“I am a cat lover, a non-stop traveler and a passionate TV screenwriter.”
Essa foi a frase do meu CV que me abriu portas nas agências dos Estados Unidos. E é claro que pra mim não fazia sentido nenhum. Até hoje.
Eu sempre tive vontade de morar na Califórnia, mas eu não tinha muita noção de qual era o processo. Então, decidi que o primeiro passo seria falar com pessoas que já trabalhavam fora.
Saí disparando e-mails pra um monte de gente que eu admirava muito, mas não conhecia. Escrevia e-mails lindos, longos, inspirados, e o resultado: silêncio total. Refresh da caixa de e-mail a cada 5 minutos. Ansiedade batendo no limite… E… Nada.
Demoraram meses, mas um dia as respostas vieram e viraram conversas. Numa delas, um amigo comentou que a minha bio estava errada. Eu estava descrevendo meu trabalho e não quem eu era. Hummm… Me pareceu estranho, mas vamos lá, né?
Parece fácil escrever sobre quem você é, mas não é. Depois de dias me matando pedi ajuda pra uma amiga, que em 5 segundos me definiu:
“A cat lover, a non-stop traveler and a passionate TV screenwriter.”
Pronto! Mudei o meu perfil e, de alguma forma, mudei o approach com os recruiters dos Estados Unidos. O que na época ainda não fazia muito sentido, depois de 3 anos ficou bem mais claro.
– Los Angeles é a terra da galera do bem, dos apaixonados por animais, das pessoas que querem um mundo melhor. Portanto, uma “cat-lover” é sempre bem-vinda.
Pra vocês entenderem a dimensão, o Bigode, meu gato, veio até com passagem paga pra cá.
– Aqui todo mundo tem um hobby, um plano B, C, D. Então, mostrar que você tem uma paixão te dá uns pontinhos. Não foi a toa que eu fui contratada pra trabalhar pro Airbnb.
– Até agora pareceu que Los Angeles é só festa, né? Mas calma, trabalhar aqui é muito difícil. Os redatores americanos escrevem super bem e você não! Não é sua primeira língua, então, mostrar que você gosta de escrever até nas horas vagas, prova que você adora o que faz e vai tentar escrever em inglês até seus dedos caírem.
Da mesma forma que me ensinaram a pensar diferente, eu me sinto na obrigação de ensinar quem precisa. Por isso, sempre respondo os e-mails de desconhecidos.
Um dia, ao responder esses e-mails, me dei conta que de cada 50 e-mails que eu recebia de homens, eu recebia 1 de mulher. E isso começou a me instigar.
Na mídia a gente só vê matérias sobre publicitários homens morando fora. Será que a falta de referência faz com que menos mulheres queiram ter essa experiência?
Com isso na cabeça e muita vontade de inspirar outras mulheres a correrem atrás dos seus sonhos, criei o Gatas na Gringa (gatasnagringa.com). Uma plataforma de mentoria exclusiva para publicitárias.
Um projeto que só se tornou possível graças a outras 50 mulheres com histórias incríveis de superação, que trabalham nas melhores empresas do mundo e resolveram doar um pouco do seu tempo pra garantir um futuro melhor para as publicitárias do Brasil.
Eu posso dizer que sou redatora há um bom tempo, já morei em 3 países diferentes, já ganhei 15 leões, fiz campanhas pra muita marca boa, mas, sem dúvida, esse é o maior e melhor projeto da minha vida. Então, se você é publicitária e quer trabalhar fora, fale com a gente. Bora colocar mais Gatas na Gringa!