Sabe aquele desejo que (quase) todo publicitário tem de largar tudo e viver da sua arte?

Eu fiz isso em 2017.

Após ser demitido da agência em que trabalhava, decidi que passaria um tempo afastado da publicidade tradicional, que já não me inspirava, nem me satisfazia.

Passei a me dedicar ao meu projeto autoral que celebra a diversidade, o Baile Profano.

Além de realizar eventos em casas noturnas, na época eu circulava por aí com uma caixa de som e um notebook, levando música para espaços públicos do Centro de São Paulo, como o Minhocão, a Praça Roosevelt e a Avenida Paulista.

Acho que muita gente achou que eu estava enlouquecendo.

Inclusive eu.

A verdade é que eu havia encontrado inspiração na música.

Movido por essa paixão, descobri novos talentos e explorei outras possibilidades criativas, como assinar curadoria artística, editoriais de moda e trilha sonora de desfiles.

Mas, principalmente, conheci outras vivências completamente diferentes da minha.

Artistas da noite.

Drags, trans, travestis.

A partir desses encontros, me modifiquei completamente.

Meu olhar sobre a vida se tornou muito mais plural e fui inspirado por essas pessoas a defender a liberdade de ser quem se é.

De lá para cá, atuo como um conector de mundos.

Tento apresentar essas realidades ainda desconhecidas por tanta gente, através dos trabalhos em que me envolvo nas áreas de eventos, moda e publicidade.

Muita coisa mudou a partir daí.

Já não saio pelas ruas com uma caixa de som.

O Baile Profano foi alçado a eventos de marcas de luxo.

Fiz as pazes com a publicidade e criei a Agência Profana, uma agência de talentos LGBTQIA+.

Também descobri que a verdadeira fonte de inspiração não é a música, a escrita ou qualquer outra forma de expressão artística.

A verdadeira fonte de inspiração são as pessoas!

Andi Pereira é CEO da Agência Profana