Quando André Chaves assumiu a posição de CEO do iG, chegou com a proposta de modernizar o modelo de atuação da empresa. Segundo o executivo, o portal e seus concorrentes tinham como padrão um formato que não se renovou em mais de uma década, o que acarretou na perda de relevância desse segmento na mídia e no mercado de consumo de conteúdo. Quase seis meses desde que teve início seu projeto de modernização, o iG promoveu uma série de mudanças editoriais – com lançamentos de novos produtos e fechando parcerias estratégicas – para adotar um novo modelo de negócios e se destacar como um portal inovador.
Chaves explica que, para mudar o modelo de negócios, foi preciso alterar também o foco do iG como portal de internet. “O modelo anterior era de um grande portal que abrangia todos os assuntos, um abrigo de grandes sites que não necessariamente agregavam em conteúdo, mas em audiência. Só que quando você passa a ser apenas um grande portal, perde relevância. Hoje dá para encontrar conteúdo na internet do jeito que você quiser”, afirma o executivo, referindo-se ao fato de que o foco dos portais é reunir conteúdo que pode ser encontrado facilmente em outras plataformas, como nas redes sociais.
Entre as iniciativas para fomentar essas mudanças está o estabelecimento de parcerias com provedores de conteúdo. O iG associou-se a empresas e sites já consolidados, como YouPix, Time Out, Guia do Boleiro e vários outros, tendo em vista suas áreas de atuação, para que o portal ganhasse material de informação exclusivo. “Mudamos nosso ponto de vista editorial. Em vez de apostar em fazer o portal crescer, apostamos em alianças estratégicas. Podemos reforçar verticalmente alguns assuntos e fazer com que esses parceiros tornem-se referências. É interessante não só editorialmente, como também do ponto de vista comercial. Dá para fazer projetos mais inteligentes, com um retorno comercial melhor”, avalia Chaves. Soma-se a essa estratégia o investimento da empresa em produtos editoriais, como as novas seções iGay e Deles e o relançamento do canal Último Segundo, além da transformação da TV iG em uma produtora independente e da criação de uma equipe de projetos especiais de brand channels.
A busca por parcerias com players de mercados regionais de mídia também se mostrou um dos caminhos do iG em busca de renovação. Por enquanto, o portal fez alianças com cinco empresas – Tribuna da Bahia (BA), Leia Já (PE), O Dia (RJ), O Diário (PR) e Grupo RAC (interior de SP) – para oferecer conteúdo regional. “Estamos fazendo alianças locais para fornecer conteúdo local. O que queremos é dar uma experiência para cada usuário brasileiro, mas pensando nele, olhando para a realidade dele. Nosso conceito de nacional é uma somatória de regionais. É uma situação de ganha-ganha para os parceiros, pois ao mesmo tempo em que damos a eles eco nacional, também ganham musculatura.”
Tecnologia
Para atingir o objetivo de oferecer a melhor experiência, Chaves indica que o iG aposta em um “casamento entre tecnologia e editorial”, que se apoia principalmente em um trabalho de Big Data, e tracking de navegação, que identifica preferências e comportamentos do usuário para traçar seu perfil, e na tecnologia Realtime, desenvolvida pela BRZtech, holding que detém também o portal.
Essa união se evidencia no novo Último Segundo, explica Chaves. O usuário que acessa o canal recebe uma oferta de links e anúncios adequada ao seu perfil, traçado de acordo com seu histórico de navegação no portal. “É uma personalização mais pura, que vai de acordo com os perfis de quem navega. Além disso, o editor vê em tempo real a repercussão de tudo o que foi publicado, e aí há um trabalho forte de mindset editorial, para que ele vire também curador da notícia, fazendo com que o usuário seja mais participativo”, afirma o executivo, referindo-se a como o realtime agrega no conceito de interação com o usuário.
Para Chaves, o objetivo é ter “pessoas clicando em ofertas dirigidas a elas, consumindo conteúdo que esteja de acordo com o seu perfil e que elas possam participar de tudo isso ao mesmo tempo”. “Nosso grande objetivo é melhorar a experiência, porque isso nos leva de volta ao fato de que os portais precisam voltar a ser relevantes. Acho que isso é um movimento que estamos liderando e que pode ser seguido e acompanhado. Se ninguém fizer, os portais estarão fadados a virar grandes supermercados sem relevância”, completa.
Concorrência
Com o novo posicionamento, o CEO do iG também quer levar uma nova mentalidade ao mercado, mostrando que portais e redes sociais não concorrem entre si, mas atuam como plataformas complementares. “As redes sociais são agregadoras, e nós somos um grande integrador. Não podemos questionar a evolução desse mercado, mas o caminho que estamos tomando é uma forma de usar as redes sociais para melhorar a experiência de consumo de conteúdo. Além de produzir conteúdo de qualidade, proporcionamos discussões abertas a todas as pessoas, diferentemente das redes sociais, onde você fecha seu círculo. Um portal é uma grande praça pública onde você pode interagir. São modelos complementares, que não vão se matar, desde que se renovem”.
Atualmente, o portal conta com 33 milhões de visitantes únicos ao mês. Chaves, porém, indica que o iG não quer ser o maior de seu segmento, mas sim o mais rentável e inovador. Por isso, faz questão de frisar a “velocidade de startup” e o “dinamismo” do iG. “Nossa grande vantagem competitiva é a velocidade de startup que imprimimos na empresa inteira. Com isso, conseguimos criar projetos e colocá-los no ar muito rápido, já os concorrentes demorariam muito mais tempo. Esse é um fator-chave”, finaliza.