Indústria sem chaminés
No passado, com o crescimento da atividade publicitária entre nós, chegou-se a apelidar a indústria da propaganda como aquela sem chaminés.
O jargão desapareceu com o tempo, a sofisticação da própria atividade não casava mais com a comparação bem abrasileirada e também havia outras indústrias “sem chaminés” que tiveram grande impulso em nosso país, a partir da segunda metade do século passado.
Hoje, não apenas no setor terciário, temos uma crise que já demanda longo tempo e abrange (com algumas exceções, sempre as há) todos os setores de produção, fazendo-nos rezar para que tudo termine logo.
Voltando à indústria publicitária, o estrago tem sido grande e as empresas que pertencem a esse universo, com destaque para as agências de propaganda, têm sofrido como muito provavelmente sequer sofreram durante todo o período do segundo conflito mundial.
Só o fato de as suas sedes estarem fechadas por força da legislação específica, que visa evitar a aglutinação de pessoas em um mesmo espaço, já se transforma em um grande transtorno na criação dos grandes trabalhos publicitários, geralmente frutos de serviços em equipes, que começam com a ideia inicial de alguém do grupo e ultrapassam um limite de excelência criativa, que não apenas renderão muito aos clientes anunciantes, como também serão vencedores nos grandes festivais hoje existentes mundo afora, valorizando o excelente produto final publicitário.
Infelizmente, o momento de pandemia que vivemos – e falamos aqui exclusivamente do nosso país – nos tem impedido de voos mais altos, o que se consegue em propaganda quando as equipes criativas agem de fato juntas, expelindo ideias de aperfeiçoamento para um trabalho cujo final está próximo, mas sempre pode ser melhorado para funcionar com maior força seu potencial de vendas para os clientes-anunciantes, que já imaginam o sucesso deparando com a força criativa do trabalho apresentado pela sua agência.
Temos para nós que a separação das equipes de criação, que passaram a trabalhar em casa, cada um na sua, com o uso de modernos computadores para juntar rapidamente as peças (ideias) da campanha a ser apresentada ao cliente, não é o mesmo que o trabalho fisicamente em conjunto dos criativos, cuja união e proximidade proporcionam rapidamente a transformação ou complementação de grandes ideais surgidas no grupo.
Por esse motivo, acreditamos nós, não temos visto nestes últimos meses de pandemia mais forte entre nós, com o Brasil colocado entre os primeiros do mundo em vítimas do vírus, muitas grandes campanhas ou mesmo peças isoladas dignas de aplausos gerais.
Para não perdermos esse valioso patrimônio conquistado a duras penas entre nós (basta comparar com campanhas e mesmo peças isoladas de um passado recente), temos de torcer não apenas para a medicina, na hipótese já aceita pela maioria dos formadores da opinião pública, mas também à proteção divina, que a grande maioria dos brasileiros acredita, para que cessem logo os efeitos desse vírus maldito, cujas vítimas têm lotado hospitais e cemitérios por todo o país.
Sem dúvida, a grande solução é a vacina, mas desgraçadamente não a temos para todos os brasileiros que podem e devem a ela se submeter e isso aumenta o quadro de vítimas que toda noite a TV Globo nos apresenta com tristeza, na sua missão de bem informar o público.
Até quando, meu Deus?
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Era de se esperar: o consumo de games se fortalece na pandemia e atrai ações de marcas. Matéria a respeito nesta edição do PROPMARK, apresentando, entre outras informações, números da mais recente da Pesquisa Game Brasil 2021, feita entre Sioux Group, Go Gamers, Blend New Research e ESPM, revelando que 72% dos brasileiros jogam algum tipo de game. Em 2019, eram 66,3%. E, desse universo atual, 75,8% afirmaram que, por conta do isolamento social, passaram a jogar mais.
No entanto, como mostra a reportagem do jornalista Vinícius Novaes, mais do que os próprios números, essa pesquisa não deixa dúvidas: o mercado de games é um terreno fértil. Tanto que algumas das principais marcas do mundo têm apostado no segmento.
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Acreditamos ser de grande valor nossa matéria de capa desta edição, repercutindo o movimento do mercado contra o Projeto de Lei 504/2020, de autoria da deputada estadual Marta Costa (PSD), que visa proibir a publicidade que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual, relacionados a crianças no estado de São Paulo, através de qualquer veículo de comunicação e mídia. A votação do PL foi adiada duas vezes na última semana na Assembleia Legislativa paulista, devendo entrar na pauta esta semana. A repercussão no mercado publicitário foi enorme. As agências reagiram com posts nas redes sociais, com a #PropagandaPelaDiversidade. Diversas marcas apoiaram o movimento.
A Abap se manifestou, afirmando que o projeto é inconstitucional, uma vez que a Constituição Federal “estabelece a exclusividade da União em legislar sobre publicidade comercial, como veda qualquer afronta à inviolabilidade do direito à liberdade, à igualdade e à censura de natureza ideológica e social”. ABA e Fenapro também se posicionaram contrárias ao PL.
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Salto gigantesco acaba de ser dado pela ESPM no Rio de Janeiro, adquirindo a Villa Aymoré, conjunto arquitetônico instalado no bairro carioca da Glória, considerado um marco da história do Rio de Janeiro.
O conjunto, cujos prédios da fachada foram construídos no início do século passado e passaram recentemente por restauro, abrigará os cursos de graduação e pós-graduação da ESPM na cidade.
A aprovação da aquisição da Villa Aymoré, que começou como ideia da diretoria da ESPM, presidida por Dalton Pastore, obteve o consentimento de todos os poderes estatutários da mais importante escola de propaganda e marketing do nosso país.