A Rede Globo de Televisão caminha aceleradamente para ocupar o segundo lugar no ranking das TVs abertas em todo o mundo no item faturamento publicitário, que remunera 100% da sua operação de transmissão de conteúdo gratuito. A previsão é do diretor geral da emissora, o executivo Octavio Florisbal, na apresentação da programação do primeiro semestre de 2011, cerimônia realizada em grande estilo nesta terça-feira (29), no Teatro Alpha, em São Paulo, com direção de Luiz Gleizer, que deixou de lado o formato power point para exibir show ao vivo com destaques do seu elenco pontuado pelos âncoras Tiago Leifert e Fernanda Lima.

O mercado brasileiro de televisão aberta é o 5º do mundo e dá passos consistentes para subir uma posição em 2011. No caso da Globo, segundo Florisbal, apenas TVs americanas superam seu desempenho. Ela está entre as três emissoras mais robustas e ambiciona o segundo posto atualmente com a ABC. O primeiro é da CBS.

O crescimento da Globo no ano passado foi de 23%, equivalente a R$ 7,5 bilhões de faturamento com publicidade. “Foi o melhor ano da história da Rede Globo”, sintetizou o acionista João Roberto Marinho.

O balanço da emissora deve confirmar a expectativa, já que o valor exato Marinho não pode comentar devido a ritual de silêncio da Comissão de Valores Mobiliários antes da publicação do balanço finaceiro previsto para os próximos dias. Na avaliação de Florisbal, as TVs abertas do País vão continuar crescendo em volume de espaços negociados e também em audiência.

Ele cita as 50 milhões de pessoas que sintonizam a Globo no Jornal Nacional, “maior do que os quatro telejornais das principais redes americanas (NBC, CBS, ABC e Fox) juntas. Telejornais chineses poderiam superar a Globo, mas são pulverizados por regiões e perdem o caráter nacional.

“Apoiamos o modelo brasileiro de publicidade e o trabalho realizado por entidades corporativas como a Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) e o Conar (Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária). Queremos registrar o grande otimismo com o Brasil. Enxergamos um futuro cheio de possibilidades para todas as áreas, especialmente na comunicação onde queremos ser protagonistas”, ressaltou o presidente da Rede Globo que tem cerca de 50 formatos comerciais disponíveis, dos comerciais de 30 segundo a ações de merchandising em programadas como Big Brother Brasil, o campeão desta modalidade. A Globo exibe 17 milhões de comerciais na sua grade de programação autorizados por 50 mil anunciantes e criados por seis mil agências de publicidade.

Transmissão em 3D

Florisbal também está atento à oferta de imagens em 3D, mas antes quer dimensionar em definitivo a transmissão em alta definição, hoje concentrada no chamado horário nobre. Até o final de 2012 planeja que 70% da programação chegue aos monitores em HD. A nova programação tem de tudo, de reality com os apresentadores do “Fantástico”, Zeca Camargo e Renata Ceribelli, que terão que perder peso em projeto que tem duração de três meses. Tudo acompanhado por câmeras da atração dominical da Globo. Ou “Macho man”, minissérie cujo roteiro contempla um ex-gay vivido por Jorge Fernando, e “Divã”, com Lilia Cabral. O Jornal Nacional passa contar com avião permanente para deslocamentos de repórteres. “Mas só adiantamos o primeiro semestre para não atrair tanto a atenção da concorrência”, brincou Florisbal que não se omitiu de comentar quaisquer assuntos.

Campeonato Brasileiro

Sobre a negociação da transmissão do Campeonato Brasileiro de futebol com o Clube dos 13, deixou claro que a Rede Globo deve defender o seu direito “devido aos laços históricos com o esporte e também nas questões relacionadas ao desenvolvimento do produto”. Não participou do leilão, vencido pela RedeTV!, que aceitou pagar R$ 516 milhões por ano (o contrato é de três anos), e partiu para negociações individuais com os clubes. Já tem acordo firmado com 15 clubes, entre os quais os campeões de audiência Corinthians e Flamengo. O valor pago diretamente aos clubes, porém, vai aumentar o valor das cotas de publicidade que para este ano chegaram a R$ 134 milhões a unidade, vendidas para Vivo, Banco Itaú, Coca-Cola, Casas Bahia, AmBev e Volkswagen, além do Top de 5 segundos para a Olympikus. Florisbal não revela os detalhes dos contratos, mas admite que a emissora cogitou a hipótese de não ter o campeonato Brasileiro na grade de 2012.

“Com o Brasileirão transmitimos cerca de 110 jogos. Sem ele diminuiríamos para para 80 jogos. Nesse caso o valor da cotas diminuiria na proporção, afinal temos 10 campeonatos regionais, Copa do Brasil, Copa Sulamericana, Copa Libertadores da América, jogos da Seleção Brasileira e as etapas finais da Champions League. Esses campeonatos estão assegurados pelos próximos seis ou sete anos. Mas decidimos lutar pelo Brasileirão. O Clube dos 13 é um intermediário. A palavra final é dos clubes. Sabendo disso, montamos nossa estratégia. Com a nova configuração, o preço do produto vai ficar mais elevado e nos primeiros dois anos não deve dar retorno financeiro. Mas ele vem lá na frente e de outras formas, principalmente a de atender os interesses do telespectador.

Novas mídias

Com as novas telas (celulares, tablets, computadores e nos espaços de mídia out of home (ônibus, metrôs, trens, escritórios, elevadores, navios, aviões e aeroportos, por exemplo), Florisbal crê que o cálculo de audiência sofrerá alterações sistemáticas. Defende o people metter do Ibope, sistema que captura a informação exata do comportamento da audiência diante da TV. Ele citou as falhas da apuração “Flagrante”, porta a porta, e posteriormente as anotações em cadernos pelos integrantes da amostra do Ibope.

“A média de audiência da Globo é similar à de dez anos atrás. Ela diminui, porém, porque há outras ofertas que concorrem com a TV aberta, como games canais a cabo e DVDs, só para citar alguns rivais. Mas oscilamos de lá pafra cá entre 19% e 21% de participação. Acho que o pessoal da Globosat não vai gostar, mas 70% da audiência das TVs pagas, agora com mais de 10 milhões de assinantes, é das emissoras abertas e com predominância da Rede Globo. Não aprovamos os bureaus de mídia no Brasil, mas um estudo do Zenith Media, do Publicis Groupe, mostra que o interesse pelas TVs abertas cresce nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Isso significa mais investimentos dos anunciantes nessa mídia”, ele comentou.

Para Florisbal, o plano da Globo é continuar “entretendo e informando com qualidade”. Uma das novidades deste ano é a implementação de uma rede de internet com as 122 emissoras afiliadas. Serão 28 portais dos grupos controladores das afiliadas que terão os conteúdos do G1 e Globo Esporte e também regionais. As unidades próprias da Globo no Rio e São Paulo já têm seu próprio portal, assim como as redes RPC (Paraná) e Bahia (TV Bahia). “Este ano teremos mais oito portais”, resumiu Florisbal que vai transferir o modelo comercial da Globo com as afiliadas para a operação web. “O rateio será de 50% para cada um. Hoje comercializamos toda a publicidade da rede, a não ser os comeciais regionais que fica por conta dd cada emissora, e a divisão é meio a meio. Vai ser assim”, ele finalizou.

por Paulo Macedo