Indústria de celulose e varejo de papelaria encaram desafios ambientais
Na continuação da série “Reciclagem”, empresas do setor revelam como implementam iniciativas sustentáveis para reduzir impactos negativos
Globalmente, a indústria de papel e celulose e o setor varejista de papelaria são notáveis devido à sua alta demanda por recursos naturais, principalmente a madeira, matéria-prima para a produção de papel e outros produtos, como o lápis.
No Brasil, um dos principais produtores mundiais de celulose, esse setor desempenha um papel fundamental na economia, com mais de 175 mil colaboradores distribuídos em cerca de 4 mil empresas, de acordo com dados do Perfil Setorial da Indústria, uma plataforma lançada pela Confederação Nacional da Indústria. Além disso, aproximadamente 32,5% da produção desse setor é destinada ao mercado internacional.
Na primeira parte da série “Reciclagem”, o propmark destacou o aumento das preocupações ambientais e como a sustentabilidade se tornou um foco importante para empresas e marcas, e o setor de papel e celulose e o comércio varejista de papelaria não ficaram fora deste movimento.
É importante observar que, em comparação com outras indústrias, os impactos ambientais dos setores de papel, celulose e papelaria são consideravelmente menores. No entanto, esses segmentos enfrentam desafios ambientais, como o consumo intensivo de água, energia, madeira e a geração de resíduos químicos no processo de produção.
José Sarkis, professor do curso de administração da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), explica que, ao longo dos anos, grandes corporações nesses setores têm assumido uma maior responsabilidade ambiental. Isso se traduziu em revisões significativas nos processos de produção, com a maioria do papel e celulose produzida no país agora proveniente de madeira de reflorestamento.
Impactos ambientais
Analisando na prática, esse setor pode ter vários impactos ambientais significativos, que vão desde sua fabricação até o final de sua vida útil.
A começar pelo desmatamento com a produção de celulose, que muitas vezes envolve o corte de árvores. Ainda falando do uso de recursos naturais, a fabricação desses produtos requer a utilização de grandes quantidades de água e energia, além do uso de produtos químicos, como alvejantes e tintas.
Ao final de toda essa cadeia, ainda restam os resíduos sólidos. O descarte inadequado desses resíduos pode causar impactos negativos no solo.
Papel das empresas
Suzano, Two Sides, Papirus e Faber-Castell compartilham como implementam as suas práticas sustentáveis em suas operações.
A Suzano, empresa brasileira produtora de papel e celulose, conta que ações de sustentabilidade da empresa começam no plantio, com os manejos sustentáveis em forma de mosaicos que intercalam plantios e áreas de mata nativa, favorecendo a conservação do solo, das águas e da biodiversidade.
A companhia destaca o uso de tecnologia na chamada Floresta 4.0, que alia a indústria com o meio florestal, como por exemplo o Tetrys, software que reúne tecnologia de analytics, big data e inteligência artificial e coloca a árvore certa no lugar ideal, reduzindo o uso de herbicidas, fungicidas e inseticida e o consumo de água, além de diminuir o número de caminhões nas estradas brasileiras.
Já em sua oferta de produtos, a companhia estuda possibilidades de aplicação para a celulose e outros materiais vindos do eucalipto. E esses são apenas alguns exemplos das práticas sustentáveis da Suzano.
Fábio Mortara, presidente da Two Sides Brasil e América Latina, conta que a empresa nasceu com o objetivo de combater o greenwash contra o papel, a comunicação impressa e as embalagens de papel. “A Two Sides promove globalmente a conscientização do uso do papel, mostrando sua origem renovável, sua reciclabilidade e até sua capacidade de ser biodegradável”.