Gourmetização dos serviços entra na pauta da cidade
Gourmetizar se tornou um verbo comum para a oferta de produtos e serviços na cidade de São Paulo. O termo traz consigo elegância, sofisticação e, por outro lado, vanguardismo. Isso porque, ao mesmo tempo em que a gama de produtos está concentrada em locais de alto nível, ela também está nas ruas, ganhando toques artesanais, com componentes de qualidade.
Os food trucks são bons exemplos dessa moda que chegou em São Paulo e agora já se espalhou por todo o Brasil. Veículos equipados com cozinhas estacionam seus cardápios pela cidade em busca de consumidores interessados em provar aquela comida de sempre, mas com toques especiais.
Até a tradicional coxinha brasileira entrou na onda dos restaurantes sobre rodas. A marca Só Coxinhas começou em 2014 com uma ideia simples: vender coxinhas em tamanhos menores, com recheios como frango, carne e Nutella. Com investimento inicial menor que R$ 150 no Facebook, os anúncios pagos fizeram as 40 mil coxinhas preparadas para a inauguração se esgotar em seis horas.
A partir daí, o negócio expandiu e, em 2016, virou franquia. João Victor Curial, sócio-fundador do Só Coxinhas, afirma que, antes de inaugurar, teve dúvidas sobre como uma cidade tão grande e movimentada poderia perceber seu negócio. “O que vemos hoje é uma São Paulo de convívio, troca de experiências e oportunidades. A cidade é uma verdadeira incubadora capaz de acolher desde projetos simples até os mais inusitados”, afirma Curial.
A coxinha de Nutella não passa despercebida no cardápio de versões doces
Mas para quem quer muitas opções em um só lugar, os food parks reúnem o melhor da categoria num ambiente a céu aberto. O Marechal Food Park, por exemplo, tem 4 mil metros quadrados, com 40 operações em contêineres, além de bikes, food trucks e trailers. O projeto é uma iniciativa da KQI Produções, capitaneada por Mauricio Schuartz e Daniela Narciso.
Segundo Fabio Mariano, professor de ciências sociais e de consumo da ESPM, os food trucks fazem parte dessa gourmetização, porque propõem algo diferente. “Aquela carrocinha de cachorro quente é diferente de um food truck, porque existe outro conceito, com outros ingredientes e o local proporciona que se viva um momento com uma nova experiência”.
Até os brigadeiros, que são famosos nas festas infantis, têm experimentado o gosto da sofisticação. Lojas especializadas transformaram uma das guloseimas mais brasileiras em um item de luxo nas vitrines. Uma das precursoras desse movimento foi Juliana Motter, a dona da Maria Brigadeiro. O doce ficou gourmet, com sabores que ultrapassaram o tradicional chocolate e o transformaram em febre nacional, com inúmeras franquias reproduzindo o sucesso da marca pelo país afora.
São Paulo online
As redes sociais são fortes aliadas de quem quer manifestar a sua admiração pela cidade e até mesmo reunir dicas do que está rolando. Alguns perfis no Instagram, por exemplo, ajudam os seus seguidores a buscar atrações diferenciadas. O @parqueibirapuera estimula, com imagens, que os paulistanos curtam o parque e ajudem na preservação do espaço. Já o @findandeat tem como mote “procure aqui o que comer ali” e oferece uma série de opções para os amantes da gastronomia. Os que são apaixonados por turismo conseguem explorar a cidade seguindo as dicas do @saopaulocity, que reúne cliques colaborativos com pontos de vista diferenciados.
“Os aplicativos também são fortes em São Paulo, exclusivos daqui, porque a cidade está cada vez mais digitalizada. Por isso, serviços como o Uber ficam ainda mais populares”, enfatiza Mariano.
Marcas
Com um espírito livre e diverso, a cidade de São Paulo também atrai as principais marcas de consumo do mundo, assim como exporta sucessos e tendências. A Starbucks, cafeteria norte-americana, possui lojas no mundo todo e desembarcou na cidade em 2006. Hoje já possui 105 lojas no total, espalhadas pelos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Apenas na capital paulista, há 50 lojas, 11 delas na região da Avenida Paulista.
O copo de café da Starbucks é o ícone da marca e já é popular pelas ruas de São Paulo; rede no país está adaptada com cardápio local
“A Starbucks é uma marca dinâmica, assim como o público da cidade de São Paulo.Nós recebemos quem está de passagem e prefere levar seu pedido para consumir no caminho para um compromisso, além de oferecer ambiente acolhedor e wi-fi gratuito para quem vai se acomodar em uma de nossas mesas para trabalhar ou estudar. São Paulo é agitada, propõe diversos momentos de consumo e a Starbucks está pronta para atender ao cliente em todos eles”, explica Bianca Bader, gerente de marketing da Starbucks Brasil.
Outro nome internacional que escolheu a capital paulistana para o seu primeiro escritório no Brasil foi o serviço de hospedagem Airbnb. Ele chegou por aqui em 2012 e a cidade é o segundo mercado do serviço no Brasil, com mais de oito mil espaços anunciados, atrás apenas do Rio de Janeiro, com mais de 20 mil. E São Paulo não vive só de importações.
A moda exporta tendências, produtos e nomes para o resto do país e do mundo. Alexandre Herchcovitch é um dos nomes mais requisitados no mundo fashion e um típico paulistano. O estilista estudou na cidade e hoje desfila as suas coleções em importantes semanas de moda internacionais, sendo responsável por parcerias de sucesso com marcas no Brasil, como Chilli Beans, McDonald’s e C&A, entre outras.
Le Lis Blanc, Luigi Bertolli, NK Store, Bô.Bo, Neon, Triya, Cori, Emme são também paulistanas que espalham as suas modas, assim como São Paulo, por aí.