Globo investe em “nova embalagem”
Mais do que a apresentação das novidades que devem integrar sua grade em 2013, a Globo transformou o tradicional evento de lançamento da programação, antes restrita aos profissionais do mercado publicitário e de comunicação em geral, em um grande show que pretende se tornar uma festa anual a ser apreciada também pelo telespectador. Com apresentações musicais e esquetes ao vivo para destacar séries, novelas e os planos para esporte e jornalismo, a festa – realizada na noite desta quarta-feira (27) no Credicard Hall, em São Paulo – ganhou ares hollywoodianos, tendo sido captada por diversas câmeras para ser transmitida, na íntegra, nesta quinta-feira (28).
O evento marca o novo momento da emissora, que no início de janeiro passou a contar com um time de líderes renovado, comandado pelo agora diretor-geral Carlos Henrique Schroder – em substituição a Octávio Florisbal. Além dele, o grupo é formado por Willy Haas, diretor de negócios e de comercialização; Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo e esportes; Fernando Bittencourt, diretor-geral de engenharia; Manoel Martins, diretor-geral de entretenimento; Amauri Soares, diretor-geral de programação; e Sergio Valente, diretor-geral de comunicação. “Formamos um time de executivos que participa semanalmente de todas as decisões. A intenção é gerar o máximo de conversação possível, inquietar mais, provocar mais, instigar mais. E você não imagina o número de projetos e boas ideias que aparecem nesse processo”, ressaltou Schroder em seu primeiro discurso aberto no novo cargo, assumido em janeiro. “Queria começar a gestão, conhecer a máquina mais detalhadamente para poder falar com maior propriedade”, explica.
Os primeiros resultados já são sentidos ao sintonizar o canal, especialmente pelo tom da campanha “Vem_aí”, primeiro grande projeto de comunicação a cargo de Valente após sua saída da DM9DDB. Fugindo das vinhetas básicas de apresentação de longas, séries e novelas que serão exibidos no ano em questão, a campanha foi baseada em linguagem de teaser, instigando o telespectador a acompanhar o evento de lançamento, contando ainda com a presença de grandes artistas brasileiros – integrantes ou não do staff da Globo. “Trabalhamos uma festa tão bonita todos os anos e pensamos: Por quê não dividi-la com o público? Acho que este evento pode se tornar um evento anual e esperado pela audiência”, analisou o diretor-geral. Sobre os novos rumos da comunicação, ele destaca: “Antes do Sergio, a CGCOM (Central Globo de Comunicação) era muito mais focada na comunicação com a imprensa, o que se consolidou aqui dentro. Com isso, podemos agora ir além, encontrar uma maneira diferente de ‘embalar’ a Globo”.
Apesar de ter a apresentação da “nova programação” como ponto central de sua festa, a Globo não pretende ter uma grade engessada no longo período de um ano. Segundo Schroder, a postura de estudar e discutir ações interessantes a todo o momento, junto ao dinamismo que a TV é obrigada a adotar atualmente, não permite mais que a programação seja fechada para um período tão longo. “O que estamos fazendo aqui é mais uma celebração que a apresentação da grade para 2013 em si. Discutimos muito sobre o modelo e entendemos que não é preciso fazer reformulações a todo instante, mas é necessário saber se renovar sempre. A Globo finalizou 2012 com novidades, como o ‘The Voice Brasil’, e começou 2013 com mais novidades, como ‘Pé na Cova’. Já temos muitas coisas definidas, mas com certeza teremos novidades a todo momento”, afirmou.
Desafio
A comunicação da emissora seguirá a premissa da própria programação. “Não é um desafio só meu, mas de todo mundo. Eu sirvo como um gatilho disso tudo, com uma ótica diferente, mais publicitária, dentro dessa megaestrutura. Para você ter uma ideia, esta é minha quinta semana na Globo e eu já fiz 45 filmes – e isso só é possível quando você tem trabalhando junto um time extremamente capaz e talentoso. Não estou vendo tudo isso como uma campanha, mas sim como um projeto de vida, uma sucessão de ações. Aqui você tem que surpreender o consumidor o tempo inteiro, tem que inventar um jeito novo de chegar nele a cada segundo. Se no mundo da publicidade você tem que renovar a comunicação após uma concorrência, aqui você tem que fazer isso a toda hora”, enfatiza Sergio Valente.
Para o diretor, o trabalho a ser feito a partir de agora se assemelha em vários aspectos com o que ele fazia anteriormente. “Estar em uma agência ou numa grande produtora de conteúdo, como a Globo, caracterizam maneiras diferentes de se fazer a mesma coisa: construção de marca. “Eu continuo sendo um construtor de marca, mas ao invés de me dedicar a refrigerantes, carros ou motos, me dedico à emissora, a pessoas e a programas”, completa.
Grade
As principais novidades ficam a cargo das séries e novelas que estreiam nos próximos meses. A aposta central é a estreia de Marcelo Adnet na série “O dentista mascarado”, escrita por Fernanda Young e Alexandre Machado, tendo ainda Leandro Hassum e Taís Araújo no elenco. Em tom cômico, a atração mostrará as aventuras de o dentista Paladino, vivido por Adnet, que tem a identidade secreta de um super-herói. A emissora também investe em um novo seriado policial: “A teia”, com participação de João Miguel, Paulo Vilhena e Luiz Carlos Miele.
Já entre as novas novelas estão “Amor à vida”, estreia de Walcyr Carrasco na faixa das 21h e que terá Paolla Oliveira, Mateus Solano, Malvino Salvador e Antônio Fagundes no elenco, falando sobre famílias que guardam segredos que não podem ser revelados; “Sangue bom”, comédia romântica de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari para a faixa das 19h, com encontros e desencontros de seis jovens – vividos por Marcos Pigossi, Sophie Charlotte, Humberto Carrão, Fernanda Vasconcellos, Isabelle Drummond e Jayme Matarazzo; e “Saramandaia”, escrita por Ricardo Linhares e inspirada na obra original de Dias Gomes.
A emissora também ganha dois ex-atletas como grandes reforços para o comentário esportivo. Ronaldo passa a dividir a “Central da Copa” com Tiago Leifert e Alex Escobar. Já para o automobilismo, Galvão Bueno, Reginaldo Leme e Luciano Burti contarão com o reforço de Rubens Barrichello.
Seguindo ainda a linha de “renovação sem necessária reformulação”, a Globo também planeja novas temporadas de “The Voice Brasil”, com o quarteto Carlinhos Brown, Claudia Leite, Daniel e Lulu Santos; “Tapas e beijos”, protagonizado por Andrea Beltrão e Fernanda Torres; “Na moral”, com Pedro Bial; “Louco por elas”, com Du Moscovis, Deborah Secco e Glória Menezes; “Pé na Cova”, com Miguel Falabella e Marilia Pêra. Novidades pontuais também serão apresentadas ao longo do ano nas atrações que permanecem na grade, como “Altas Horas”, “Amor & Sexo”, “Esquenta”, “Caldeirão do Huck”, “Estrelas”, “Encontros”, “Mais você”, “Programa do Jô” e “Fantástico”.
Conceitos
Interatividade está no topo das preocupações da nova direção da Globo. E isso não significa apenas ações no mundo digital, mas sim a realização de um trabalho contínuo que leve a emissora a participar cada vez mais profundamente do dia-a-dia do público. “Precisamos estar perto do telespectador. Temos a obrigação de acompanha-lo onde ele estiver. Hoje estamos em ônibus, trens, metrôs, até em barcas. Não pode existir uma carência. É fundamental que a gente entenda o que eles pensam. O desafio é capturar esse espectador onde quer que ele esteja”, ressalta Schroder.
O diretor geral também enfatizou que a preocupação não pode ser apenas com os índices de audiência, mas sim com a relevância que seu conteúdo consiga gerar. “Temos uma preocupação uniforme para todas as diretorias: gerar conteúdo de relevância. Queremos que a Globo esteja nas discussões cotidianas, nas mesas dos bares, nas conversas em geral. Que ela faça parte da vida da sociedade”, completa.
Sobre a internet, Schroder não enxerga o meio como concorrente, mas sim como um agregador. “Hoje temos três pilares na internet: jornalismo, entretenimento e esporte; e somos líderes nos três. A internet pode funcionar como a extensão de nossos conteúdos, como um meio de ofertas exclusivas e como uma forma de resgatar aquilo que o público perdeu ou quer rever. Ela é complementar, como provam as pesquisas sobre o que chamamos ‘duas telas’, além de facilitar muito a interatividade entre a TV e o telespectador”, conclui.