Jornais pagos na internet crescem mais

Os leitores de jornais estão mudando o modo como consomem informação com velocidade espantosa. Novas plataformas, novos devices, novos formatos e novas linguagens aparecem a todo momento, e os jornais buscam acompanhar as mudanças. A circulação dos impressos tem caído na mesma tendência dos últimos anos. Enquanto isso, os digitais, com circulação paga, têm crescido mais do que a queda das edições impressas. A informação é de Pedro Martins Silva, presidente-executivo do IVC (Instituto Verificador de Circulação).

Com as multitelas, o meio jornal expande sua área de atuação para acompanhar esses novos hábitos e preferências dos leitores. Antes, a interação com os leitores se concentrava em um impacto por dia, normalmente pela manhã. Hoje, a interação se estende ao longo do dia, na web, no mobile, no tablet, nas redes sociais. “As possibilidades se expandiram e aumentam o engajamento e a quantidade de novos leitores”, comenta Christiano Nygaard, diretor do mercado leitor d’O Estado de S. Paulo.

“É um crescimento bastante forte do digital. O impresso deve continuar caindo, mas não vai desaparecer, especialmente para quem está acostumado a ler no papel. Os hábitos não mudam tão rapidamente”, acrescenta Pedro Martins Silva, que diz acreditar que a versão online apresenta uma série de vantagens em relação ao impresso, tais como agilidade na informação e custo mais baixo. “Evita custos de gráfica, impressão, papel e distribuição. A queda de custo se reflete no preço do produto, o que ocasiona um incentivo à leitura”, diz o presidente do IVC.

Segundo Nygaard, com os novos hábitos, os leitores passam por diversos meios ao longo do dia e isso permitiu aos jornais aumentar muito a sua relevância. “O jornal, impresso, web, digital, continua sendo muito procurado e a veiculação da publicidade associada ao meio continua sendo eficaz na construção de marca associada à credibilidade”, opina.

Soma

O presidente do IVC acredita que as pessoas estão interessadas em notícias e informação de um modo geral. “Ainda não fechamos os números, mas a nossa expectativa é de que o segmento cresça, considerando a soma de jornal impresso e digital. Vai mais do que compensar a queda da edição”, projeta Silva.

O Estadão, para acompanhar os novos hábitos dos consumidores, está alinhado às novas tecnologias. “Procuramos nos antecipar às tendências de leitura com soluções para mobile, web e diversas versões para tablet, conteúdos exclusivos em aplicativos”, conta Nygaard. Uma das novidades do veículo é a implementação de soluções de analytics que estão ajudando os anunciantes a exibir sua publicidade ao público segmentado, aumentando o retorno das campanhas.

“Estamos em constante aprendizado para entregar aos nossos leitores um produto cada vez mais personalizado, acompanhando seus hábitos de navegação conseguimos estimular maior tempo de navegação e engajamento sem deixarmos de ser o Estadão que ele espera”, comenta Nygaard. Além disso, o jornal também redesenhou o portal e está preparando uma nova versão para mobile. Outra importante inovação aconteceu na implementação do Paywall.

O Estadão cresceu 1,1% na circulação total de janeiro a setembro de 2014, se comparada ao mesmo período de 2013. Atualmente, o veículo tem uma circulação total de 237.969 exemplares (IVC de setembro). O crescimento da circulação digital foi muito expressivo, 44,5% de janeiro a setembro comparado ao mesmo período de 2013, com circulação digital atual de 64.062 exemplares, segundo dados do IVC também de setembro deste ano. De acordo com o comScore, a audiência online do Estadão é de 9.300 mil usuários únicos e 91.006 mil pageviews, representando um crescimento de 17,8% em usuários únicos e 53,5% de pageviews comparados a setembro de 2013.

Relevante

Felipe Goron, diretor-executivo de mercado do O Globo, afirma que o meio jornal continua relevante – impresso e digital. “Segue sendo o meio de maior credibilidade, aquele que alimenta as redes, forma opinião e gera decisão de compra. Nosso negócio é fornecer conteúdo de credibilidade, na plataforma que os consumidores desejarem. E o jornal digital é a alternativa para quem quer substituir o impresso. Temos agora um universo muito maior de leitores em web, mobile e tablet”, comenta.

As novas tecnologias trazem revitalização para o meio. Enquanto o veículo pode ser mais analítico e profundo no papel, pode ser criativo e surpreendente no digital, tanto no editorial quanto na publicidade. “Por tudo isso, acreditamos na relevância do meio jornal em suas diferentes plataformas agora e no futuro”, diz Goron.

O executivo acredita que 2014 não trouxe o resultado esperado para o meio por motivos diversos. “A retração da indústria automobilística e a grande quantidade de feriados motivados pela Copa do Mundo foram os fatores que mais impactaram o resultado deste ano. Por isso devemos cair um pouco no faturamento quando comparado ao ano passado. Para 2015, a expectativa é de crescimento, com a recuperação da economia e o crescimento acelerado do digital e da área de projetos especiais”, afirma Goron.

Eduardo Smith, vice-presidente de jornais, rádios e digital do Grupo RBS, concorda que os jornais continuam sendo marcas com alta credibilidade. “Pesquisas mostram que as pessoas acreditam nos jornais e buscam este meio quando querem se aprofundar em algum assunto ou quando procuram opiniões de qualidade”, diz.

Levantamentos recentes da ANJ revelam que os anúncios nos jornais carregam, por tabela, a credibilidade do meio. “Não temos dúvidas de que a credibilidade dos jornais e sua capacidade de produzir conteúdo de qualidade se mantêm firmes e fortes e devem permanecer assim por muito tempo. O que muda é que o jornal pode ser distribuído no papel, na web, no mobile, em qualquer plataforma, acompanhando o leitor da manhã à noite, no trânsito, no sofá, no trabalho, em qualquer tela, onde ele estiver”, explica.

No Brasil, 73 milhões de pessoas leem jornais impressos e 50 milhões acessam notícias pela internet.