"A gente tem um poder de persuasão"
O Museu da Língua Portuguesa, um dos principais da capital paulista, foi o palco escolhido pela Rede Globo para o seminário “Menos é Mais”, uma iniciativa da Rede Globo que aconteceu na tarde desta segunda-feira (29). O encontro reuniu especialistas que conversaram sobre as novas formas de consumo – debate esse mediado pelo jornalista e apresentador André Trigueiro.
Sergio Valente, diretor da Central Globo de Comunicação, explicou o papel da emissora nesta busca por um mundo melhor. “A gente tem um poder de persuasão, um poder de penetração e um poder de estar na vida das pessoas muito grande que é incrível e a gente quer que esse mundo exista cada vez mais forte”, afirma.
Valente contou ainda que o “Menos é Mais” é, entre outras coisas, uma junção de forças. “Nós sabemos comunicar, mobilizar pessoas, e contar histórias. Então, pensamos em ficar lado a lado das pessoas que sabem sobre sustentabilidade”, diz.
Outro ponto que o executivo tocou, durante seu discurso de apresentação, foi em torno do verbo consumir. “Não existe isso de consumir menos, o que existe é consumir melhor. Do que adianta, por exemplo, você comprar dez, 15, 20 carros sendo que todos esses carros não conseguem andar porque ficam engarrafados no trânsito?”, questionou.
A campanha “Menos é Mais” foi lançada em março deste ano pela Rede Globo com o objetivo de propor uma reflexão sobre o uso consciente dos recursos e reforçar a responsabilidade de cada cidadão no desenvolvimento sustentável do planeta.
A primeira fase do projeto contou um filme institucional. “Menos desperdício e mais consciência. Menos indiferença e mais participação”, foi o que disseram atores e apresentadores como Dira Paes, Dani Suzuki, Paolla Oliveira, Milton Gonçalves, Camila Pitanga, Otaviano Costa, Flávia Alessandra, Paulo Vilhena, Pedro Bial, Lilia Cabral, Marcos Palmeira, Tadeu Schimdt e Fátima Bernardes.
“Não acreditamos que a plataforma terminou na veiculação da campanha, ao contrário, ela se iniciou com a veiculação da campanha. Ela pretende convencer internamente, externamente, enfim, pretende contribuir nesse caminhar para consumir melhor”, destaca Sergio Valente.
Debate
O ponto alto do encontro foi o debate realizado entre Ricardo Abramovay, professor da USP e coordenador do projeto Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) sobre impactos socioeconômicos das mudanças climáticas no Brasil, Lisa Gunn, diretor de comunicação e mobilização do Greenpeace, e Rodrigo Bandeira, da plataforma de participação política Cidade Democrática.
Abramovay, o primeiro a falar, fez críticas às políticas públicas. “Elas (as políticas públicas) e a humanidade são preparadas para fazer e ter cada vez mais”, diz. Para ele, o ideal é, sim, ter menos. “Precisamos de menos desigualdade, mas não apenas de desigualdade de renda, e sim, de educação, de saúde, entre outras tantas coisas”, afirma. “O método que utilizamos para conseguir energia está baseado no mais”, complementa.
Já Lisa Gunn defendeu a ideia de mais informação. “Para que possamos ser mais consciente é preciso de informação, não existe outro caminho, mas quando falamos nisso já percebemos um gap muito grande”, ressalta. A internet foi outro ponto que esteve na fala de Lisa. “A internet pode ser um excelente instrumento para compartilhar boas iniciativas”, destaca.
O indivíduo como protagonista da causa foi um dos pontos levantados por Rodrigo Bandeira. “É totalmente possível construir uma agenda a partir das pessoas, para isso, temos que trabalhar políticas públicas”, defende.
Seguindo mais ou menos a mesma linha, Ricardo Abramovay falou o que seria, para ele, o start. “O primeiro passo seria a insatisfação com o próprio consumo. A base do menos é mais não ser a culpa nem o medo”, diz.