Globo compartilha pesquisa sobre impactos da Covid-19 na sociedade
A Globo apresentou na tarde desta segunda-feira (02) o webinar “Panorama Covid – O que vem por aí?”, com insights e aprendizados da emissora sobre como a crise do coronavírus tem impactado a sociedade brasileira e quais os possíveis caminhos para o pós pandemia.
No primeiro painel do evento, Vitor Vasconcelos, diretor de inteligência de mercado da Globo, conversou com especialistas setoriais sobre a forma como a crise mexeu com os diferentes segmentos da economia e de que maneira as companhias podem se preparar para a retomada.
Gabriel Nóbrega, especialista no mercado financeiro, conta que os bancos assumem um papel de protagonismo. “Muitos brasileiros acham que as marcas precisam agir de forma conjunta com os governos para prover soluções. Não basta ter políticas públicas exclusivamente, precisa ser público-privada. Os bancos são para 63% dos brasileiros a instituição de maior segurança, o porto seguro do sistema. E os bancos assumiram esse papel, essa frente de protagonismo. Acompanhamos o monitoramento de doações e 30% do que foi doado por instituições privadas veio do setor financeiro. Para 34% dos brasileiros, os bancos saem com a imagem fortalecida após a pandemia. Sinal de que foi uma comunicação muito acertada”, disse.
Rafael Garey, de telecomunicações e plataformas, reforçou que a conectividade está cada vez mais em alta: “O isolamento ajudou pessoas e empresas a adotarem o digital para a vida. Um dos pontos foi o home office, outro é a educação a distância e que abriu a discussão para que o ensino possa ser híbrido, e claro, a telemedicina como uma alternativa para fazer um atendimento prévio. Além desse papel fundamental, a internet cresce como alternativa de entretenimento. Percebemos que o consumo de streaming e vídeos online cresceu, teve um pico em abril e segue acima da normalidade. Além disso, o consumidor dentro de casa tem mais propensão a consumir online, a transacionar pela internet. A internet proporciona a possibilidade de continuar a vida normal e impulsiona outros setores”, comentou.
Henrique Simões, focado no varejo, conta que está acontecendo uma migração do tipo de consumo. “As pessoas que estão represando compras estão abrindo mão do consumo pessoal, com produtos autoindulgentes sendo colocados na fila. E nesse momento a estrela é a utilidade doméstica. Tem muita marca que afirma estar vendendo tanto ou mais do que antes da pandemia. O relacionamento com a casa tem feito as pessoas identificarem essas necessidades. Vemos que a medida que o tempo for passando e a vida for voltando mais próximo da normalidade elas tendem a colocar o consumo pessoal novamente em pauta”, explicou.
Thiago Mariano, especialista no mercado automotivo, comentou que uma pesquisa recente na Globo sobre o que fica após a pandemia mostrou movimentos que já aconteciam, mas que nesse momento de crise as pessoas ganharam maior consciência. “Dois blocos dessa pesquisa são ligados a inclusão social e outro a sustentabilidade, carros eficientes. Isso é conflitante num momento que o país passa por uma crise econômica e você tem produtos com preços diferenciados, porque um carro elétrico, por exemplo, é normalmente mais caro. E as pessoas vivem um paradoxo. O Brasil se divide em dois polos: no polo mais rico essas questões ligadas a sustentabilidade e a valores terão mais peso nas decisões de compra. E no polo mais pobre, as pessoas vão buscar preço e promoções. Temos uma pesquisa que mostra que 55% das pessoas trocariam sua marca preferida por uma marca em promoção, e outra pesquisa mostra que 52% acreditam que as marcas que fazem promoção são tidas como parceiras e amigas. É um momento bem conflitante, em que por um lado se valoriza bastante esse lado de ética e sustentabilidade, por outro lado o bolso fala bastante forte, especialmente em algumas classes”, observa.
“Do lado positivo as empresas que tem como core o delivery estão super bem, até porque se tornou alternativa para outros setores. Turismo e plataformas de transporte acabam retomando conforme a circulação de pessoas. Foram muito afetados, mas vemos um comportamento interessante, especialmente no turismo regional e doméstico. E também a descentralização do turismo o que acaba favorecendo pequenos empreendimentos”, comenta.
Mais dados
Em seguida, Fabia Juliasz, diretora de pesquisa e conhecimento da Globo, apresentou os principais resultados da pesquisa “Panorama Covid-19”, com dados sobre como os brasileiros estão lidando com o momento atual.
O material foi desenvolvido dentro da área de pesquisa, no pilar estratégico “Sintonia com a Sociedade”, sujo meta é desenhar quais os grandes movimentos da população e as coisas que farão sentido no futuro.
Segundo Fabia, a ideia do estudo contínuo foi entender como evoluiria o mood da sociedade e a sua jornada de consumo que, antes da pandemia, já estava num contexto complexo: polarizada e com desigualmente em crescimento, além de ter como pano de fundo a crise, a corrupção e o conservadorismo.
De acordo com a executiva, o consumidor já tem algumas regrinhas na cabeça também no que diz respeito a ida a lojas físicas. “Se por um lado o consumo online está em crescimento, por outro lado o varejo tradicional está sendo reavaliado. Vimos um crescimento na procura dos pequenos varejos principalmente para reabastecimento. E as pessoas olham para o varejo tradicional com um olhar mais racional: que tipo de loja eu vou e que vai me dar segurança? Qual tem menos pessoas no local, é perto de casa, tem preço acessível, se está cumprindo as medidas sanitárias etc”, comenta.
Ela lembra ainda que esse momento de compra, para quem ficou meses em casa quase sem sair ou sem sair de forma alguma, passa a ser algo quase social. “Isso ganha uma importância que não tinha antes. A gente viu grandes filas em vários shoppings, por exemplo. É interessante para observar as pessoas e o que esse momento de saída de casa pode oferecer”, diz.
Por fim, a executiva destacou que essa é a primeira vez que a Globo abre um estudo com tantas informações e possibilidades de cruzamentos. “Todo esse estudo está detalhado em um dashboard que disponibilizamos. Vimos tanto valor nesse estudo que achamos que seria um serviço para os nossos parceiros, marcas e agências, e que seria um momento interessante de compartilhar informações para ajudá-los nos planejamentos, estudos e análises.”