Geração Z recria a tradição do Natal brasileiro, aponta InstitutoZ

Estudo mostra que jovens mesclam internet, tradição regional, estética periférica e produções autorais na celebração

A pesquisa 'Natal da GenZ: Afeto, Pragmatismo e a Reinvenção Tropical de um Ritual Coletivo', desenvolvida pelo InstitutoZ (núcleo da Trope), mostra que a Geração Z está reconstruindo o Natal brasileiro a partir de influências digitais, tradições regionais e uma estética própria.

Segundo o estudo, o rito deixa de ser centralizado em símbolos importados e passa a se configurar como um mosaico que se manifesta tanto no ambiente físico quanto nas redes sociais, combinando varandas, praias, periferias, cozinhas de família e timelines.

A pesquisa indica que, ao contrário de gerações anteriores, a GenZ não adere a uma única narrativa estética ou a um modelo europeu de celebração. O resultado é um 'remix cultural' que incorpora memes, vídeos afetivos, trends, produções DIY e referências locais.

A celebração se torna descentralizada e registrada espontaneamente no digital, refletindo a diversidade de territórios onde o Natal acontece. Esse movimento expressa o que o estudo chama de 'magia distribuída', em que o sentido da data se fragmenta e se reinventa em microexperiências afetivas e brasileiras.

No consumo, o comportamento acompanha essa dinâmica. A GenZ transita entre compras online e comércio local, combinando marketplaces, lojas de shopping e estabelecimentos de bairro. O digital oferece praticidade, comparação de preços e influência de creators, enquanto o físico reforça vínculos, pertencimento e apoio a pequenos produtores.

A preferência por creators regionais mostra a busca por narrativas que dialogam com realidades próximas e influenciam escolhas de presentes, listas de desejos e estéticas do período. O imaginário visual também se transforma. Imagens tradicionais de neve e pinheiros dão lugar a representações do Brasil: mesas na varanda, calor, glitter que derrete, churrasco, pets circulando, famílias diversas e registros feitos com estética espontânea e periférica.

A internet funciona como amplificador dessas expressões, tornando cada celebração compartilhável e reforçando a presença de códigos culturais locais. Luiz Menezes, fundador e CEO da Trope, avalia que o movimento é parte de um fenômeno mais amplo.

“É a tendência internacional do 'Brazilcore' cada vez mais valorizada pelas novas gerações, aqui no nosso próprio país. É a demonstração de que os internautas brasileiros são capazes de tudo, quando reunidos, e criam cultura o tempo inteiro. Esses reflexos aparecem na forma como cada pessoa vivencia o Natal, subvertendo os estereótipos ainda hoje associados a essa sazonalidade”, explica.

Luiz Menezes, fundador e CEO da Trope | Imagem: divulgação
Imagem do topo: Fujiphilm/Unsplash