Inteligência Artificial (IA): Uma realidade ou utopia?
Férias chegando, você abre uma janela de chat no Facebook e conta para a sua assistente virtual que desejaria viajar sozinho nesse verão. A preferência é por um local novo e não muito badalado. Ela instantaneamente vasculha seus check-ins, posts, histórico de viagens e identifica uma praia que está em ascensão no índice de reviews no TripAdvisor que você ainda não conhece. Já conecta na sua conta bancária para verificar o seu saldo, projeção de despesas e identifica seus costumes. Quais locais costuma se hospedar, transporte que utiliza, passeios, alimentação e retorna com a confirmação do voo que você vai pegar, roteiro, reservas de hotel e possíveis atrações de seu interesse.
Sonho? Pesadelo? Ficção Científica? O fato é que este cenário descrito já acontece na atualidade e está sendo testado em pequenos grupos de usuários.
Bem-vindos a nova geração de Buzzwords e conceitos mitológicos da era digital: Inteligência Artificial, muito fala-se dos avanços nesta área e dos possíveis impactos que a implantação desta tecnologia pode ter em nosso dia a dia. Resolvi separar duas grandes aplicações de ciências cognitivas que têm impacto direto no nosso querido mundo do marketing digital.
Os famigerados ChatBots com o perdão da piada, chegaram para ficar, algumas empresas como Banco Original, TacoBell e outros cases famosos já estão trocando grande parte do esforço operacional e relacional por tecnologias de conversação natural como atendimento assistido ou compra, degustação de catálogo, entre outros. Em outras palavras estão substituindo o famoso atendimento genérico por uma capacidade incrível de personalização que visa solidificar a experiência de relacionamento com os serviços prestados.
Esta vertente de computação cognitiva é muito mais passiva do que a que descrevemos no nosso cenário pseudo-utópico, porém diversas ações no mercado visam iniciativas e decisórios por parte da Inteligência Artificial (IA). Vão desde iniciativas de inovação em saúde para controle de medicamentos até iniciativas dentro do mercado automobilístico. Quero chamar a atenção neste momento para o universo digital/publicidade: Vamos partir de inteligências artificiais muito mais orgânicas, como por exemplo, a Amy (assistente pessoal digital que auxilia na criação de reuniões) e o protótipo da M do Facebook que visa realizar exatamente as atribuições que falamos no exemplo anterior e desencadeando na Alexa, AI que realiza compras dentro da Amazon dependendo da sua necessidade.
Quando pensamos em uma IA focada em resolver problemas cotidianos, não podemos deixar de mencionar a pioneira em transformar intenções em resultados precisos, Google. Lembram quando fazíamos site e conteúdos somente para as pessoas e não para “robôs? Pois é, estamos atingindo o mesmo ápice. Retornando ao nosso cenário anterior, vamos imaginar quais parâmetros o nosso suposto assistente pessoal utilizaria para escolher a companhia aérea que devo voar, qual o hotel devo fazer a reserva ou, simplesmente qual restaurante deveria jantar.
Abstraindo e trazendo para um cenário de vida atual vamos imaginar que, por exemplo, quando falamos de hotel, o nosso algoritmo passe a buscar referências e citações de possíveis clientes, notas em sites de reviews de estabelecimentos, experiências no AirBNB e depois passe a vasculhar índices de transações. Depois de todo o processo chegue a uma conclusão de que além desse hotel atender aos meus anseios como hóspede também tem referências suficiente para ser indicado para qualquer pessoa. Até aí, tudo bem você vai me falar, qualquer decisão de consumo que temos hoje é muito multidimensional, exatamente igual, certo? #sqn
Imaginem todo o temeroso potencial de comparativo e decisivo comunitário ao infinito, hoje uma pessoa tem algumas fontes confiáveis (AirBNB, Booking, vizinho, etc) para tomar a possível decisão de compra. Sendo assim, se você como dono de hotel foi xingado em um fórum específico de pessoas que amam cães dificilmente esse possível cliente seria impactado por isso certo? Com o algoritmo esse deslize fatalmente não seria esquecido.
Em resumo vamos entrar na era do cliente e não era da informação. Na era que vale como tratar cada cliente com uma experiência única e personalizada, caso contrário, você não terá mais clientes. Quando todo nosso decisório de compra estará delegado ao “algoritmo”. Este será um novo momento. Dessa forma, teremos a revolução real na proposta de compra e relacionamento com o cliente.
E se o mercado que pode ser impactado por reviews negativos está em um cenário tenebroso imagine os mercados onde não temos reviews, como por exemplo, produtores de papel higiênico ou outro produto que as pessoas não querem opinar publicamente. Como esses nichos farão? Bom, só saberemos no momento em que a M e os assistentes digitais chegarem até lá e trate cada cliente como único, especial e importante.
Ricardo Martins é Diretor de Inovação na ABlab ( Startup de ideias e digital)