Globo apresenta dados de consumo dos brasileiros acima dos 60 anos
“A infância, a juventude e a velhice são construções sociais. Envelhecer faz parte de todas as gerações.”
A Globo reuniu na noite desta segunda-feira, 24, agências, anunciantes e executivos para evento sobre os consumidores brasileiros com mais de 60 anos. Com o intuito de gerar reflexão sore o status social desse público e revisitar os papéis sociais atribuídos a eles, a rede compartilhou com o mercado informações internas obtidas por meio de pesquisas e consultorias de diversas fontes.
“A infância, a juventude e a velhice são construções sociais. Envelhecer faz parte de todas as gerações. Estamos envelhecendo desde o momento em que nascemos”, afirmou Flávia Toledo, gerente de pesquisa de comportamento da Globo, ao dar início ao conteúdo da noite.
Em sua apresentação, a executiva reforçou o quanto os estereótipos relacionados ao público da “mais idade” (denominação escolhida pela emissora para representar esse grupo de pessoas) são prejudiciais à sua representatividade na mídia e publicidade.
Flávia apresentou também dados que comprovam a relevância dos cidadãos dessa faixa etária para a economia brasileira. De acordo com os dados da Globo, o consumidor maduro movimenta cerca de R$ 1,8 trilhão por ano. Ele é o centro da economia familiar e provedor não apenas das necessidades básicas, mas também da realização dos “sonhos” de suas famílias.
As informações apontam ainda oportunidade de engajamento com os integrantes da “mais idade” no ponto de venda, já que 57% desse público enxerga ir ao mercado como um passeio, e 49% deles relaciona compras a prazer. Segundo a pesquisa, dentre as 250 maiores empresas de bens de consumo do mundo, 37 estão no Brasil com a venda de produtos no autosserviço, e há no país apenas cinco produtos voltados exclusivamente para o público de 60 anos ou mais – sendo que todos eles são suplementos alimentares. “Em um cenário de crise econômica, cada vez mais essas pessoas são importantes. Verificamos, por fim, que as marcas que se posicionam claramente sobre longevidade têm maiores índices de consideração, preferência, frequência e recomendação”, alertou a gerente.
Além de dados da pesquisa, o evento também levou ao público debate mediado por Serginho Groisman com o escritor e psicanalista Contardo Calligaris; com o epidemiologista médico especializado no estudo do envelhecimento, Alexandre Kalache; e com a antropóloga e escritora Mirian Goldenberg. Os especialistas discutiram tópicos como a aceitação da velhice, as diferenças entre as múltiplas gerações que compõem a “população idosa”, as diferenças da idade de acordo com cada gênero, a invisibilidade social e liberdade e autonomia.
“Durante muitos anos esse tipo de informação era utilizado somente aqui dentro. Hoje a gente entende a importância de se compartilhar isso. Essa troca leva ao mercado, principalmente aos anunciantes e agências, um insight, uma tendência, um tema que pode vir a ser uma oportunidade de negócio. Estamos olhando para isso de diversas maneiras. Uma delas seria transformar esse conteúdo em um projeto comercial e ver quais marcas gostariam de se apropriar disso. A outra seria inserir o assunto na programação e retratar a mais idade de forma mais representativa em pautas de jornalismo ou programas de entretenimento”, revela Alexandre Grynberg, diretor de soluções integradas da Globo. O profissional diz ainda que a rede contempla planos de realizar eventos semelhantes para que novos temas sejam abordados junto ao mercado. “Não queremos ficar presos a periodicidade ou número de eventos, mas a ideia é fazermos de seis a oito encontros como esse por ano”, finaliza.