Vitor Knijnik*
Especial para o PROPMARK

No mundo inteiro uma curva já foi achatada: a do número de vídeos postados no YouTube, Instagram, Facebook e Twitter relacionados ao termo novo coronavírus.

Apuramos aqui na Snack que o pico dos uploads foi no dia 19 de março, com 74.408 vídeos publicados em todas as plataformas. E chegou a sua maior baixa em 12 de abril, com apenas 28.484 vídeos subidos.
Já o cume das vizualizações se deu dias depois, 22/03, com o impressionante número de 2,7 bilhões de views.

Ou seja, uma parte importante da população mundial foi às redes se informar por vídeos.

O menor número se deu em 16 de abril, com 1,1 bilhão de views.
O que pode significar que as pessoas estão indo às plataformas nesses últimos dias justamente pra não pensar no vírus.

Uma outra comparação interessante é a de número de vídeos publicados com o termo coronavírus X termo quarentena, nos últimos 30 dias no Brasil.

Quarentena está ganhando de goleada, de 91 mil X 36 mil.

O que fazer no isolamento parece ser mais apelativo do que saber sobre o que está nos fazendo ficar em casa.

O termo coronavírus arrefeceu, mas o número de vídeos publicados nas redes foi no sentido contrário.

A quarentena aumentou em 25% o número de uploads no Brasil. E esse aumento se deu principalmente no Instagram.

Para se ter uma ideia, na semana que antecedeu ao confinamento (9 a 15 março), 14.601 vídeos foram publicados no Instagram Brasil.

Nas duas semanas seguintes, a média subiu para a casa dos 18 mil.
Curioso também é confrontar os números de uploads pré e pós semanas de quarentena com os números de views e engajamentos (comentários, curtidas e compartilhamentos).

Os views cresceram 20%, saltaram de 20 bilhões semanais para 24 bilhões. Já com os engajamentos, o pulo foi ainda maior, no geral foi de 31% (de 932 milhões para 1,2 bilhão).

O Instagram também liderou nesse quesito. A rede cresceu 50% em engajamento nos vídeos, depois do início do período de quarentena.
É bom lembrar que, até pouco tempo atrás, Instagram era sinônimo de fotos.

O social vídeo mostra assim como está virando protagonista em todas as redes sociais.

Isso tudo leva a uma importante pergunta: por que motivo o engajamento cresceu mais do que o número de uploads e views depois da quarentena?
O social vídeo não precisa de confinamento para ser ainda mais consumido. É sempre bom lembrar que quase todas as visualizações se dão no celular.

Portanto, elevadores, ônibus, calçadas, filas de banco, escadas rolante e banheiros servem de sala para visualizar no celular, a qualquer momento, um vídeo do seu canal ou perfil preferido.

A quarentena alterou, sim, o nível do engajamento. Ao que parece, ficar em casa fez com que as pessoas se dedicassem mais ao que estavam assistindo.

Não tiveram necessariamente mais tempo para comentar, participar e sinalizar que gostaram ou odiaram o que viram.

Tiveram, sim, uma atenção que não é possível com o ônibus passando, a conversa com quem está ao lado, a pergunta se “quer que siga o GPS ou indicar o caminho?”.

Engajamento é um pouco como a leitura: exige introspecção.

* CEO da Snack, área de social content do B&Partners.