clube em que o diálogo não existe? Os dirigentes não sabem o que você está falando”, concluiu.