Esse pessoal deve ter um traço cabeça. Ou uma idéia na cabeça e uma prancheta na mão. E seu background deve contemplar álbuns dos Talking Heads ou o “Cabeça Dinossauro” dos Titãs. Os chamados “head of art” estão invadindo as agências brasileiras, cargos considerados comuns nos mercados norte-americano e europeu, especialmente na Inglaterra. São diretores de arte que assumem responsabilidades antes restritas a diretores de criação, principalmente nos controles de qualidade dos layouts de anúncios para jornais e revistas e também de comerciais.

A Loducca é uma das pioneiras no mercado brasileiro na formalização da função, que está acima dos diretores de arte que integram equipes de criação das agências de publicidade. Ela também inclui a parte de produção gráfica, finalização, fotografia, ilustrações e RTVC (Rádio, Televisão, Vídeo e Cinema), que envolve um total de 15 profissionais. A Loducca elegeu o diretor de arte Cássio Moron para ser o seu head of art. Com 20 anos de mercado, Moron ttrabalhou na Talent, Lowe, Y&R de Madrid, Lisboa e Miami.

“Sua experiência internacional lhe deu uma visão bastante diferenciada sobre direção de arte. Suas referências estão fora da propaganda. É um cara que faz lindo de uma maneira não convencional”, argumentou Guga Ketzer, sócio e diretor de criação da Loducca, responsável pela promoção de Moron. “O head assume aquilo que vai além da concepção convencional. Ficamos atentos a detalhes que só a experiência em sets de filmagem, conhecimentos de tipografia, fotografia etc podem proporcionar ao profissional. O head tem ficar ligado da idéia à entrega”, justificou Moron.

A Ogilvy & Mather é outra agência que adotou o head of art na sua estrutura operacional e sua decisão virou benchmark no mercado. Assim que assumiu a vice-presidência de criação da agência há cerca de um ano, o vice-presidente de criação Anselmo Ramos convidou o diretor de arte Denis Kakazu para coordenar o trabalho que envolve o ambiente estético de peças gráficas e eletrônicas. “Ele é uma espécie de diretor de arte dos diretores de arte”, resume Ramos.

Na Mohallem Meirelles, Marcos Kawamura foi nomeado head of art há cerca de um mês. A agência que atende a montadora Kia e o Shopping Center Norte entendeu que deveria suprir carências, na expressão de Kawamura, de conhecimento mais aprofundado do universo das artes visuais. Kawamura argumenta que essa atividade é mais pertinente em uma agência na qual a liderança criativa tem origem na redação, caso da Mohalem Meirelles que tem como principal acionista o publicitário Eugênio Mohalem, redator de origem. Seu sócio, Fico Meirelles, é profissional de atendimento. No dia-a-dia Kawamura trabalha em dupla com a redatora Ana Carolina, mas também atua ao lado de Mohalen.

“A missão é transferir conhecimentos para os diretores de arte e com isso dar uma cara mais moderna à agência. A maior carência que observo está nos trabalhos de mídia impressa, mesmo sendo a área que garante mais prêmios internacionais para o Brasil. Na verdade, o objetivo é garantir uma contribuição para a comunicação dos clientes ser observada por aspectos diferenciados”, explicou Kawamura que já trabalhou na Y&R e FCB de Portugal e também na AlmapBBDO.

Na F/Nazca S&S, o presidente da agência Fabio Fernandes indicou o diretor de arte João Linneu para liderar os profissionais com essa expetise. Na MPM, o sócio e diretor de criação Aaron Sutton resolveu criar esse cargo há cerca de seis meses e o responsável é Jorge Iervolino, com quem divide a liderança do setor. O papo cabeça na publicidade também chegou ao planejamento. Na JWT, o executivo Ken Fujioka é o head que conduz as ações que garantem subsídios para elaboração de campanhas.

por Paulo Macedo