Instituto Cultural ESPM resgata crônicas de Orígenes Lessa

Criado há 10 anos, o Instituto Cultural ESPM está com três lançamentos. O primeiro deles é o livro “A propaganda e o sonho – Orígenes Lessa e o universo publicitário”, organizado por João Anzanello Carrascoza e Pedro Yves. Dentro do conceito de fazer uma releitura do passado de fatos históricos para a comunicação, com um viés de atualidade, a ESPM resgatou 25 crônicas escritas por Lessa (que foi membro da Academia Brasileira de Letras) a respeito do universo da propaganda e que foram publicadas na Revista PN (Publicidade & Negócios), entre 1957 e 1960. Entre os temas há: “Campanha do desarmamento infantil”, “A luta pelo cartaz” e “Propaganda do crime”. “O resgate dessas crônicas tem muito do atual, é muito up-to-date. Os artigos são só sobre publicidade. Era um material que estava pouco valorizado. São textos de quase 60 anos que trouxemos para uma releitura. E a gente vê que determinado problema já existia lá atrás”, exemplificou Geraldo Alonso Filho, diretor do Instituto Cultural ESPM.

Outra raridade que o instituto também trouxe à tona é o reprint da revista Propaganda de março de 1973. Naquele ano, a publicação reproduziu (com tradução para o português) cinco artigos publicados por Ramona Bechtos, então editora internacional do Advertising Age, que veio ao Brasil para fazer uma reportagem sobre o que acontecia aqui no setor de propaganda e marketing daquela época. Seus artigos foram alguns dos primeiros no mercado internacional a descrever a publicidade brasileira. Ramona foi a convidada especial da ESPM para a 25ª Semana Internacional da Criação Publicitária, ocasião em que a revista foi distribuída aos participantes.

Alonso, que assumiu a direção do instituto em janeiro deste ano, diz que irá reforçar a missão da ESPM de resgatar a história da publicidade, do marketing e do design. “Nossa ideia é de uma busca constante e permanente de elementos passados que possam trazer uma nova visão, um novo insight para a complementaridade do estudo dos nossos alunos e dos profissionais em geral”, disse. Assim como a coletânea de crônicas de Lessa, o livro “Tempo de gangorra”, escrito por Saïd Farhat, é outra publicação que está sendo lançada com patrocínio total da ESPM. No livro, Farhat conta sobre sua visão do processo político-militar brasileiro, entre os anos de 1978 e 1980. “Saïd foi o único civil a ocupar o Ministério da Comunicação no período militar”, contou Alonso.

O diretor do Instituto Cultural ESPM declara que novas ideias e projetos são bem-vindos na casa, mas avisa que os projetos co-patrocinados são priorizados e diz que está repensando na distribuição gratuita para outras faculdades. “Com raras exceções, colocamos livros em livraria comercial. É uma produção para as nossas bibliotecas e o mercado de comunicação. O instituto é um instrumento de diferenciação para a ESPM”, concluiu Alonso.