Saber enfrentar as adversidades econômicas e tecnológicas são constantes no mercado de comunicação. E saber superá-las significa fincar suas propostas e solidificar sua marca nesse meio ultracompetitivo. E com as indústrias gráficas, que atendem anunciantes e agências publicitárias, não é diferente.
Sabe-se que a crise econômica mundial afetou todos os setores da economia. De acordo com a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), a indústria gráfica brasileira, constituída por cerca de 19 mil empresas e empregadora de aproximadamente 220 mil pessoas, encerrou 2009 com queda de 1,6% na produção física de produtos, medidos em volume de papel impresso. O resultado decorre de queda de 20,9% na produção de cadernos e 0,6% na de embalagens impressas e de incremento de 5,3% na área de impressos editoriais e 3,9% na produção de impressos comerciais.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de janeiro a dezembro de 2009 as exportações brasileiras de produtos gráficos totalizaram US$ 220,21 milhões, representando queda de 13,9% em comparação com o ano anterior. As importações foram de US$ 297,78 milhões, o que significa redução de 19,5%. Todos esses dados são do setor em geral. Mesmo assim, as gráficas que atendem exclusivamente empresas de comunicação afirmam que seu crescimento foi impactado, mas que superaram e hoje estão otimistas, prevendo um crescimento de 30% para 2010.
A Laborprint, por exemplo, teve um crescimento em 2009 de 7% superior ao de 2008. E para 2010, a expectativa é de crescer 30% em relação ao ano passado. “O ano de 2010 tem sido excelente para a Laborprint. A Copa do Mundo também ajudou a aquecer o mercado. Fechamos contratos a longo prazo com grandes clientes para o fornecimento de malas diretas”, afirma Pedro Henrique Camiloti, diretor de marketing e vendas da Laborprint.
A Burti teve um crescimento além do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009 e este ano o crescimento é positivo. “Em 2010, o cliente voltou a ter prazer em ousar sem medo de errar. Para isso, temos que ter agilidade, preço, criatividade e qualidade”, diz Leandro Burti, vice-presidente executivo da Burti. A empresa está tão otimista que acaba de abrir sua quinta unidade de negócios chamada BurtiPix. As atividades da unidade, que surgiu a partir da compra da Afinitat Digital, envolvem criação e produção de campanhas para a internet.
A Stilgraf “não cresceu nada” em 2009, como ressalta Antônio Sérgio Franco, diretor-presidente da Stilgraf. “Nosso faturamento foi de R$ 100 milhões, igual a 2008. Este ano esperamos crescer 10%. A Copa do Mundo deu uma aquecida nos negócios e nosso faturamento deve ser de R$ 110 milhões”, comenta Franco. Para ressaltar seu trabalho, a Pancrom, gráfica que iniciou suas operações em 1945, começou a veicular no ano passado a campanha “A gente é o que a gente imprime”, criada pela Fess’Kobbi.
Internet auxilia desenvolvimento
Inovar nos serviços é sempre uma boa saída para se sobressair no mercado de comunicação. E as gráficas, atentas às novidades do setor, aliaram-se ao meio digital para incrementar seu trabalho.
A Burti, por exemplo, acaba de criar um aplicativo para o iPhone. O Via!Burti, nome do software, envia arquivos a veículos de comunicação e já está disponível na App Store para download gratuito. Com o aplicativo é possível acompanhar o status de anúncios, fazer o preview, liberar e agendar veiculações, além de visualizar confirmações de recebimento e, até mesmo, solicitar a produção de provas. “Eu vejo o digital como uma oportunidade. Tanto é que fizemos esse aplicativo para o iPhone no qual o cliente pode ver os anúncios e fazer alterações pelo celular”, explica Leandro Burti, vice-presidente executivo da Burti. O executivo afirma que a internet não é uma ameaça para o papel. “O papel está mais sensorial e este é o diferencial em relação à tela do computador. As mídias se complementam. Essa é a inteligência que se deve ter”, afirma Burti.
A Stilgraf, que fará um investimento na empresa de € 2 milhões neste ano, também procura enxergar a internet como um suporte para seu trabalho e não como um concorrente. “O mercado gráfico dá suporte para todos os jobs promocionais e a internet ajuda na sua realização”, fala Antônio Sérgio Franco, diretor-presidente da Stilgraf. Franco também diz que os avanços tecnológicos refletem nas criações publicitárias. “É uma mudança muito grande. As agências criam peças mais elaboradas e o produto fica mais atrativo”.
A Laborprint possui uma unidade chamada Labor.Direct, na qual recebe com segurança todo o material, trata e manipula os bancos de dados, além de ter soft-wares novos. “As mídias digitais estão crescendo, mas não substituem a mídia impressa. Uma mala direta customizada, com conteúdos exclusivos para cada cliente, agrega grande valor ao produto, atinge um número muito maior de clientes e oferece um retorno superior comparado à mídia digital”, diz Pedro Henrique Camiloti, diretor de marketing e vendas da Laborprint.
por Maria Fernanda Malozzi