GRPCom leva conteúdo para vários meios

O Grupo Paranaense de Comunicação (antiga Rede Paranaense de Comunicação e agora chamado GRPCom) é o maior do Estado. Reúne as oito emissoras de televisão RPC TV afiliadas à Rede Globo no Paraná, os jornais Gazeta do Povo e Jornal de Londrina, o jornal online Gazeta Maringá, as rádios 98 FM e Mundo Livre FM, além de um novo canal a cabo chamado Ó TV e um instituto de responsabilidade social. O GRPCom está fazendo a integração das mídias e oferecendo soluções multiplataformas.

O novo nome está vinculado ao posicionamento e fortalecimento das unidades de negócio. Guilherme Cunha Pereira, vice-presidente do GRPCom, conta que o importante é cada veículo manter sua personalidade, independente da forma como o conteúdo seja distribuído. “Estamos onde está o público”, diz Cunha.

Como está o GRPCom hoje?
O grupo tem o reconhecimento de ser o maior grupo de comunicação do Estado. Está num momento muito bom. Há muitos anos que vem tendo uma performance sólida. Estamos estruturados em um modelo de negócios que permite paulatino crescimento. Podemos crescer sem os entraves que um crescimento acelerado às vezes causa. Nos últimos dez anos, conseguimos criar uma identificação forte e sólida com nosso mercado, o que facilitou nossa expansão. Os resultados, em termos de audiência e lucratividade, são excepcionais. Estamos estudando cada vez mais novas oportunidades.

Que novas oportunidades são essas?
Estamos atentos às mudanças de comportamento das pessoas e de novas tecnologias, olhando cuidadosamente as novas maneiras de entrar em contato com nosso público. Pretendemos nos conectar cada vez mais com os consumidores, leitores, telespectadores, ouvintes e internautas por meio dos nossos veículos, independente da forma. Estamos onde está o público.

Esse crescimento é no mercado paranaense ou vocês pretendem expandir para outros mercados?
Queremos ter um grupo que tenha muito a dizer e que influencie o cenário regional. O modelo que a gente vem construindo permite uma expansão para fora das fronteiras. A prioridade é o Paraná. Ainda há muito espaço para crescer por aqui. Acreditamos no potencial do Estado e há muito o que fazer no interior, por exemplo. O grupo tem um DNA muito forte que tem muito a levar de conteúdo e serviço em todo o País.

Por que o grupo mudou de nome?
Por uma razão bem simples. Aproveitamos o aniversário de 50 anos para fazer a mudança e unificamos a identidade para todos os veículos. Apostamos no nome que se identifica com a televisão. RPC é o nome da TV e do grupo para que todos os veículos se sentissem representados pelo nome. Fizemos uma política de valorização de cada veículo.

Como o grupo está posicionado no mercado?
É líder em todos os veículos, tanto em televisão quanto em jornal. A RPC é retransmissora da Rede Globo. O jornal Gazeta do Povo é líder em circulação no Estado. O Jornal de Londrina também é o maior jornal com distribuição gratuita certificada pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação) na cidade de Londrina. A empresa lançou, em Maringá, a Gazeta Maringá, jornal em formato online que traz conteúdo local. As rádios também são líderes nos seus segmentos. A Mundo Livre FM, que é uma emissora segmentada, está crescendo a audiência nos últimos dois anos. Teve 90% de crescimento. Temos um instituto de responsabilidade social. O grupo conta atualmente com cerca de 1.900 colaboradores.

Que investimentos vocês estão fazendo?
Nós fizemos um investimento muito forte em televisão aberta. Temos acelerado o processo de digitalização. O montante total é de cerca de R$ 80 milhões. Pretendemos, em curto prazo, cobrir o Paraná inteiro com a TV digital, tanto nas geradoras quanto nas retransmissoras. O plano é fazer isso em quatro ou cinco anos. Isso antecipa as metas do Ministério. Além disso, fizemos investimentos importantes no novo canal, o Ó TV, dirigido ao público de Curitiba. O canal, transmitido a cabo, discute os problemas da cidade, abordando todos os assuntos de interesse local. É uma verdadeira janela para que os curitibanos se encontrem. Investimos R$ 6 milhões e já temos uma equipe de 60 pessoas trabalhando no Ó TV, que entrou no ar no dia 19 de maio. Como é um canal fechado, permite apresentarmos questões com maior profundidade que não podem ser vistas na TV aberta. Temos investido muito no jornalismo local, ampliando o número de equipes. Fizemos uma reestruturação para que toda região sinta que está sendo retratada. Além de ampliar as equipes de jornalistas, também investimos nas equipes comerciais. Investimos R$ 10 milhões em jornal também. O grande foco deste ano é a estratégia digital, integração das plataformas, mobilidade etc.

O canal fechado voltado para comunidade, a Ó TV, já tem algum resultado?
O novo canal ocupa um lugar estratégico dentro do grupo. Ainda não tínhamos uma TV a cabo. Tivemos um retorno excepcional através das mídias sociais. O número de manifestações espontâneas aponta para o acerto da grade.

Quais são as metas do Grupo?
Nossas metas crucialmente importantes são: percepção de imagem, conexão (audiência) e  receita.

Por que metas crucialmente importantes?
Em muitas empresas, os colaboradores não conhecem os seus objetivos estratégicos. Ao definirmos assim, de forma explícita, a gente facilita a própria comunicação dessas metas. Nosso objetivo é que todos os 1.900 colaboradores tenham um conhecimento muito claro e estejam completamente comprometidos com essas metas. Isso cria uma unidade, uma força de gestão muito grande. São metas que todos podem compreender e seguir. A cada ano definimos três metas para perseguir seguindo a mesma estratégia. Essas metas inclusive impactam na participação dos resultados das pessoas.

O grupo fez 50 anos recentemente. Qual é o segredo do sucesso?
O grande segredo da perenidade de um veículo de comunicação é a identidade. O que vai garantir o sucesso é a personalidade atraente e consistente. Ninguém gosta de se relacionar com uma personalidade camaleônica, artificial. O ponto mais importante é a consolidação da personalidade de cada veículo. Isso não significa imobilidade. Pode ter flexibilidade, mas sempre baseada em valores sólidos e seguros. Em segundo lugar, a audiência. O segredo do sucesso dos grandes veículos é a preocupação constante, atenta e disciplinada de audiência. O resultado econômico é, em grande parte, consequência desses dois primeiros eixos.

Como vocês estão fazendo a integração das plataformas e convergência dos meios?
Entendemos que cada veículo tem um determinado DNA que pode se manifestar em diferentes plataformas. Independente da forma, o veículo é o mesmo. O jornal Gazeta do Povo, por exemplo, não precisa se manifestar somente no papel. Pode estar em várias plataformas, se comunicando das mais variadas formas, mas seguindo sua personalidade. Abandonamos a lógica de portais que congregam todos os veículos do grupo. Cada veículo tem de ter sua própria manifestação nas diferentes plataformas. O essencial é que cada um seja no iPad, internet, mobile, siga o seu perfil. Isso permite uma forma de entender a integração de maneira mais efetiva e vigorosa.

O que vocês pensam de liberação gratuita de conteúdo no iPad?
É muito claro que a produção de conteúdo de qualidade tem um custo. Seria uma irresponsabilidade entrar numa lógica de gratuidade. As pessoas precisam compreender o valor do conteúdo jornalístico. O iPad permite a cobrança de conteúdo e os leitores estão dispostos a pagar por isso. É preciso evitar que se crie esse espírito de gratuidade que venceu na internet. Pelo próprio formato, adicionais de conteúdo e navegabilidade, é fundamental não cair no erro de não cobrar pelo conteúdo.

Qual é a vantagem do iPad em relação à internet?
O iPad traz de volta a lógica de hierarquização de notícias, a organização dos assuntos. Nós fomos pioneiros em desenvolver um conteúdo específico para o iPad com o jornal Gazeta do Povo. A leitura se aproxima da versão impressa, mas não é uma adaptação. Foi desenvolvida pela própria equipe do jornal com conteúdos multimídia, vídeos integrados às reportagens, slide show, infográficos animados, seção de últimas notícias atualizadas em tempo real. Essa plataforma também traz novas soluções para publicidade.

Esse modelo da Gazeta do Povo na versão iPad inclusive serviu de modelo para outros jornais brasileiros?
A Gazeta foi o jornal que lançou um modelo inovador feito para iPad, pois criamos um aplicativo próprio aproximando mais do impresso e a percepção foi unânime. Vários jornais do Brasil quiseram conhecer nosso modelo. Fomos pioneiros. Conseguimos reunir os recursos digitais e a hierarquia das notícias no papel. Isso reforça o conceito de que a Gazeta do Povo está onde o leitor estiver. É multiplaforma.

Vocês estão lançando jornais que só têm a versão online?
O jornal Gazeta de Maringá é todo online. Temos uma estratégia de replicar esse modelo em outras praças. Nasce online, mas nada impede de ir para o impresso. A edição de aniversário de Maringá foi impressa, por exemplo.

A missão do grupo é desenvolver, através da comunicação, o Paraná e os paranaenses. Nesse sentido, o que tem feito para alcançar essa missão?
A maior contribuição que a gente pode dar é fazer muito bem feita a nossa atividade para que a comunicação que a gente produz seja a mais propícia, a mais forte e a que mais gera desenvolvimento e aproximação das pessoas. Temos uma preocupação em fortalecer a formação dos jornalistas a fim de produzir conteúdos que contribuam para esse desenvolvimento. O mais importante é fazer com que as pessoas se envolvam com o bem comum. Levantar grandes bandeiras. Isso sempre esteve no DNA do grupo. Defender causas do interesse dos paranaenses. O GRPCom não teve receio de arriscar seu próprio sucesso em defesa dessas causas. Ampliamos a capacidade de mobilização em prol de causas mais relevantes.

Quais são as grandes causas e bandeiras que vocês têm apoiado?
Causas como a campanha pela segurança no trânsito, que teve muito impacto, foi decisiva e com resultados palpáveis. Ano passado fizemos a campanha do voto consciente, que merece uma menção especial. A ideia era fazer com que as pessoas tivessem mais consciência na hora de votar. Alcançamos a meta, pois 500 mil pessoas acessaram o site em busca de informações sobre os candidatos. É um número muito grande.As redações também ficam totalmente envolvidas nessas campanhas.

E este ano qual será a bandeira?
Neste ano estamos trabalhando para diminuir drasticamente os índices de violência no Paraná. Além dessa, há uma grande campanha adicional para duplicação de estrada. O Grupo Paranaense de Comunicação também está na segunda fase da campanha “Águas do Amanhã”, que visa alertar a população para a poluição do rio Iguaçu. Procuramos envolver a sociedade na discussão dos problemas que afetam a bacia do Alto Iguaçu. A campanha é acompanhada por ampla cobertura editorial.

Como são escolhidos esses temas?
Os temas nascem dentro das redações e no conselho editorial. O restante da organização acompanha.

Que tamanho o grupo tem?
Hoje é o maior grupo de comunicação do Paraná e está com os veículos de maior audiência. O jornal Gazeta do Povo é o mais antigo, tem 92 anos. Em venda avulsa e assinaturas, de segunda a sábado, tem 42 mil exemplares e no domingo, 70 mil. Tivemos um crescimento no faturamento de 2009 para 2010 de 17,3%. E em 2011, a perspectiva é de crescer 12% em relação ao ano anterior.

Como se mantém nesse crescimento constante?
Somos um grupo familiar. São duas famílias: Cunha Pereira e Lemanski. Todo modelo de governança é extremamente profissional.

Quais são os principais setores econômicos do Paraná e por consequência os maiores anunciantes?
O agronegócio tem um peso significativo forte. O setor automotivo, por sermos um polo da indústria, também é forte, além do varejo. Percebemos um fortalecimento do setor imobiliário e da construção civil. Está havendo um boom.

A Rede Globo está regionalizando cada vez mais a programação. Isso já está sendo feito no Paraná?
Cada vez mais. O portal da internet G1, por exemplo, está sendo produzido aqui com equipes locais com gerenciamento próprio. Programas como Globo Esporte também.

Vocês também estão entrando na área de eventos?
Há uma perspectiva de crescimento de eventos no País. Estamos investindo R$ 10 milhões em uma unidade móvel digital para produção de eventos esportivos e shows em geral. Será um caminhão com 12 câmeras digitais para fazer cobertura ao vivo com tecnologia digital. Trata-se de uma unidade autônoma que poderá prestar serviços para terceiros como para canais de TV a cabo, para Globo e mercado corporativo. A unidade poderá cobrir até mesmo regiões próximas do Paraná. Com as exigências na qualidade de imagem cada vez maior acreditamos que vai dar bom retorno.

Você tinha falado que o interior do Paraná tem muito potencial. O que vocês estão fazendo no interior para estar mais próximos da população no Estado?
Estamos ampliando a cobertura regional das oito emissoras afiliadas da Globo e as novas sucursais.

No seu entendimento, qual é o papel de um grupo de comunicação?
Pela sua força, o papel que um meio de comunicação tem na sociedade é civilizatório e de mobilização. Os meios de comunicação podem ser um grande instrumento para as pessoas realizarem seus sonhos. Desde o anseio de uma sociedade melhor, até o crescimento pessoal e cultural. Os meios de comunicação são instrumentos para realização disso.

por Ana Paula Jung – de Curitiba