Ian Breacraft: 'Skills são os novos dados'
Futurista pregou que a mudança provocada pela IA exige mais adaptabilidade nesta era de transição
Em palestra realizada nesta segunda-feira (10), no South by Southwest, em Austin, o futurista Ian Beacraft destacou o paradigma que o mercado atravessa diante das mudanças provocadas pela inteligência artificial generativa. Mas, ao contrário da tradicional discussão sobre a ameaça de que a IA vai acabar com vagas de emprego, Beacraft pregou que vivemos a era em que os skills são os novos dados para os profissionais.
“Nós colaboramos com as máquinas, é uma parceria. O desafio é que não sabemos como navegar nessa tendência. A inteligência artificial não é somente uma tecnologia, uma questão econômica, mas é uma questão social. Essa é a grande mudança. E as pessoas estão pirando muito sobre essa nova realidade. Nós temos de encarar a IA como uma ferramenta para transformação e não só para otimização. É um paradigma, porque o foco deve ser na reinvenção, em vez de automatização, pois a IA está remodelando a sociedade”, ressaltou ele.
O futurista observou que não estamos vivendo numa era estável e ainda estamos descobrindo esse novo território de transição. “É de fato um paradoxo. Os skills são os novos dados. A necessidade de apreender novas coisas é cada vez maior. No século 20, não havia exigência por tantas habilidades. É claro que isso já faz tempo, mas estamos experimentando mais fricção e flutuação em nossas carreiras. E não temos ideia de como lidar com isso, mas estamos em transição para um mundo em que os skills mudam muito rapidamente em termos de valor e são mais importantes do que nunca.”
Segundo ele, uma vez que tudo está colapsando, é preciso pensar em como adicionar mais valor, sendo que a adaptação é o caminho para navegar nesse cenário. Para ele, o que apreendemos na escola não nos preparou para um momento como este. “E é preciso ser resiliente para aprender. As próprias universidades terão de rever seus métodos de ensino para transmitir novos skills aos estudantes”, pontuou.
Beacraft lembrou ainda que as empresas estão gastando muito dinheiro em tecnologia, licenças e infraestrutura, mas muito pouco para o desenvolvimento e aprendizado de como usar a IA.
Em um dos momentos da apresentação, ele propôs uma dinâmica à audiência em que cada um seguia comandos com as mãos da pessoa sentada ao seu lado, e vice-versa. Ao final da atividade, o futurista destacou que em uma era de adaptabilidade como vivemos, a hierarquia não interessa. “Os líderes têm de se transformar em seguidores e seguidores em líderes”. Além disso, a ideia foi mostrar como as pessoas se sentem desconfortáveis com a mudança de padrão. “É importante também prestar atenção ao que o seu cérebro e o corpo estão dizendo, isso vai ajudar a navegar em um cenário de mudanças.”
O futurista alertou que, embora muitas pessoas pensem que é necessário uma grande quantidade de dados para a IA, com small data é possível fazer muitas coisas. “Gastamos 13% do nosso tempo procurando documentos no trabalho e 37% do tempo falando sobre trabalho. A IA pode ajudar a organizar isso, como também compartilhar esses documentos em real time com o seu time perdendo menos tempo”, exemplificou.
Segundo Beacraft, as responsabilidades também estão mudando e hoje o sucesso dentro do ambiente de trabalho depende de uma série de habilidades. Um insight importante é que a era da IA demanda métricas que levam a novas capacidades e adaptabilidade. “A tecnologia pode fazer grandes coisas, muito interessantes, mas é preciso estar aberto para expandir o conhecimento. Podemos construir grandes organizações com a inteligência artificial, mas não é algo para se fazer sozinho”, finalizou Beacraft.