House of Colors e Consulado criam animação que ganhou GP for Good

Três filmes produzidos em animação para a Unicef (Fundo para a Infância e Juventude da ONU) fizeram bonito na edição 2016 do Festival Internacional de Criatividade de Cannes. Além do Grand Prix for Good, o filme Malak and the Boat assegurou Leão de ouro no Cyber Lions, prata em Film Craft Lions e dois bronzes, respectivamente em Entertainment Lions e Film Lions. O projeto criado pela agência 180 Los Angeles, com direção executiva de criação dos brasileiros Rafael Rizuto e Eduardo Marques e presença de mais 10 profissionais nativos do Brasil na ficha técnica, contou ainda com a produção da House of Colors, do brazuca Adhemas Batista, designer que está nos Estados Unidos desde 2006 e desde o ano passado com o próprio estúdio, e da Consulado Filmes. André Holzmeister fez a direção da animação de forma independente.

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Projeto para a Unicef descreve o problema da travessia marítima de imigrantes que não aguentam mais viver sem liberdade

O case Unfairy tales teve como propósito contar histórias reais de crianças refugiadas. A 180 confiou a produção a quatro escritórios de design e animação para usarem linguagem lúdica e com final feliz. Por quê? Chamar a atenção para esse problema delicado. Malak and the boat deu início à série: narra a trajetória verídica de uma garotinha de sete anos que foi a única sobrevivente de um barco que se arriscava em uma travessia marítima para levar sírios à liberdade do regime opresssor. 

“Como a campanha era pro bono, a House of Colors teve o desafio de economizar ao máximo os recursos no roteiro. Um exemplo: para não ter de criar mais elementos de cenário para compor a história, optou-se por deixar Malak quase todo o tempo dentro do barco. Outro desafio foi o prazo, porque a agência queria lançar a campanha rapidamente, para entrar no momento mais quente da discussão sobre os refugiados da Síria”, afirmou Batista. “O formato foi de animação em 3D, com uso de computação gráfica. A House of Colors desenhou os personagens do papel e fez modelagens 3D em estúdio, com apoio de plug-ins que permitiram a criação do mar, com seu aspecto que o deixa parecido com um gel”, ele acrescentou.

Batista atuou no Brasil em agências como a AlmapBBDO e na extinta AgênciaClick. Nos EUA atuou como designer e como parceiro da Hello Design. A House of Colors é a sequência desse processo. “Até o fim de 2015, a empresa tinha 40% de suas receitas com projetos no Brasil. No entanto, por conta da crise reforçada em 2016, as receitas de hoje vêm predominantemente do mercado internacional. Vejo o mercado brasileiro em um momento de grande dificuldade e com receio de investir. Mas o case pode ajudar a nos colocar no mapa novamente no Brasil. Em 2015, fizemos projetos como o rebranding da marca Esser, e queremos reestabelecer essas iniciativas”, posiciona Batista.

A presença brasileira em Malak and the boat foi reforçada pela participação da produtora de som Hefty Audio, responsável pela trilha do comercial. “Isso comprova a tradição do Brasil de estar apto a participar de campanhas globais. Temos uma representação em Londres e alguns projetos internacionais, como um para Philips, na Ásia; e um para Converse, na Europa. Isso nos credenciou a sermos convidados pela House of Colors”, afirma Edu Luke, sócio da produtora. A condução do som foi pensada a ir levando as pessoas discretamente do mundo lúdico para a realidade dura”, finalizou Luke.