Indulto natalino chegou antes
Em um momento no qual mais precisamos das forças positivas da nação, com a economia finalmente soprando o seu vento da virtude e anunciando a possível e necessária recuperação da pátria brasileira, os ministros do colegiado do STF decidem pelo famoso placar dos 6×5, quando a nação inteira aguardava por uma folga maior a favor do bem e da lógica.
E, assim, um sem-número de infratores legais, já condenados nas diversas instâncias da Justiça brasileira, livram-se de responder no cárcere aos crimes que lhes são imputados pelas instâncias inferiores dessa mesma Justiça.
Lamentável a decisão e mais lamentável ainda que coincida com o exato momento de uma recuperação econômica, que poderia provocar (e tomara que ainda possa) a tão necessária recuperação do mercado brasileiro em geral.
Temos para nós que o país perdeu para o STF, que por sua vez perdeu uma grande oportunidade, talvez a maior delas, de recuperar na íntegra a parte da sua credibilidade em débito com a nação brasileira.
O grande e inesquecível Rui Barbosa, nosso Águia de Haia, cunhou seu pensamento inesquecível, que serve para esses momentos de angústia da população: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Cada brasileiro que pense o que quiser desse julgamento do STF da última quinta-feira, dia 7/11/19. Nosso veredito é que foi dado um mau exemplo principalmente aos jovens, mais sonhadores e crédulos no sistema jurídico brasileiro. Boa parte deles, diante desses últimos acontecidos, lapidará em sua capacidade de raciocínio o que à boca pequena muito se fala em nosso país: “Somos todos iguais perante as nossas leis, mas uns mais iguais que os outros”.
Nem é preciso explicar este nosso pessimismo, hoje permeando o pensamento da maioria dos brasileiros de boa formação.
Infelizmente, a pátria brasileira prossegue encontrando caminhos tortuosos, que impedem que a verdadeira Justiça, justa e lógica, sempre triunfe.
Dia chegará em que acabaremos com isso. Ou nós, ou nossos filhos, ou os nossos netos. Tem de chegar uma geração onde o correto deverá acima de tudo ser correto.
Curiosamente, ainda no início da noite da última quinta-feira, os noticiosos televisivos e um pouco mais cedo na web davam-nos conta da melhora dos nossos números na economia, uma melhora ainda pequena, mas já suficiente para levar fé e otimismo a boa parte da população, que clama por dias melhores.
O Brasil tem essa capacidade de recuperação na qual sempre acreditamos e experimentamos. É por esse país que temos de lutar, no qual as promessas oficiais passem a ser realidade e o povo em geral melhore de vida. E sobretudo possa acreditar nos seus governantes, eleitos pelo mesmo povo hoje em grande parte entristecido e revoltado em decorrência do que viu na TV.
A lição que deve ficar é a de que não podemos perder nossas esperanças, na certeza de que os erros, hoje cometidos, servirão de memória para que não mais se repitam.
Não é sonhar demais, como alguns leitores podem estar pensando neste momento, eles que já viram o pior e mesmo o igual acontecer outras vezes.
Mas, se nos calarmos, se não reclamarmos contra esses absurdos, restará a continuação dos mesmos.
Nossa mensagem é a de que não nos conformemos com mais essa decisão até já esperada pelos menos crédulos. Que cada um de nós guarde a sua discordância para uso sempre que a situação exigir, fazendo dela uma espécie de carimbo no nosso caráter.
Aconteceu outras vezes, aconteceu desta vez e outras mais acontecerão.
Mas sempre com a nossa reprovação, que a cada dia mais aumenta.
Chegará o dia em que serão reduzidos a pó aqueles que desonraram não apenas nossas leis, mas a expectativa de todo um povo que passa por grandes necessidades devido à ambição desmedida dos muitos que constantemente estão indo a julgamento, ainda que saiam impunes.
Em boa parte deles, sua própria consciência já os reprovou.
Voltando ao mundo do marketing e da propaganda, maior razão de ser do PROPMARK há mais de 54 anos sem interrupções, bom registrar o sempre famoso movimento de Natal nas cidades, ruas e lojas de todo o país, com os brasileiros aproveitando o aumento das ofertas e uma pequena melhora que já começam a sentir em seus bolsos.
Não há dúvidas de que as últimas medidas anunciadas pelo governo federal contribuíram positivamente, com destaque para o seu Ministério da Economia atacando e melhorando dois ou três vieses que, como tantos, impediam nosso deslanchar. Agora é torcer para que as novas medidas prosperem e venham outras corrigindo o que deixou de sê-lo até aqui.
Chamamos a atenção do leitor para o fato de que o mercado reage muito rapidamente às boas medidas econômicas implantadas, da mesma forma que reage mal quando ocorre o contrário.
Nestes últimos dez dias, sentimos um aumento de esperança nas pessoas e um acreditar mais forte nos destinos do país. Aos poucos, o que nos incomodava começa a dar vez ao que nos ajuda. Sabemos que o caminho a trilhar ainda é longo, mas dado o primeiro passo, que já tem gerado boas notícias, o resto é só esperar, desde que não baixemos nossas guardas em relação ao futuro.
Todos sabemos que o Brasil, apesar dos pesares, não perdeu a sua incrível capacidade de prosperar e se modernizar. Nossa maior força é prosseguir acreditando nessa verdade histórica, que vem desde 1500 e nunca nos abandonou. Em todas as derrotas, o povo logo se levantou e reconstruiu o que havia sido destruído. É esse povo maravilhoso que vai ensinar aos governantes como é que se faz.
Armando Ferrentini é diretor-presidente e publisher do PROPMARK (aferrentini@editorareferencia.com.br)