Histórias de Cannes: Guilherme Jahara
Puxando na memória
O choro de quando soube que fui escolhido Young Creative.
O Hotel Des Etrangers. Apertado, mas lindo para uma primeira vez em Cannes.
As peças de print e outdoor nos infindáveis biombos.
Os brasileiros reunidos para assistir a jogos do Brasil.
O “Pellorran”.
O La Pizza com garçom mal-humorado.
As moules marinières no Pelorran.
As muitas línguas (tenho certeza que é tcheco que tão falando. Será búlgaro?).
As pessoas estranhas.
As mulheres bonitas.
Os topless na praia do Palais.
A festa dos Youngs holandeses.
As Youngs holandesas.
Os biquínis enormes.
A ansiedade. O nervosismo. A tristeza. A alegria.
O Rodolfo Sampaio me acordando no quarto com: “Acorda, moleque, que é Ouro!”.
A entrada lateral especial para premiados.
O Fabio Fernandes ao vivo! O Valdir Bianchi ao vivo! O Robertinho Pereira ao vivo e de terno verde!
O Marcello Serpa, ao vivo e me entregando um Leão!
Os aplausos e certa “embriaguês” da euforia.
O Martinez lotado e a dor de pagar 10 Euros por uma Heineken quente. Ei, nem que fosse gelada…
A Croisette de madrugada.
O piano do Martinez.
O Hotel Vitoria.
O crachá com foto na hora. Mas ruim.
O amigo sem credencial entrando com a sua.
A palestra chata.
O sono da noite mal dormida no cochilo do escurinho do Estérel. Ou do Audi A.
Horas de filmes a fio.
Ou horas de videocases a fio.
Ou fio de baba na poltrona.
O Hotel Le Canberra.
O café da manhã com croissant e queijo camembert.
O café da manhã com salada Niçoise, porque já são 13h30.
Álcool demais.
Aspirina.
Conversa demais.
Engov.
Jantar em Moulin des Mougins.
Jantar enorme no Hotel Juana.
Vinho branco de entrada. Vinho tinto com prato principal. Vinho de sobremesa. Táxi pra voltar.
Contas astronômicas.
O André Gola chegando direto do Brasil, um minuto antes de subirmos ao palco.
O carro alugado (e pouco usado), gastando uma fábula no estacionamento do Palais.
Perdido no estacionamento do Palais. Acho que era no P2. Não sei…
A reunião com os gringos da matriz.
A festa do Terra na casa do Pierre Cardin.
A Festa da Leo no… sei lá onde, foram tantas.
Moules marinières. De novo.
A entrevista que você tem certeza que falou merda. Mas tudo bem.
A entrevista que você tem certeza que falou bem. Mas falou merda.
A polêmica do anúncio. Aquele. Você também lembra. Não… pode ser aquele outro também.
A marra.
Os parabéns verdadeiros.
E os parabéns.
Cerveja quente. De novo.
Café da manhã para comemorar Agência do Ano?
As fotos nas escadarias de saída do Palais.
As festas do Festival. Chatas. Mas de graça. “Ah, é? Tá valendo!”
O Wi-Fi no quarto pra ver e-mail do trabalho. Ou o propmark. Ou um site HOT. Você entendeu, seu safadinho.
Andar quarteirões dando: “Oi. E aí, novidade?”; ou: “Oi. Parabéns, hein!”. Sei lá, mas aqui, na dúvida, você dá parabéns.
Andar quarteirões até o Palais.
Fila para entrar para ver a entrega dos Leões, “putz, fodido”, dos outros.
Fila para entrar naquela palestra. Não lembro da palestra. Com certeza foi um saco.
A gente dizendo que viu a palestra i-n-c-r-í-v-e-l de fulano, numa tentativa de justificar os dois mil euros de inscrição.
Os almoços no Brasserie Le Porto, pra voltar logo pra assistir ao… ao… hummm.
A noite numa festa que alguém armou no apartamento de outro alguém. Era de produtora, certeza.
A quarta ou quinta em Saint Tropez.
O Nikki Beach. As mulheres incríveis do Nikki Beach.
O Club 55. A salada incrível do Club 55.
Os iates de St. Tropez.
Tomando aquele sorvetinho vendo os ricos dentro dos iates. “Aliás, olha só aquele cara jogando baralho só de toalha e charuto.”
Saint Paul de Vence.
Ou Mônaco. Só pra ver quão longe ainda estamos.
Ou Eze. “Podia morar aqui um mês.”
Cap D’Antibes.
Espreguiçadeiras de praia a 15 euros. Mas com direito a toalha, oras.
O check-in em autoatendimento: “Tô torcendo pra ter feito certo”.
A tristeza de ir.
A felicidade em chegar.
E, sempre, o pacotinho de Lindt pra galera da agência.
Bem, na falta de uma história melhor, me vieram só lembranças destes meus 11 Festivais.
Na volta deste ano, prometo trazer mais umas.
Voilà.
*Diretor-executivo de criação da Leo Burnett Tailor Made