Inteligência Artificial: parceira ou inimiga?
A decisão do grupo Publicis de criar uma plataforma movida a Inteligência Artificial para conectar e auxiliar o trabalho dos seus 80 mil funcionários ao redor do mundo é apenas um dos exemplos de transformações permitidas por essa tecnologia. A inteligência cognitiva ainda vai transformar muito processos criativos e em um dos debates sobre o tema no Cannes Lions, Alex Jenkins, editor da revista Contagious, mostrou alguns exemplos surpreendentes disso.
Um deles é Script Book , um sistema de inteligência cognitiva capaz de prever se um filme será bem-sucedido como produto no mercado melhor do que a intuição de seres humanos experimentados na área. A capacidade de enxergar padrões parece ser a resposta para um sistema que criou uma avaliação de empatia, rastreando “sentimentos” nos roteiros que costumam levar a produtos de sucesso. Seja como for, o negócio é comprovadamente eficiente.
Outro exemplo de como a IA pode ser uma ferramenta criativa foi a estratégia de lançamento da série Young Pope, da HBO, realizada com o auxílio luxuoso do Watson, da IBM. A estratégia “Aimen”, criada pela BETC, consistiu no seguinte: interagir (mais precisamente “trolar”) com pessoas no Twitter em grande escala. A partir de um classificador de expressões, o sistema de inteligência artificial por trás da “persona digital” do jovem papa da série da HBO decorou parábolas e versos da Bíblia, e passou a enviá-las como resposta a tweets de pessoas que confessassem “pecados” no Twitter. Os pecadores passaram a receber puxadas de orelha bem-humorados do Young Pope, por exemplo, por usarem linguagem chula ou confessar terem comido ou bebido em excesso.
A estratégia foi um sucesso.
https://www.youtube.com/embed/yRiVo4liB-0
“A vantagem dos chatbots é a escala que eles permitem. Mas o fato é que 90% das ações são ruins, de marcas tratando do assunto como um experimento”, comentou Jenkins.
Outro exemplo parecem concorrer com criativos, como o LogoJoy , que por US$ 65 cria uma logomarca para empresas em cerca de cinco minutos. Ou ainda o Lyrebird, que pode reproduzir qualquer voz, a partir da gravação de apenas 60 segundos. E ainda o Juke Desk, que usa a IA para criar música. E ainda uma empresa chamada Persado que, quem diria, cria estratégias de marketing com Inteligência Artificial. E garante ser mais eficiente do que seres humanos. Autodesk é um novo jeito de fazer design, a partir de ferramentas capazes sim, de transcender a imaginação humana.
“Muitas pessoas se perguntam se computadores são capazes de ser criativos. Alguns desses exemplos mostram que sim, pois a tecnologia compensa uma eventual ‘intuição’ ou ‘empatia’. O que precisamos fazer é usar mais e melhor as ferramentas de que dispomos, pois quando bem utilizadas elas se tornam aliadas e não inimigas”, concluiu Jenkins.